
A leishmaniose � causada pelo protozo�rio tripanossomat�deo Leishmania chagasi. Ela � transmitida por vetores conhecidos como mosquitos-palha, que vivem e se reproduzem em ambientes escuros, �midos e com ac�mulo de lixo org�nico. Ao picar o c�o e tamb�m o homem, o mosquito transmite a doen�a. O animal n�o contamina diretamente a humanos, mas passa a ser um reservat�rio do protozo�rio, com potencial para perpetua��o do ciclo. N�o h�, na rede p�blica, tratamento para o animal. E, como h� indica��o do Minist�rio da Sa�de de recolhimento e eutan�sia, a doen�a costuma ser uma senten�a de morte para o animal.
Em humanos, a leishmaniose visceral causa manchas no corpo, febre, anemia, palidez acentuada e incha�o abdominal, fraqueza e aumento das v�sceras – principalmente do ba�o, do f�gado e da medula �ssea. Os c�es apresentam sinais como emagrecimento, perda de pelos, les�es na pele e, na fase final da doen�a, crescimento desordenado das unhas.
Diferentemente da dengue, que � uma virose aguda e tem um curso acelerado, os sintomas da leishmaniose demoram mais para aparecer ap�s a infec��o. Esse per�odo pode demorar entre 15 e 30 dias, mas a partir dos primeiros sinais � preciso que o diagn�stico seja imediato para evitar complica��es. “� uma doen�a grave, que precisa de aten��o muito grande, tanto pelo paciente que deve procurar de imediato um servi�o de sa�de, quanto pelos profissionais da �rea, no diagn�stico, tratamento oportuno e adequado e monitoramento da evolu��o da doen�a”, afirma o subsecret�rio de Vigil�ncia e Prote��o � Sa�de da Secretaria de Estado de Sa�de de Minas Gerais, Rodrigo Said, destacando o risco de complica��es. “Ela tem um alto potencial de letalidade e pode levar � morte em 90% dos casos, se n�o for bem tratada”, afirma. Apesar de haver tratamento para humanos, dispon�vel no Sistema �nico de Sa�de (SUS), o medicamento indicado � potente, gera complica��es e exige acompanhamento durante longo per�odo.
A doen�a � end�mica em Minas, um dos estados brasileiros com maior registro de casos. “Tivemos momentos distintos em rela��o � leishmaniose nos �ltimos anos e percebemos uma curva crescente, desde 2013, que mostra a sazonalidade de doen�as transmitidas por vetores. Atualmente, estamos tendo alta densidade do vetor e condi��es favor�veis para infec��o, como a proximidade de pessoas das regi�es com transmiss�o, mudan�as no regime de chuvas, presen�a de mat�ria org�nica �mida, que favorece a reprodu��o do vetor, entre outros”, explica o subsecret�rio.
At� 2012, as regi�es com maior n�mero de casos humanos em Minas eram a Grande Belo Horizonte e as regi�es de Montes Claros e Leste do estado. Daquele ano em diante, o Vale do A�o passou tamb�m a concentrar registros.

Sacrif�cio animal � maior pol�mica
Assunto que provoca diverg�ncia entre autoridades sanit�rias e representantes de entidades de defesa dos animais, a eutan�sia de c�es com leishmaniose � prevista pelo Minist�rio da Sa�de, que determina diretrizes para o procedimento. Por meio da Resolu��o 1.000/2012, o Conselho Regional de Medicina estabelece crit�rios e o tipo de medicamento a ser usado para evitar sofrimento do animal, que � sedado antes de morrer.
Por�m, m�dicos veterin�rios como Amanda Brito Wardini, assim como entidades de defesa dos animais, s�o contra a eutan�sia. Para Amanda, o procedimento em nada melhora o controle epidemiol�gico. “Sou totalmente contra a eutan�sia quando � feita para o controle epidemiol�gico, pois j� est� provado que n�o � um m�todo adequado. Sou a favor do tratamento, inclusive foi liberado recentemente pelo Minist�rio da Sa�de o medicamento. � mais um motivo para tratar os animais”, afirmou. “As pessoas t�m que se conscientizar de que se pode tratar. Vejo muitas preocupadas e com p�nico de deixar agentes da prefeitura entrar em casa e pegar o cachorro. N�o existe isso, o tratamento est� liberado. Se der positivo o exame, elas devem procurar um veterin�rio e se informar sobre o tratamento”, completou.
A posse respons�vel de c�es tamb�m deve ser adotada sempre, j� que o animal abandonado est� mais suscet�vel a ser infectado pelo vetor. Em Belo Horizonte, a estimativa da Secretaria Municipal de Sa�de � de que 10% da popula��o canina (que era estimada em 266,2 mil animais no ano passado) esteja abandonada nas ruas.
Para Amanda Wardini, o abandono de animais passa pela falta de educa��o e responsabilidade das pessoas que t�m c�es. “As pessoas precisam se educar para ter animais de estima��o. Tem abandono at� quando o animal est� doente, o que ainda � mais grave. A castra��o e o controle populacional s�o fundamentais para controlar esse precedente. Mas os munic�pios n�o conseguem dar conta da demanda. Em Belo Horizonte, o n�mero de animais castrados � muito menor que o necess�rio”, criticou.
Como forma de preven��o da doen�a, o subsecret�rio de Vigil�ncia e Prote��o � Sa�de da Secretaria de Estado de Sa�de Rodrigo Said afirma que o minist�rio tem um manual de vigil�ncia e controle, com a��es relacionadas a diagn�stico, tratamento de pacientes e preven��o (veja arte). Como medida de preven��o, as pessoas devem evitar o ac�mulo de res�duos s�lidos, fezes de animais, folhas secas e outros substratos que favore�am a reprodu��o do mosquito-palha. Tamb�m deve-se instalar telas em canis, portas e janelas de casa, al�m de usar coleiras impregnadas de inseticida nos animais – pr�prias para a preven��o. Diante de qualquer sintoma, pacientes com suspeita da doen�a devem procurar um servi�o de sa�de.