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Estado de Minas

Ap�s quatro anos, cicatrizes das manifesta��es contra a Copa em BH ainda deixam legado

Disputa de 2013, que hoje se repete na R�ssia, deixou em BH mem�ria de destrui��o e quebradeira, especialmente entre empresas da Avenida Ant�nio Carlos, perto do Mineir�o


postado em 01/07/2017 06:00 / atualizado em 01/07/2017 07:59

Faixas de aluga-se e portas fechadas tomaram o lugar de vários negócios em uma das avenidas mais movimentadas da cidade(foto: Jair Amaral/EM/D.A.Press)
Faixas de aluga-se e portas fechadas tomaram o lugar de v�rios neg�cios em uma das avenidas mais movimentadas da cidade (foto: Jair Amaral/EM/D.A.Press)

As palavras “Adeus Copa”, riscadas h� quatro anos no port�o enferrujado de uma antiga estamparia, s�o um dos poucos vest�gios que restaram do movimento de depreda��es e protesto que transformou a Avenida Presidente Ant�nio Carlos, na Pampulha, em um campo de batalha entre manifestantes e for�as de seguran�a p�blica durante a Copa das Confedera��es de 2013, em Belo Horizonte. Na R�ssia, a edi��o atual da mesma competi��o transcorre sem qualquer protesto, mas na capital mineira, especialmente naquela �rea, os dizeres podem ser interpretados hoje como uma despedida de v�rios neg�cios que funcionavam em um dos mais movimentados corredores de tr�fego da cidade, j� que os confrontos e ataques ao com�rcio mudaram definitivamente a regi�o.


Concession�rias de ve�culos atacadas e saqueadas deixaram os im�veis que ocupavam, dois comerciantes que foram alvos de vandalismo quebraram e se mudaram, desocupando as lojas, e o posto de combust�veis  que quase foi pelos ares quando suas bombas foram danificadas acabou tendo de mudar de dono, pois o da �poca n�o aguentou os custos dos protestos e o preju�zo que veio depois, com a sa�da de outros comerciantes que eram clientes do neg�cio. Entre os alvos aparentemente difusos dos protestos estavam a realiza��o da Copa do Mundo no Brasil, o aumento das passagens de �nibus em BH, a insatisfa��o com a classe pol�tica, com a corrup��o e com a crise econ�mica.


Uma das cenas mais marcantes da �poca ocorreu quando a empres�ria Ana Paula Rabelo Freitas, de 47 anos, implorou para que os v�ndalos que tinham invadido e estavam saqueando a estamparia da fam�lia fossem embora. Passadas as manifesta��es, ela preferiu deixar o im�vel e nenhum dos vizinhos sabe do seu paradeiro. “Logo depois que a Copa das Confedera��es acabou, ela foi embora. Foi uma a��o muito violenta, com ela e a fam�lia correndo risco de vida. Nem todo mundo lida bem com isso”, conta o arquivista M�rcio Teixeira, de 57 anos, que trabalha em  empresa vizinha � antiga estamparia.


As marcas do vandalismo ainda est�o por l�, na picha��o que foi riscada no port�o de ferro e nas janelas estilha�adas do segundo andar do im�vel. Na �poca, Ana Paula contou ao Estado de Minas como convenceu os saqueadores a ir embora. “J� cheguei chorando, segurando os ladr�es pelos ombros e implorando para que n�o roubassem nem destru�ssem nada. Aquele � o nosso ganha-p�o. Alguns se sensibilizaram, foram embora, outros fugiram levando monitores de computador e suprimentos do escrit�rio. Foi ent�o que meu filho chegou gritando, dizendo que a pol�cia estava chegando. Isso fez com que o resto se fosse. J� passei por tudo. Acho justas as manifesta��es, mas roubos e vandalismo n�o v�o mudar o pa�s”, disse.


Um pouco adiante, a concession�ria da montadora coreana Kia tamb�m fechou as portas, deixando apenas um galp�o vazio, com uma placa de aluga-se. Respons�veis pelo neg�cio informaram na �poca que tiveram
R$ 1 milh�o em preju�zo. Em 26 de junho de 2013, enquanto Brasil e Uruguai se enfrentavam pela Copa das Confedera��es, as vidra�as da empresa eram estilha�adas, seus computadores, roubados e um caminh�o, arrancado da garagem, depredado e incendiado. Outras tr�s concession�rias atacadas tamb�m acabaram deixando a avenida, mesmo com o fim do evento esportivo. De acordo com o sindicato do setor, o preju�zo total foi da ordem de R$ 16 milh�es em todas as lojas.

RESIST�NCIA A �nica concession�ria que resistiu, mesmo depois de ter sido praticamente destru�da, foi a Hyundai Caoa. Por ficar perto do acesso ao Mineir�o, a empresa foi praticamente demolida a pedradas, chutes e pauladas. O preparador e entregador de carros zero quil�metro Amilton Ferreira, de 43, � um dos que trabalhavam l� na �poca. “Estava no jogo do Brasil. Quando desci a avenida e vi que a loja tinha sido destru�da, senti uma tristeza enorme. Depois, imaginei que seria demitido, porque n�o tinha mais onde trabalhar”, lembra. Contudo, os funcion�rios da concession�ria foram transferidos para outra unidade e um ano depois retornaram aos seus postos. “Acho que foi uma viol�ncia sem sentido, vandalismo mesmo. Passou tudo aquilo e o Brasil n�o mudou nada”, afirma.


Quem tamb�m viveu momentos de tens�o foi a gerente do posto de gasolina entre a Avenida Ant�nio Carlos e a Rua Noraldino de Lima, Maria dos Anjos. “Na primeira manifesta��o n�s nos trancamos na loja de conveni�ncia. A multid�o queria invadir a loja para se proteger do g�s lacrimog�neo. Depois vieram os v�ndalos e a pol�cia fez uma barreira para impedir que quebrassem os vidros e entrassem. Foi muito p�nico. Nem sab�amos o que fazer, como reagir. Ficamos parados aqui dentro, enquanto quebravam o posto do lado de fora”, lembra.


Na manifesta��o seguinte, o posto foi cercado por tapumes, mas nem isso conseguiu deter os v�ndalos. Tudo foi danificado e at� fogo tentaram atear �s bombas de combust�vel, o que foi impedido pelos pr�prios manifestantes. “Depois daquilo, muito clientes, comerciantes e funcion�rios pararam de consumir no nosso posto, porque foram embora daqui. Isso ajudou a dar mais preju�zo e for�ou o dono a vender”, conta a gerente.


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