Mudan�a de camel�s para shoppings populares de BH come�a na ter�a

Camel�s de Belo Horizonte ter�o novo endere�o a partir de ter�a-feira, quando os primeiros 250 come�am a trabalhar fora das ruas. Ontem, foram sorteadas vagas em dois shoppings populares, da rede Uai, no Centro e em Venda Nova. Enquanto quem era contemplado comemorava, do lado de fora do pr�dio da Belotur, onde ocorreu a sele��o, alguns ambulantes protestavam contra a ida para os centros comerciais, onde obras est�o a todo vapor para receber os novos comerciantes. Pelo quarto dia consecutivo houve confus�o no Hipercentro, e a Pra�a Sete foi fechada mais uma vez.

Apenas um grupo, dono de dois shoppings, se interessou pela proposta da Prefeitura de BH de acolher temporariamente os camel�s, que ficar�o por quatro meses trabalhando em bancas, ao custo de R$ 1 por dia, at� a aprova��o de projeto de lei enviado pelo Executivo � C�mara Municipal para ordenar a atua��o dos ambulantes em car�ter definitivo. Estavam dispon�veis 1.547 vagas para 1.134 ambulantes cadastrados pela PBH. Do total, 871 foram sorteados para o shopping Uai O ponto, na Avenida Padre Pedro Pinto, em Venda Nova, e as outras 676 para o Uai Centro, ao lado da rodovi�ria.

De acordo com a secret�ria Municipal de Pol�ticas Urbanas, Maria Caldas, sexta-feira que vem � o prazo final para que todos estejam nos shoppings. Depois de credenciados, os contemplados t�m at� cinco dias para oficializar interesse na vaga. Ainda segundo ela, mais 900 pessoas apareceram nos �ltimos dias dizendo-se ambulantes e interessadas no programa.

Dessas, 700 afirmaram atuar no Hipercentro. “� improv�vel que algum camel� tenha ficado fora do cadastro, pois as equipes estiveram durante 30 dias nas ruas, oito horas por dia. Em algum momento eles seriam vistos. Alguns afirmam que n�o foram abordados ou que fugiram, com medo”, conta a secret�ria. Cada caso ser� verificado junto ao Minist�rio P�blico e, se comprovada a atua��o como camel�, poder� ser feito outro sorteio com vagas remanescentes.

O promotor de Defesa dos Direitos Humanos M�rio Higuchi J�nior acompanhou o sorteio e comentou a situa��o dos camel�s que se recusam a deixar as ruas. “� uma situa��o complexa e de fundo social. A prefeitura quer cumprir o C�digo de Posturas e est� sendo cobrada pela Promotoria de Urbanismo. � nosso dever resguardar a legalidade disso e a integridade dos trabalhadores, mas sempre haver� insatisfeitos”, disse.

O camel� Wanderson da Silva, de 29 anos, trabalha h� 14 na rua. Ele diz vender “mercadorias de �poca”, de acordo com a esta��o, a chuva, o calor ou frio. Emocionado, ele agradecia a vaga no Uai do Centro. “Ficar na rua � op��o para quem n�o tem op��o na vida. Todo mundo precisa de oportunidade”, disse. Tamb�m conseguiu vaga no local Felipe Moreira Socorro, de 24, que estava h� cinco anos como ambulante vendendo brinquedos e eletr�nicos. “� uma sensa��o de vit�ria”, comemorou. Ele ficou t�o alegre que foi correndo ao Uai, querendo saber onde ser� instalada sua banca.

Nos dois shoppings, foram feitos investimentos superores a R$ 100 mil para acolher os camel�s, segundo o representante do grupo Uai, Bernard Martins. O centro de compras est� mudando a configura��o para receber os novos comerciantes. O leiaute, antes de lojas, mudou para box e agora ter� bancas de tr�s metros quadrados, que come�am a chegar hoje, vindas de S�o Paulo. Elas s�o padronizadas e est�o sendo custeadas pelo empreendedor. “Tomara que se tornem efetivos lojistas e fa�am parte do nosso neg�cio. Os camel�s n�o ser�o segregados: far�o parte do contexto comercial do shopping”, afirmou Martins.

A expectativa � grande tamb�m entre os lojistas que j� s�o inquilinos. O comerciante Ant�nio Rodrigues Moreira, que entre outras profiss�es trabalhou h� 20 anos como camel�, torce para dar certo. “A presen�a deles dar� uma guinada nas vendas. Camel� � uma classe sofrida. A gente rala demais e � muito julgado pela sociedade”, ressaltou.

A secret�ria Maria Caldas considera que a segunda fase da retirada dos camel�s das ruas ser� mais atrativa para os shoppings. Em quatro meses, est� previsto novo sorteio para vagas nos centros comerciais que se interessarem em fazer parte da opera��o urbana promovida pela prefeitura. Se aprovado o projeto de lei que tramita no Legislativo, o munic�pio poder� subsidiar o aluguel dos ambulantes em centros populares de compras durante cinco anos. Os vendedores informais come�ar�o pagando R$ 30 e, no fim do quinto ano, estar�o arcando com 100% do valor de R$ 600. Hoje, o pre�o m�dio de um box gira em torno de R$ 1,2 mil. “Vamos fazer a gest�o compartilhada em um sistema tripartite: prefeitura, camel�s e shoppings”, explica. Segundo ela, a ideia � instalar equipamentos e servi�os da prefeitura nesses pontos comerciais como forma de levar p�blico at� eles.

MANIFESTA��O Enquanto a administra��o municipal leva adiante o plano, o clima entre ambulantes que n�o concordam com a sa�da das ruas e a Pol�cia Militar voltou a ficar tenso ontem. Eles protestaram em frente � sede da prefeitura e diante do pr�dio da Belotur, e fecharam a Pra�a Sete no in�cio e no fim da tarde. Um pequeno grupo se concentrou na Rua S�o Paulo, esquina com Carij�s, chegando a impedir a passagem de ve�culos. A PM usou spray de pimenta para dispersar a aglomera��o, em meio � qual havia pessoas armadas com peda�os de madeira, e liberar a via. Em seguida, os pr�prios militares fizeram um cord�o de isolamento na esquina com a Avenida Amazonas, bloqueando o tr�nsito. Seis viaturas, dois micro -�nibus e duas ambul�ncias do Samu se concentraram no local. No fim da tarde, ambulantes sa�ram em passeata em dire��o � Pra�a Sete.

 

Agenda

Camel�s sorteados dever�o comparecer � Rua Dom Cabral, 765, Bairro Ipiranga, Regi�o Nordeste de BH, para assinar o termo de ingresso no sistema criado pela prefeitura. O atendimento ser� feito de segunda a sexta-feira da semana que vem, das 9h �s 17h. Todos devem estar munidos de identidade, CPF e comprovante de resid�ncia.