Apesar de muito esperadas pela popula��o, as interven��es para a cria��o de uma bacia de deten��o de cheias no Bairro das Ind�strias e a amplia��o da capacidade dos ribeir�es do On�a e da Pampulha, nos limites das regi�es Nordeste e Norte da cidade, n�o ser�o interven��es f�ceis e prometem durar at� tr�s anos. Esse � o caso das modifica��es nos ribeir�es do On�a e da Pampulha, divididas em dois lotes e previstas para reduzir o risco de enchentes na Avenida Cristiano Machado e nos bairros Belmonte, Ouro Minas, Ribeiro de Abreu, Novo Aar�o Reis e adjac�ncias.
A previs�o da Secretaria Municipal de Obras � que apenas o primeiro lote dessa obra dure 1.020 dias, ou quase tr�s anos, no que a engenharia chama de canaliza��o dos dois ribeir�es em parede diafragma. J� o segundo lote, que � a canaliza��o em canal convencional, est� previsto para durar 300 dias.
A Secretaria de Obras sustenta que essas duas etapas da interven��o nos ribeir�es da Pampulha e do On�a v�o beneficiar 145 mil pessoas. Al�m disso, v�o “reduzir os preju�zos e os transtornos causados com o alagamento e a interdi��o da Avenida Cristiano Machado, principal via de liga��o da Regi�o Norte da cidade e acesso ao Centro Administrativo do governo do estado de Minas Gerais e ao aeroporto internacional de Confins, por onde circulam mais de 135 mil ve�culos por dia”, diz a pasta, em nota. Os dois lotes somam interven��es na ordem de R$ 226 milh�es.
Com rela��o aos impactos no tr�nsito, o professor Dimas Alberto Gazolla, do Departamento de Engenharia de Transporte da Universidade Federal de Minas Gerais, chama a aten��o para a necessidade da apresenta��o do Relat�rio de Impacto Urbano (RIU) pela empresa respons�vel pela execu��o do projeto.
Segundo Gazolla, sem o conhecimento do projeto e plano de execu��o da obra � dif�cil falar sobre os caminhos para minimizar os impactos. “S�o muitas as vari�veis, e elas v�o depender de um estudo sobre esses impactos. As obras entre a Barragem da Pampulha e a cabeceira do aeroporto n�o prejudicam o tr�nsito, mas trazem impactos ambientais. Nesse per�odo de quase quatro anos de interven��es, � importante um planejamento na execu��o das obras visando minimizar o fechamento da Cristiano Machado, para evitar preju�zos econ�micos e sociais”.
O professor sugere a interven��o gradual por pistas, invers�o da m�o de tr�nsito com a amplia��o das faixas de acordo com o maior volume de ve�culos e execu��o das obras aos s�bados, domingos e feriados ou at� em per�odo noturno, quando h� uma redu��o do tr�fego, que pode ser direcionado para desvios.

ALAGAMENTOS Outro problema a ser atacado por meio da segunda licita��o lan�ada ontem no DOM s�o os alagamentos constantes da Avenida Tereza Cristina devido �s cheias do Ribeir�o Arrudas, no trecho que divide o Bairro das Ind�strias, na Regi�o do Barreiro, e o Bairro Vista Alegre, na Regi�o Oeste. Essa regi�o, que sofre com as cheias tamb�m do C�rrego Ferrugem, que vem de Contagem e des�gua no Arrudas, registrou problema logo no in�cio do mandato de Alexandre Kalil.
Em mar�o, quando choveu 89 mil�metros na regi�o em apenas duas horas, a PBH teve de retirar 150 toneladas de lixo e entulho da Tereza Cristina – a �gua varreu v�rias placas de asfalto, al�m de destruir muretas de prote��o do Arrudas e tamb�m defensas met�licas. Em 12 de janeiro, a for�a das �guas j� havia derrubado muretas do C�rrego do Ferrugem, na mesma regi�o.
Nesse caso, a licita��o prev� 540 dias de obras ap�s a assinatura da ordem de servi�os, o que equivale a praticamente um ano e meio. A obra prevista � a instala��o de uma bacia que vai receber �gua durante os per�odos de chuva intensa e liber�-la � medida que o Ribeir�o Arrudas estiver com a capacidade suficiente para acolher o excesso. A obra ser� feita ao longo do curso d’�gua, entre as ruas Jos� Carlos Mata Machado e Vasco de Azevedo, no Bairro das Ind�strias.

Segundo a Secretaria de Obras, essa interven��o integra o programa Reestrutura��o e Revitaliza��o Ambiental dos C�rregos da Bacia do Ribeir�o Arrudas, que inclui outras a��es. Entre elas est�o a constru��o do piscin�o do Calafate, outra bacia de cheias que ainda depende da aloca��o de recursos. No caso do Bairro das Ind�strias, a bacia ter� capacidade para 120 mil metros c�bicos de �gua e n�o haver� um n�vel de �gua em seu interior, mantendo-se o tempo todo seca e recebendo �gua apenas no per�odo chuvoso.
“O empreendimento � fundamental para a cidade e se configura como mais uma a��o importante na busca pela redu��o do risco de inunda��o na Bacia do Ribeir�o Arrudas. Assim, a implanta��o do Reservat�rio do Bairro das Ind�strias retardar� os picos de cheia a jusante e se somar� a outras obras importantes executadas e em execu��o, como as bacias de deten��o dos c�rregos Bonsucesso, Olaria/Jatob� e T�nel/Camar�es”, informa a Secretaria de Obras em nota. Essa licita��o prev� investimentos do poder p�blico de R$ 32 milh�es.
O presidente do Instituto Brasileiro de Avalia��es e Per�cias de Engenharia de Minas Gerais (Ibape-MG), Cl�menceau Chiabi Saliba J�nior, destacou a import�ncia das duas interven��es, mas alertou sobre necessidade de um projeto de longo prazo. “A cidade n�o pode ficar parada e essas s�o obras necess�rias. As obras precisam ser com durabilidade para 20, 30 anos, dentro de um projeto que n�o nas�a desatualizado e obsoleto”, assinalou.
De acordo com Cl�menceau, a bacia de conten��o, com capacidade para 120 mil metros c�bicos, no Bairro das Ind�strias, do ponto de vista t�cnico � uma solu��o que tem se mostrado eficiente na capital, em v�rios outras regi�es. “A n�o ser que ocorra uma chuva de volume n�o registrado nos �ltimos 100 anos, essa bacia vem complementar as obras j� realizadas na �rea e resolver um problema de inunda��o”, explicou o engenheiro. Com rela��o �s interven��es no Ribeir�o Pampulha, Cl�menceau aponta que a ado��o da t�cnica de canaliza��o em diafragma sugere uma obra robusta, com menor impacto ambiental, que vai trazer uma solu��o de longo prazo.
