O n�mero de perdidos em �reas de mata do estado aumentou em 55, ou mais de 43%, em rela��o ao per�odo de janeiro a maio do ano passado, quando foram 126 os desaparecidos. O chefe da assessoria de imprensa dos Bombeiros, tenente Pedro Aihara, informa que o principal fator para o desaparecimento em matas � a falta de planejamento e conhecimento do local. “� preciso conhecer e planejar. Quantas pessoas v�o, o percurso que ser� feito, se a trilha � adequada para os integrantes do grupo, se a programa��o do hor�rio de sa�da � condizente com o hor�rio de retorno, al�m de informa��es sobre as caracter�sticas do local”, diz.
Para quem se aventura pela primeira vez, o indicado � contratar servi�o especializado, com uma pessoa por conta do grupo em caso de excurs�o. “Se h� pessoas em condi��es f�sicas diferentes, � interessante estabelecer subl�deres, para dar aten��o a essas pessoas, que �s vezes se distraem observando uma paisagem ou um animal e ficam para tr�s.”
O tenente ressalta ainda que mesmo os mais experientes n�o podem deixar de adotar medidas de seguran�a, como portar equipamentos de localiza��o (GPS ou telefone celular) e avisar na recep��o de parques os hor�rios de entrada e sa�da, para que seja poss�vel perceber casos de desaparecimento. “As pessoas deixam de observar quesitos de seguran�a, por achar que conhecem demais. O excesso de confian�a faz com que n�o se observem fatores que geram grande possibilidade de trag�dia”, afirma.
Pedro Aihara afirma que cada tipo de ambiente tem caracter�sticas diferentes, que favorecem desaparecimentos e dificultam resgates. O Pico da Bandeira, por exemplo, tem condi��es clim�ticas desfavor�veis, com temperaturas baixas e visibilidade ruim, que gera cerra��o. J� a Serra do Cip� tem relevo acidentado que imp�e dificuldades �s equipes em terra. Quando o local envolve �reas de cachoeiras, outro fator complicador � o acesso das aeronaves.
Sair de trilhas oficiais predefinidas em unidades de conserva��o � outro grande problema. “Planejamento e aten��o s�o importantes, pois quando h� uma ocorr�ncia assim, deslocamos um efetivo grande para as buscas e desguarnecemos outras situa��es. Pode-se fazer trilha, desde que com responsabilidade e seguran�a”, alerta o bombeiro.
Em um estado repleto de montanhas e cachoeiras, todas as regi�es escondem armadilhas. Entre as �reas que mais colecionam desaparecidos est�o as serras do Curral (em BH e regi�o metropolitana) e do Cip� (na Regi�o Central do estado), al�m do Pico da Bandeira, no Parque do Capara�, onde o professor Ant�nio Teodoro Dutra J�nior passou cinco dias sumido. Segundo o tenente Aihara, pesa o fato de essas �reas estarem pr�ximas a centros urbanos e, por isso, atrairem turistas.
‘NA RA�A’ No caso mais recente, Ant�nio Dutra J�nior, tamb�m conhecido por “Rosca”, sumiu no s�bado, quando escalava a Serra do Capara� em companhia de um amigo. Estava com um grupo de 38 pessoas de uma excurs�o da Igreja Presbiteriana. Durante o trajeto, o professor se distanciou e n�o foi mais visto. No in�cio da tarde de ontem ele foi encontrado sem qualquer ferimento aparente.
De acordo com os bombeiros, um amigo do professor contou que pequenos grupos de caminhantes haviam parado para descansar e comentaram sobre a dificuldade da trilha, por causa do frio, do barro e do cansa�o. Somente tr�s das 38 pessoas que faziam o trajeto conseguiram chegar ao Pico da Bandeira. As buscas por Ant�nio, que nasceu em Manhua�u, na Zona da Mata, e mora em Ouro Preto, na Regi�o Central, come�aram no domingo, com bombeiros do Esp�rito Santo e Minas, al�m de funcion�rios do parque. C�es farejadores e helic�ptero foram usados, mas n�o foram encontradas pistas do professor, que estava agasalhado e com suprimentos. As temperaturas na regi�o chegaram a ficar abaixo de zero durante os dias em que ele passou desaparecido.
“Foi na ra�a.” Foi com essa frase que o professor resumiu para o irm�o Aldrin Teodoro Dutra os cinco dias que ficou perdido. De acordo com ele, Ant�nio est� bem e passa por exames m�dicos. “J� me encontrei com ele. Est� bem, gra�as a Deus. Passou por procedimentos m�dicos sem nenhum problema. O m�dico pediu um raio-x do p�, porque estava inchado, provavelmente por causa de uma tor��o. Mas s� isso mesmo e um soro para hidratar”, afirmou Aldrin.

SOBREVIV�NCIA A determina��o de seguir um curso d’�gua foi o que salvou a vida do professor Ant�nio Dutra J�nior, depois de cinco dias perdido. Ao falar ao portal “Folha Vit�ria” ainda enquanto recebia atendimento m�dico no Esp�rito Santo, ele disse que n�o ouviu o barulho dos helic�pteros dos bombeiros do Esp�rito Santo e de Minas Gerais, nem dos c�es farejadores, devido ao som das cachoeiras. O professor acrescentou que se manteve calmo. “Pensei: este rio vai me levar a uma queda de 200 metros ou a um pocinho com uma fam�lia brincando”, recordou.
Mas, apesar de a aventura ter acabado bem, ele deixa claro que n�o voltar� a correr risco em caminhadas como a que fez ao Pico da Bandeira. “Se for ver o Sol nascer, acorda �s 5h30, faz um sandu�che e vai ver o Sol nascer na praia”, aconselhou, em rela��o ao costume de subir o pico mais alto da Serra do Capara� para assistir ao amanhecer.
Fique vivo
Confira as dicas dos Bombeiros para aventuras em �reas de mata
Prepare-se para a caminhada
» Mantenha-se na trilha oficial predefinida em unidades de conserva��o
» Ao entrar na unidade, comunique � administra��o a chegada e a previs�o de sa�da, bem como o percurso pretendido
» Caso tenha radiocomunicadores, deixe um na recep��o do parque e combine um hor�rio para fazer a comunica��o di�ria com a torre
» Leve um GPS, que pega em quase todos os lugares, desde que esteja em campo aberto. � importante para ver coordenadas geogr�ficas e se orientar
» Mesmo que seja uma trilha tranquila, leve um kit b�sico de primeiros-socorros
» Leve alimentos leves e secos para se sustentar por mais tempo em caso de necessidade
» Tenha um sinalizador no kit de sobreviv�ncia
» Leve isqueiro e um pouco de combust�vel, caso precise de fogueira
Estou perdido. E agora?
» Se ficar perdido, permane�a no local e evite andar sozinho, pois as buscas t�m como refer�ncia o �ltimo local em que o desaparecido foi visto. De prefer�ncia, fique em local aberto para ser localizado mais facilmente pelas equipes de resgate ou ser visto pela equipe a�rea
» Busque um local para se abrigar de chuva, frio e se proteger do ataque de animais. Ao se movimentar, fa�a marca��es no ch�o, deixando objetos pessoais para ser identificado, ou use galhos e pedras para deixar mensagens.
» Antes de ter fome ou sede, oriente-se sobre onde e como conseguir alimentos (fazer uma armadilha para pegar um animal, por exemplo) e �gua (onde haja um c�rrego mais pr�ximo).
» Tente fazer uma fogueira antes de o frio chegar