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Estado de Minas

Com maior crescimento populacional de Minas, Nova Serrana vira polo de trabalhadores

Prefeitura estima que 75% dos moradores de Nova Serrana s�o forasteiros, atra�dos pelo polo cal�adista. Mais tr�nsito, lixo e viol�ncia emba�am a prosperidade


postado em 02/10/2017 06:00 / atualizado em 02/10/2017 07:39

O lixão onde se acumulam rejeitos das fábricas de calçados, que atraem gente de toda parte do país, e do consumo da cidade dá a dimensão do crescimento populacional do município do Centro-Oeste mineiro(foto: Beto Novaes/EM/DA Press)
O lix�o onde se acumulam rejeitos das f�bricas de cal�ados, que atraem gente de toda parte do pa�s, e do consumo da cidade d� a dimens�o do crescimento populacional do munic�pio do Centro-Oeste mineiro (foto: Beto Novaes/EM/DA Press)
Nova Serrana – Lana Sobrinho, de 33 anos, deixou o Vale do Jequitinhonha e se mandou para Nova Serrana em busca de uma vida melhor. Pelo mesmo motivo, Elias Alves Nunes, de 42, trocou o interior de S�o Paulo pela cidade do Centro-Oeste mineiro. Paulo Rocha, de 64, tamb�m foi para l�. Saiu do Vale do Rio Doce. Assim como o trio, uma multid�o migrou para Nova Serrana. Ao ponto de a prefeitura estimar que cerca de 75% da popula��o veio de fora.


A cidade registra, h� anos, o maior crescimento populacional entre os 853 munic�pios mineiros. Resultado: Nova Serrana � a capital dos sotaques. H� gente do Nordeste do pa�s, do Sul brasileiro e at� do exterior, como conta o taxista Elias: “Um amigo nosso, tamb�m chofer de pra�a, � portugu�s”.

O motivo da explos�o demogr�fica n�o � segredo para ningu�m: a pujan�a econ�mica garantida pelo polo cal�adista n�o para de atrair gente de outras bandas. Em 2000, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), a popula��o de l� era de 37.447 pessoas.

Este ano alcan�ou 94.681 – alta de 153%. De 2016 para 2017, o aumento foi de 2,54%, de 92.332 pessoas para 94.681 homens e mulheres. O percentual pode at� ser pequeno, mas Nova Serrana foi a �nica cidade do estado a superar os 2% de aumento num acumulado de 12 meses. Mas vale um par�ntese: a popula��o flutuante de l� tamb�m � grande, pois muitos moradores de cidades vizinhas trabalham no munic�pio.

Eles refor�am o coro dos forasteiros: todos os caminhos levam a Nova Serrana – o nome da cidade � uma homenagem ao apelido de Pitangui, a Velha Serrana, do qual o munic�pio se emancipou, em 1954, quando deixou de ser o distrito de Cercado. Desde ent�o, quem nasce l� � nova-serranense. Mas Nova Serrana � a cidade de todos os sotaques.

Lana comemora o sucesso, mas sentiu o peso de ter sido assaltada(foto: Beto Novaes/EM/DA Press)
Lana comemora o sucesso, mas sentiu o peso de ter sido assaltada (foto: Beto Novaes/EM/DA Press)
Lana, que deixou o Vale do Jequitinhonha, se mandou para l� no fim da d�cada de 1990. Deixou Novo Cruzeiro, no Jequitinhonha, terra castigada por longas estiagens e car�ncia de mercado formal de trabalho. A regi�o tamb�m n�o conta com ampla oferta de cursos superior. Lana, partiu da terra natal, queria trabalhar e estudar. Como ainda diz, “vencer na vida”.

Ela venceu: foi coladeira em ch�o de f�brica de cal�ado e, sempre atenta �s novas oportunidades, cresceu no mercado e montou uma empresa em sociedade, a Nova Cal, que oferece coloridos pares. “Tamb�m apostamos nas vendas virtuais (www.nishoes.com.br)”, conta Lana.

Elias, o taxista, levou para a cidade o sotaque t�pico do interior de S�o Paulo. “Deixei S�o Jos� dos Campos h� 19 anos. Quando cheguei aqui, a popula��o era de 23 mil pessoas. Atualmente s�o quase 95 mil. Aqui s� n�o trabalha quem n�o quer”. Paulo Rocha, tamb�m chofer de pra�a, concorda com o amigo. Ele saiu de Inhapim, no Vale do Rio Doce, e foi para BH.

Elias trocou o interior de São Paulo pela cidade mineira e se queixa do trânsito(foto: Beto Novaes/EM/DA Press)
Elias trocou o interior de S�o Paulo pela cidade mineira e se queixa do tr�nsito (foto: Beto Novaes/EM/DA Press)
Ficou na capital mineira por alguns anos at� decidir conhecer pessoalmente a fama de Nova Serrana. L� se v�o 19 anos quando pisou naquela terra pela primeira vez. Aos 64 anos, Paulo Rocha n�o pensa em deixar o munic�pio, onde quatro filhos est�o empregados. “� uma cidade com boa economia”.

Seu V�tor Ricardo de Oliveira � outro que veio de fora. Chegou de Perdig�o (MG), em 1969, quando a cidade era bem diferente da atual: “Como se toda Nova Serrana fosse o que hoje � apenas o Centro. Cresceu muito, sobretudo nos �ltimos anos. O motivo? Aqui n�o falta emprego”.

O PRE�O DO SUCESSO
Tudo na vida tem um pre�o. A explos�o demogr�fica em Nova Serrana cobra um custo alto aos moradores de bem: o crescimento da viol�ncia e o tr�nsito ca�tico s�o apenas dois dos exemplos. Dados da Secretaria de Estado de Seguran�a P�blica (Sesp) mostram que o total de crimes violentos saltou 47% no acumulado entre os sete primeiros meses de 2016 (901 ocorr�ncias) e o mesmo per�odo de 2017 (1.326 registros).

O assunto � tema de v�rias conversas nas ruas da cidade. Lana, a mulher que deixou o Vale do Jequitinhonha para ser coladeira em f�brica de sapato e hoje � s�cia numa loja de cal�ados, lamenta o salto na viol�ncia.

 

“Minha casa foi assaltada. Fizeram minha m�e e meu tio ref�ns e levaram o aparelho de televis�o, dois computadores, um celular e o carro. Este � o ponto negativo na cidade”, lamentou a empres�ria. Seu V�tor Ricardo, que deixou Perdig�o, tamb�m foi v�tima de bandidos: “Entraram em minha resid�ncia e levaram tal�es de cheque. Passaram no mercado e tive dor de cabe�a para sust�-los”.

A explos�o demogr�fica ainda trouxe problemas no tr�nsito, segundo taxistas forasteiros. Elias, por exemplo, conta que, dependendo do hor�rio, leva mais de 30 minutos para percorrer uma dist�ncia que, normalmente, � feita em menos de 10 minutos. “A frota aqui disparou”, refor�ou.

O chofer tem raz�o: aumentou 73,8%, conforme balan�o do Departamento Nacional de Tr�nsito (Denatran) em uma d�cada. Passou de 15.824 ve�culos, em junho de 2007, para 43.332 unidades, em igual m�s de 2017. “E trouxe outro problema: o transporte clandestino. � dif�cil concorrer com quem trabalha na ilegalidade, pois cobra um pre�o bem abaixo do nosso, porque n�o paga impostos”.

(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)


LIX�O Uma popula��o grande gera grande quantidade de lixo. No aterro da cidade, um grupo de homens e mulheres ganha a vida garimpando material recicl�vel, mas expondo a sa�de ao risco de doen�as. Eles frequentam o local, entretanto, porque n�o desejam ser empregados.

Tiago Henrique da Silva, que mora na cidade vizinha de S�o Gon�alo do Par�, vai ao lix�o, diariamente, h� cinco anos. “Nasci em Contagem e me casei. Minha esposa � do munic�pio vizinho e decidimos vir para c�. Quero trabalhar para mim mesmo. Consigo de R$ 1,5 mil a R$ 1,8 mil por m�s. � uma quantia boa”.

Um amigo dele, que prefere o anonimato, est� no lix�o h� duas d�cadas. “Morei com meus pais no lix�o, mas era em outro local. Prefiro trabalhar aqui do que em f�brica de cal�ados, pois aqui eu fa�o o meu sal�rio e o  


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