
S�o Francisco, de 53, 8 mil habitantes, foi o ponto de partida da atual edi��o do projeto. Ao todo, ser�o percorridos seis munic�pios mineiros banhados pelo Velho Chico at� quarta–feira, com exibi��o de 15 filmes: quatro longas e cinco curtas-metragens brasileiros. Al�m disso, o p�blico � contemplado com seis document�rios in�ditos, gravados em cada uma das seis cidades do roteiro do Cinema no Rio.
Os longas exibidos este ano s�o A Fam�lia Dionti, O menino no espelho, Do p� da Terra e Margareth Mee e a flor da lua. Entre os cinco curtas programados, tr�s s�o de anima��o: A f�bula da corrup��o, Caminho dos gigantes e Vida Maria. Os outros curtas s�o Pierre e a mochila e Vermelho rubro do c�u da boca. Em S�o Francisco, a exibi��o ocorreu na Pra�a do Centen�rio, onde centenas de pessoas se concentraram com olhares curiosos – muitos assistiam a filmes na tela grande pela primeira vez e n�o pareceram se importar com um atraso motivado por problemas t�cnicos.
Os document�rios da atual edi��o do projeto abordam a mulher sertaneja das cidades percorridas ao longo do Velho Chico, produzidos pelo idealizador e coordenador do projeto, o cineasta In�cio Neves, durante a fase de prepara��o da viagem. “Estamos valorizando a mulher ribeirinha. A proposta � retratar as dificuldades e a luta da mulher do sert�o”, afirma In�cio, lembrando que a iniciativa tamb�m chama a aten��o para a valoriza��o da cultura ribeirinha e para a import�ncia da preserva��o do Rio S�o Francisco, que sofre com a degrada��o ambiental.
Uma das mulheres abordadas no document�rio produzido e exibido em S�o Francisco foi Maria Eug�nia Cardoso Nascimento, de 42 anos. Casada e m�e de um filho, era professora e tornou-se coveira ap�s ser aprovada em um concurso p�blico. Maria Eug�nia disse que se sentiu “orgulhosa” ao assistir o filme junto com centenas de conterr�neos na pra�a principal da cidade. “A mulher pode fazer qualquer servi�o. Basta ter coragem”, ensina ela na grava��o.
A mulher relata que antes do trabalho no cemit�rio era professora “normalista” e teve de deixar a sala de aula por causa da exig�ncia de curso superior. Depois que passou a trabalhar no cemit�rio, fez curso superior de pedagogia e at� p�s-gradua��o. Mesmo assim, n�o quis voltar a lecionar. Ela n�o esconde o motivo: o sal�rio. “Uma professora municipal ganha R$ 1,3 mil. Como coveira, ganho em torno de dois sal�rios-m�nimos (R$ 1.874,00)”, conta.
Anima��o Outra moradora de S�o Francisco que assistiu aos filmes foi a aposentada Maria Rodrigues Oliveira, de 74 anos. Ela acompanhou a “movimenta��o” sentada em uma cadeira, na porta de sua casa, sem tirar da m�o o um ter�o. “Acho bom, anima o povo. Aqui n�o tem divers�o”, disse Maria, relatando que viu filmes na “telona” h� quase 50 anos, quando ainda funcionava um antigo cinema na cidade – foi fechado h� mais de tr�s d�cadas.
A aposentada era dona de uma antiga pens�o de S�o Francisco e conta que, por mais de uma vez, Juscelino Kubitscheck dormiu no local ap�s deixar a Presid�ncia da Rep�blica. “O JK sa�a de Bras�lia e vinha para esta regi�o fazer pol�tica. Ele queria se candidato novamente, mas n�o deixaram”, afirmou Maria.
A dona de casa Cristiane Santos, por sua vez, teve na quinta-feira a primeira experi�ncia de ver um filme na telona, junto com o marido, o mototaxista Silvano Alves Pereira, e as filhas Maria Julia (de 10) e Maria Eduarda (de 6). “Este dia � inesquec�vel”, resumiu Cristiane. Al�m de S�o Francisco, Pedras de Maria da Cruz, Janu�ria, Itacarambi, Manga e Matias Cardoso receber�o o projeto, que tem patroc�nio da Oi, por interm�dio da Lei Estadual de Incentivo � Cultura.
Cine Sesi tamb�m exibir� filmes em 24 munic�pios
Cinema gratuito com direito a pipoca e tapete vermelho no interior de Minas Gerais. Vinte e quatro cidades do estado receber�o, nos pr�ximos meses, sess�es de cinema a c�u aberto. Trata-se do Cine Sesi Cultural, que, em sua 10ª edi��o no estado, pretende levar a s�tima arte para mineiros de nove regi�es do estado. Com curadoria de Lina Rosa Vieira, o evento � destinado para todo tipo de p�blico. “� um projeto para voc�, seja quem voc� for”, convida Lina. A caravana come�a em 25 de agosto e vai at� 12 de novembro deste ano.
Segundo a curadora, o foco do evento � que os filmes exibidos mesclem conte�do inteligente e produ��o de qualidade, em uma estrutura comparada a grandes salas de exibi��o do Brasil. Em todas as cidades, ser� montada uma tela de cinco metros de altura por doze de largura. “Em Minas, a gente priorizou, tamb�m, os filmes mineiros. O estado tem uma safra muito bacana”, considera Lina.
Os longas selecionados foram A Fam�lia Dionti, o premiado Que horas ela volta e a anima��o norte-americana Zootopia. Curtas-metragens e oficinas tamb�m est�o no roteiro do projeto, que come�a por Concei��o do Mato Dentro, Regi�o Central do estado. Todas as escolhidas para esta edi��o ser�o contempladas pela primeira vez. “Minas � grande e o p�blico mineiro muda dentro do pr�prio estado”, justifica a curadora.
Al�m de Concei��o do Mato Dentro, j� est�o confirmadas sess�es em Santa Maria de Itabira (1º a 3 de setembro), Nepomuceno (8 a 10 de setembro) e Uruc�nia (15 a 17 de setembro). Mais informa��es podem ser obtidas na p�gina do Cine Sesi Cultural no Facebook.
Acessibilidade Todos os moradores, incluindo os que t�m algum tipo de defici�ncia ou dificuldade de mobilidade, poder�o acompanhar as sess�es. De acordo com Lina Vieira, h� espa�os priorit�rios para idosos, gestantes e pessoas com algum tipo de defici�ncia, como previsto em lei. Lina conta que mesmo pessoas com defici�ncia visual ou auditiva conseguem participar. “Ou nos organizamos para contar o filme ou a gente arruma um volunt�rio para que fa�a a descri��o audiovisual”, garante.
*Estagi�rio sob supervis�o do editor Andr� Garcia