
A cidade registra, h� anos, o maior crescimento populacional entre os 853 munic�pios mineiros. Resultado: Nova Serrana � a capital dos sotaques. H� gente do Nordeste do pa�s, do Sul brasileiro e at� do exterior, como conta o taxista Elias: “Um amigo nosso, tamb�m chofer de pra�a, � portugu�s”.
Este ano alcan�ou 94.681 – alta de 153%. De 2016 para 2017, o aumento foi de 2,54%, de 92.332 pessoas para 94.681 homens e mulheres. O percentual pode at� ser pequeno, mas Nova Serrana foi a �nica cidade do estado a superar os 2% de aumento num acumulado de 12 meses. Mas vale um par�ntese: a popula��o flutuante de l� tamb�m � grande, pois muitos moradores de cidades vizinhas trabalham no munic�pio.
Eles refor�am o coro dos forasteiros: todos os caminhos levam a Nova Serrana – o nome da cidade � uma homenagem ao apelido de Pitangui, a Velha Serrana, do qual o munic�pio se emancipou, em 1954, quando deixou de ser o distrito de Cercado. Desde ent�o, quem nasce l� � nova-serranense. Mas Nova Serrana � a cidade de todos os sotaques.

Ela venceu: foi coladeira em ch�o de f�brica de cal�ado e, sempre atenta �s novas oportunidades, cresceu no mercado e montou uma empresa em sociedade, a Nova Cal, que oferece coloridos pares. “Tamb�m apostamos nas vendas virtuais (www.nishoes.com.br)”, conta Lana.
Elias, o taxista, levou para a cidade o sotaque t�pico do interior de S�o Paulo. “Deixei S�o Jos� dos Campos h� 19 anos. Quando cheguei aqui, a popula��o era de 23 mil pessoas. Atualmente s�o quase 95 mil. Aqui s� n�o trabalha quem n�o quer”. Paulo Rocha, tamb�m chofer de pra�a, concorda com o amigo. Ele saiu de Inhapim, no Vale do Rio Doce, e foi para BH.

Seu V�tor Ricardo de Oliveira � outro que veio de fora. Chegou de Perdig�o (MG), em 1969, quando a cidade era bem diferente da atual: “Como se toda Nova Serrana fosse o que hoje � apenas o Centro. Cresceu muito, sobretudo nos �ltimos anos. O motivo? Aqui n�o falta emprego”.
O PRE�O DO SUCESSO Tudo na vida tem um pre�o. A explos�o demogr�fica em Nova Serrana cobra um custo alto aos moradores de bem: o crescimento da viol�ncia e o tr�nsito ca�tico s�o apenas dois dos exemplos. Dados da Secretaria de Estado de Seguran�a P�blica (Sesp) mostram que o total de crimes violentos saltou 47% no acumulado entre os sete primeiros meses de 2016 (901 ocorr�ncias) e o mesmo per�odo de 2017 (1.326 registros).
O assunto � tema de v�rias conversas nas ruas da cidade. Lana, a mulher que deixou o Vale do Jequitinhonha para ser coladeira em f�brica de sapato e hoje � s�cia numa loja de cal�ados, lamenta o salto na viol�ncia.
“Minha casa foi assaltada. Fizeram minha m�e e meu tio ref�ns e levaram o aparelho de televis�o, dois computadores, um celular e o carro. Este � o ponto negativo na cidade”, lamentou a empres�ria. Seu V�tor Ricardo, que deixou Perdig�o, tamb�m foi v�tima de bandidos: “Entraram em minha resid�ncia e levaram tal�es de cheque. Passaram no mercado e tive dor de cabe�a para sust�-los”.
A explos�o demogr�fica ainda trouxe problemas no tr�nsito, segundo taxistas forasteiros. Elias, por exemplo, conta que, dependendo do hor�rio, leva mais de 30 minutos para percorrer uma dist�ncia que, normalmente, � feita em menos de 10 minutos. “A frota aqui disparou”, refor�ou.
O chofer tem raz�o: aumentou 73,8%, conforme balan�o do Departamento Nacional de Tr�nsito (Denatran) em uma d�cada. Passou de 15.824 ve�culos, em junho de 2007, para 43.332 unidades, em igual m�s de 2017. “E trouxe outro problema: o transporte clandestino. � dif�cil concorrer com quem trabalha na ilegalidade, pois cobra um pre�o bem abaixo do nosso, porque n�o paga impostos”.

LIX�O Uma popula��o grande gera grande quantidade de lixo. No aterro da cidade, um grupo de homens e mulheres ganha a vida garimpando material recicl�vel, mas expondo a sa�de ao risco de doen�as. Eles frequentam o local, entretanto, porque n�o desejam ser empregados.
Tiago Henrique da Silva, que mora na cidade vizinha de S�o Gon�alo do Par�, vai ao lix�o, diariamente, h� cinco anos. “Nasci em Contagem e me casei. Minha esposa � do munic�pio vizinho e decidimos vir para c�. Quero trabalhar para mim mesmo. Consigo de R$ 1,5 mil a R$ 1,8 mil por m�s. � uma quantia boa”.
Um amigo dele, que prefere o anonimato, est� no lix�o h� duas d�cadas. “Morei com meus pais no lix�o, mas era em outro local. Prefiro trabalhar aqui do que em f�brica de cal�ados, pois aqui eu fa�o o meu sal�rio e o