
A hist�ria de Pinh�es, cujo nome se deve � �rvore pinh�o, usada na fabrica��o de sab�o, come�ou no in�cio do s�culo 18. “Negros escravizados foram enviados com objetivo de tomar conta das divisas entre o mosteiro de Maca�bas e a fazenda Bicas. Com o fim da aboli��o, fixaram moradia”, contou D�bora.
Cerca de 3 mil pessoas moram no lugar, celeiro de hist�rias. L� foi rota de tropeiros. Tamb�m foi por aqueles caminhos tortuosos que passaram tropas que lutaram na Revolu��o de 1842, lideradas pelo revolucion�rio Te�filo Benedito Ottoni, e do governista Bar�o de Caxias. Na hoje Rua Assis Chateaubriand, uma casa em adobe desperta a aten��o de visitantes.
Tanto quanto o quintal na casa de dona Vagna Rosa de Jesus, de 57, que foi casada com um quilombola. No terreiro, voltado para a rua, h� dezenas de pe�as em barro que ela faz para ganhar a vida. H� panelas, vasos e cumbuquinhas para amantes de caldo de mocot�. “Eu busco a argila atr�s da serra. E uso o forno que fiz neste barranco, no meu quintal”.

O dia em homenagem a S�o Sebasti�o � 20 de janeiro. Todos os anos, nessa data, o padre vai � casa de seu Geraldo e reza uma missa. “Fazem at� o altarzinho”. A religi�o � assunto s�rio em Pinh�es. Numa comunidade fundada por negros, a capela n�o poderia ser outra: Nossa Senhora do Ros�rio. A primeira missa ocorreu em 1906. As celebra��es ocorrem toda semana. No lado esquerdo do p�tio, o cruzeiro em madeira.
Havia outro em frente ao templo, mas foi substitu�do por um de ferro. Atr�s da capela, h� um cemit�rio. Mas a calunga mais antiga, chamada de cemit�rio dos negros, est� a mais ou menos uma l�gua – aproximadamente seis quil�metros – de l�, numa regi�o de fazendas. O local, claro, conta com um cruzeiro de madeira, cercado por muro de pedras.
HORTA Mas � outra cerca que chama a aten��o na comunidade. Fica na Pra�a Nan� Bahia, na entrada da comunidade. Foi l� que dona Vilma, a �nica ialorix� (m�e de santo) de Pinh�es, fez uma horta comunit�ria. Ela rega diariamente o local. E joga esterco sobre as sementes de almeir�o, manjeric�o, alface, couve... Tamb�m plantou mexerica, jabuticaba e goiaba.

Elogios de 'forasteiros'
A simpatia dos moradores antigos e outros predicados de Pinh�es fizeram muitos forasteiros se apaixonarem pelo local e ficar por l� mesmo. Dona Maria Helena Silva, de 89 anos, nasceu em Sete Lagoas, na Regi�o Central, e fez hist�ria na comunidade quilombola.
Ela mesma conta o motivo: “Fiz o parto, sozinha, de 2.020 crian�as na regi�o. Tenho orgulho em dizer que nunca, mas nunca mesmo, deixei morrer um beb� ou uma m�e”. At� por isso, muitos pais a convidaram para ser madrinha dos filhos.
Dona Helena, como � chamada, se formou em auxiliar de enfermagem. Fez partos em casa e em hospitais. Faz quest�o de dizer que jamais cochilou nos plant�es noturnos. Hoje, aposentada, ela cuida das diversas esp�cies de plantas no quintal, como flor-do-divino. “� vermelha. Veja que bonita”, aponta.
Quem tamb�m veio de fora � o boiadeiro Clemente Rodrigues de Almeida, de 55. Natural da cidade de Jequitinhonha, ele est� na comunidade h� bastante tempo. Trabalha na lida com o gado: guia cabe�as e tira leite. �s vezes, toca bois na companhia de Taruba, o c�o, e de Ant�nio Maria Silva, de 59, amigo que planta milho, feij�o e outras culturas.