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Estado de Minas

Fam�lia que vive na zona rural fala do medo que vem com a temporada de inc�ndios

Casos como o enfrentado por eles j� consumiram em Minas, de janeiro a meados de agosto, quase 2 mil hectares vegeta��o, algo como 2 mil campos de futebol


postado em 25/08/2017 06:00 / atualizado em 25/08/2017 11:19

As irmãs Elizabete e Elieth Bragança e as armas com que combateram o fogo que se aproximava do imóvel em distrito de Ouro Preto: bombeiros não apareceram(foto: Edésio Ferreira/EM/DA Press)
As irm�s Elizabete e Elieth Bragan�a e as armas com que combateram o fogo que se aproximava do im�vel em distrito de Ouro Preto: bombeiros n�o apareceram (foto: Ed�sio Ferreira/EM/DA Press)
Ouro Preto – Ao mudar, h� quatro anos, para uma �rea rural entre os distritos de Lavras Novas e Chapada, em Ouro Preto, na Regi�o Central, tr�s belo-horizontinos – um casal e a cunhada – deixaram para tr�s a viol�ncia, o tr�nsito ca�tico e todo o estresse da vida urbana. O problema � que um inimigo destruidor os seguiu, sob a forma da esta��o seca que deixa o mato preparado para o pior: o fogo. O m�sico Oscar Neves, a mulher, Elieth Bragan�a, bibliotec�ria, e a irm� dela e s�cia num empreendimento cultural, Elizabete Bragan�a, foram surpreendidos pelas labaredas, que impulsionadas pelo vento se aproximavam cada vez mais da resid�ncia, perto do trevo da Chapada.

Casos como o enfrentado por eles j� consumiram em Minas, de janeiro a meados de agosto, quase 2 mil hectares vegeta��o, algo como 2 mil campos de futebol. Segundo a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustent�vel (Semad), o n�mero de ocorr�ncias ultrapassa o mesmo per�odo no ano passado. Em 2017 s�o 275, contra 190 no ano passado, incluindo �reas internas e entorno de unidades de conserva�ao. J� os bombeiros combateram mais de 5,7 mil inc�ndios em todo o estado.

No caso da fam�lia de belo-horizontinos que se mudou para Ouro Preto, o pavor das chamas e a sensa��o de desamparo ainda est�o gravados na mem�ria “Ficamos com muito medo, pois j� era fim de tarde, por volta das 17h30. Liguei para os bombeiros, no telefone 193, e fui informada de que eles n�o poderiam combater o inc�ndio � noite, a n�o ser que pusesse em risco moradias e pessoas. Al�m disso, disseram que poderia haver animais pe�onhentos e por isso n�o combatem � noite”, conta Elieth. Passado o susto, ainda preocupada com novas ocorr�ncias, a bibliotec�ria disse que vai fazer, por conta pr�pria, um curso de brigadista. “N�o sei se pode acontecer de novo. Quero aprender a combater o fogo com seguran�a, sem ter de esperar pelos bombeiros”, afirmou. O munic�pio de Ouro Preto � atendido pela 3ª Companhia da corpora��o.

O caso ocorreu na tarde do dia 10, mas at� hoje as m�s lembran�as atemorizam Oscar, Elieth e Elizabete, donos do Espa�o Multicultural Trevo da Chapada, misto de restaurante e casa de eventos na estrada de Lavras Novas. No sal�o do restaurante, Elieth conta que t�o logo viram o fogo, ela e a irm� sa�ram para tentar debelar as chamas com o que tinham em m�os. Naquele dia, Oscar n�o estava em casa. “Pegamos uma lona tipo antichamas e carregamos baldes com terra para jogar no fogo, que estava a uns 500 metros e pr�ximo a matas ciliares, acabando com o meio ambiente.”

As irm�s correram para enfrentar o inimigo do jeito que estavam no conforto do lar. “Sa�mos de short e levamos os cachorros Mulato, Princesas e Mafalda. Tivemos algumas bolhas, arranh�es em canela-de-ema, mas felizmente nada grave. As chamas tinham se espalhando por uma plan�cie do outro lado do morro. Diante do que vimos, resolvemos voltar”, conta Elieth.

SEM SOSSEGO No dia seguinte, pela manh�, o perigo rondava novamente e tirava o sossego da fam�lia. O fogo estava em outra dire��o, e, escaldadas com a informa��o anterior dos bombeiros, as irm�s desistiram de ligar pedindo ajuda. “Desta vez, fomos preparadas, com cal�a grossa, blusa de manga comprida, luvas e bota. E ficamos contra o vento, como forma de prote��o. H� muitas �rvores na regi�o e um pequeno curso d’�gua, que se transforma em cachoeira. Vimos, no caminho, uns 50 gavi�es voando desorientados Acho que foi um inc�ndio criminoso, tem gente que faz queimada, com tochas. Havia tamb�m um foco bem atr�s do morro, na estrada entre Ouro Preto e Ouro Branco”, diz Elieth.

Sempre destacando os benef�cios que a vida no campo traz, especialmente o clima ameno, Elizabete recorda que, no ano passado, o mato “ardeu” durante tr�s dias. “A gente fica preocupada, ainda mais que os bombeiros n�o fizeram quest�o de vir aqui. Queimada � sempre um risco, piora a qualidade do ar, acaba com os animais. Apareceu aqui um mico com fome, no nosso quintal, demos comida para ele. � triste demais”, revela a bibliotec�ria. Ao lado de Oscar, as duas se mostram preocupadas e apresentam as armas de combate para eventuais novas batalhas contra o fogo: uma p� toda preta de fuma�a e um abafador, feito com um peda�o de bambu e lona antichamas. O relato da fam�lia, com fotos, foi postado em redes sociais.

“A preocupa��o maior � com o meio ambiente e com nossa seguran�a. Afinal, estamos abrindo um empreendimento cultural com capacidade para receber cerca de 1,5 mil pessoas. Investimos dinheiro, tempo de trabalho. Criamos expectativas”, afirma Elizabete, explicando que o trio plantou 200 mudas ao longo do c�rrego vizinho.

COMBATE O Corpo de Bombeiros militar informa que apura a situa��o relatada pelos donos do empreendimento Trevo da Chapada, uma vez que n�o houve registro de ocorr�ncia, para adotar as provid�ncias necess�rias e evitar que situa��es semelhantes ocorram. Em nota, a corpora��o acrescenta que, para combate a inc�ndio em vegeta��o, � feita uma avalia��o, ainda que preliminar, priorizando sempre situa��es em que haja risco iminente de atingir resid�ncias ou pessoas.

Em alguns locais, devido �s caracter�sticas geogr�ficas, o trabalho � feito preferencialmente durante o dia, pela dificuldade de movimenta��o dos bombeiros. O per�odo noturno tamb�m inviabiliza o combate a�reo para preservar a integridade dos militares, pela falta de visibilidade e tamb�m de condi��es de pouso para embarque e desembarque de pessoal em pontos estrat�gicos.

Como orienta��o, os militares destacam que a melhor maneira de evitar inc�ndios florestais � a preven��o. E ressaltam que levantamentos apontam que a maioria dos casos � provocada pela a��o humana. “A popula��o pode nos ajudar, denunciando por meio do telefone 181, o disque-den�ncia”, informa a corpora��o. “Agosto e setembro representam o pico do per�odo cr�tico e essa conscientiza��o � necess�ria para que tenhamos um resultado mais efetivo.”


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