
A quebra de uma tradi��o da cultura cigana � apontada como a motiva��o para o assassinato de uma mulher de 28 anos. O crime ocorreu em 2014 em Ita�na, na Regi�o Centro-Oeste de Minas Gerais, mas somente tr�s anos depois os acusados pelo homic�dio, Nilson da Costa, de 56 anos, e Cristiano Soares da Costa, de 26, pai e filho, foram presos. A v�tima tinha um relacionamento amoroso com outro filho de Nilson, Anderson Costa. Segundo as investiga��es, a fam�lia dele estava insatisfeita com o namoro, pois tradicionalmente ciganos n�o podem se relacionar com pessoas que n�o s�o da tribo. Os dois homens negam a motiva��o e tamb�m a autoria do crime. A irm� de Anderson � procurada pela pol�cia por participa��o na morte da cunhada.
As investiga��es apontam que o crime ocorreu em julho de 2014 em um bar de Ita�na. Anderson Costa era casado com uma mulher cigana, mas estava tendo outro relacionamento, com Geiziane Fernanda da Silva Matos. Segundo a pol�cia, ele j� tinha manifestado o interesse de viver com Geiziane. “O pai e os irm�os de Anderson n�o aprovavam o relacionamento amoroso, pois na cultura dos ciganos n�o aceitam o casamento de pessoas que n�o sejam da etnia. Os investigados, por diversas vezes, foram at� a casa da v�tima para amea��-la e for��-la a largar o relacionamento. Por outro lado, ela era amea�ada por Anderson, caso terminasse a rela��o”, explicou o delegado Emerson Morais, durante entrevista coletiva nesta segunda-feira.
No dia do crime, Anderson e Geiziane estavam em um bar, onde bebiam. Luciana chegou ao local e come�ou a acirrar os �nimos, segundo as investiga��es. Depois, chegaram Nilson e Luciano que fizeram os disparos contra a mulher. “Anderson foi ouvido no dia do crime e afirmou que seriam o pai e os dois irm�os os autores do crime), bem como os presentes no bar foram categ�ricos e un�ssonos em falar que eram eles. As testemunhas anotaram a placa do ve�culo usado na fuga e, nas investiga��es, identificamos que ele estava registrado no Detran em nome de Luciana”, afirmou o delegado.

A pol�cia teve trabalho nas investiga��es. Depois do crime, o acampamento onde os investigados moravam havia seis anos foi dissolvido. De acordo com o delegado, as fam�lias migraram para outras cidades mineiras e at� para fora de Minas Gerais. Al�m disso, Anderson foi assassinado em 2016 em Divin�polis, na Regi�o Centro-Oeste.
Os dois acusados foram encontrados no interior do Rio de Janeiro. As apura��es mostram que eles passaram por Curitiba, S�o Paulo e depois foram para Quissam�, onde acabaram presos em outra comunidade. “A pol�cia tem que contar com um pouco de sorte. Esse acampamento em Quissam� � muito extenso, com v�rias barracas. E na primeira cabana tivemos o �xito de encontrar o Nilson e o Cristiano”, contou Emerson Morais. Nilson estava preso at� final de agosto por matar a sogra de Anderson em Maring�. J� Cristiano responde por um estupro de vulner�vel.
Negam o crime
De acordo com o delegado, os dois homens chegaram a falar dos motivos do assassinato em cart�rio. “O que comentaram em cart�rio � que cigano s� pode casar com cigano. E uma vez casado, n�o podia se separar mais. O problema foi Anderson ser casado com outra cigana e querer larg�-la para viver com a v�tima. O relacionamento n�o era escondido, j� estava �s claras, com fotos no Facenook. At� mesmo as correspond�ncias dele j� estavam chegando no endere�o da v�tima”, esclareceu.
Ao serem apresentados, Nilson e Cristiano negaram essa vers�o. “Tem nada a ver com a vida do meu filho e da vida dela n�o. Estava tomando conta dos meus interesses e da venda dos meus carros.Pode namorar e casar, mas tem que acompanhar n�s. A partir de que n�o acompanhar, n�o pertence a fam�lia. Eu estava em S�o Paulo, fui para Curitiba comprar os carros, e fui para S�o Paulo. Me ligaram falando que tinha acontecido isso. Fiquei com medo, e fiquei em S�o Paulo at� prender essa pessoa que fez essa loucura. Fui preso no lugar dos outros”, disse o pai de Anderson.
Cristiano tamb�m negou a autoria. “N�o foi a gente. Est�vamos em Curitiba e fomos para S�o Paulo. Ligaram e disseram que foi a gente. Sou cigano e isso � racismo.”, disse. Sobre o irm�o terem os delatados, Cristiano disse que ele foi amea�ado. “Botaram press�o nele para falar. Amea�aram ele demais”, comentou. J� sobre a motiva��o, disse que n�o existe essa cultura dita pelo delegado. “N�o tem nada a ver. Minha esposa mesmo n�o � cigana”, completou.
A pol�cia ainda faz buscas para encontrar Luciana, irm� de Anderson, que tamb�m � apontada em participa��o no crime.