
Os momentos de terror vividos por uma funcion�ria do Centro de Sa�de Jo�o XXIII, no Bairro Vila Oeste, Oeste de Belo Horizonte, em pleno hor�rio de almo�o, em 19 de setembro, n�o saem da cabe�a da mulher que trabalha no setor de limpeza da unidade.
Acostumada a cumprir o hor�rio de descanso nos fundos do posto diariamente, h� dois anos, ela teve uma arma de fogo apontada para a cabe�a, por causa de um telefone celular. “Quando os dois bandidos pediram o telefone da minha amiga, inicialmente ela n�o deu e um disse para o outro atirar. Na hora, s� pensei no pior”, relata a mulher de 37 anos, aliviada pelo fato de o assalto ter terminado sem tiros e sem feridos.
A situa��o vivida pela funcion�ria entra para as estat�sticas da Guarda Municipal de BH e se junta a casos de furto, les�o corporal e amea�a, que est�o crescendo em unidades de sa�de, e n�o se restringem � capital, mas se repetem em outras cidades da regi�o metropolitana.
N�meros da viol�ncia
De janeiro a agosto de 2017, o aumento foi de 14,9% na compara��o com o mesmo per�odo do ano passado. Foram 185 casos neste ano contra 161 em 2016.O Sindicato dos Servidores P�blicos Municipais de Belo Horizonte (Sindbel) informa que as ocorr�ncias, que se resumiam a desentendimentos entre usu�rios e funcion�rios por problemas no atendimento, agora t�m o perfil de casos violentos, como agress�es, assaltos e at� sequestros.
Para a entidade, isso se deve � sa�da dos porteiros que eram contratados pela prefeitura. As unidades sofrem tamb�m com arrombamentos, como o ocorrido na segunda-feira passada no Centro de Sa�de S�o Marcos, na Regi�o Nordeste da capital, que teve computadores e forno micro-ondas, entre outros objetos, levados por bandidos.
Mas s�o os ataques em que servidores e usu�rios das unidades de sa�de s�o v�timas que mais preocupam. E o medo se repete em cidades da Grande BH, com destaque recente para Betim, onde m�dicos t�m sido presas f�ceis de bandidos armados.
Para os servidores, o que resta nesses assaltos, al�m do trauma, � o preju�zo financeiro, que n�o paga o dia de trabalho, como relata uma funcionaria do Centro de Sa�de da Vila Oeste. “Eles levaram meu celular de R$ 900, que eu nem terminei de pagar. Entraram com o uniforme de uma determinada empresa e disseram que era assalto. Foram tr�s v�timas no posto, todas funcion�rias”, diz S.E., de 37 anos. “Fiquei traumatizada. Hoje mesmo vim para o trabalho morrendo de medo”, contou.
"Essa situa��o prejudica o atendimento, j� que os servidores alvo dos crimes normalmente s�o liberados do servi�o ou at� entram de licen�a"
In�s de Oliveira, diretora de comunica��o do Sindbel
Duplo ataque
Segundo a Pol�cia Militar, existe a suspeita de que os mesmos bandidos que roubaram celulares no Centro de Sa�de Jo�o XXIII tenham atacado tamb�m, momentos antes, o Centro de Sa�de Jo�o Pinheiro, no bairro hom�nimo, na Regi�o Noroeste da cidade, usando uma motocicleta. “Eu n�o estava no momento do assalto, mas minha colega ficou bastante assustada”, contou uma servidora do Posto Jo�o Pinheiro.No primeiro caso, tamb�m foram levados aparelhos de celular de v�timas. Em 2 de outubro, segundo representantes do Sindbel, uma reuni�o com a Guarda Municipal estava agendada para as 8h na unidade, mas a corpora��o n�o mandou representantes.
Usu�rios dos servi�os cobram mais seguran�a e reclamam do medo gerado por esse tipo de ocorr�ncia. A servidora p�blica estadual Waleska de Sousa Ara�jo, de 47, esteve no Posto Jo�o Pinheiro com a filha, Raissa de Sousa Ara�jo, de 22, e a neta, Alice, rec�m-nascida, e disse que as condi��es do bairro favorecem a a��o de bandidos. “Temos muitas sa�das para os ladr�es, como a Via Expressa e o Anel Rodovi�rio. E em um posto de sa�de temos muitos idosos e crian�as, que s�o pessoas mais vulner�veis. Portanto, precisamos de mais guardas para dar sensa��o de seguran�a para quem precisa do servi�o”, afirma.

A diretora de comunica��o do Sindbel, In�s de Oliveira, destaca que a entidade vem tentando junto a prefeitura tr�s situa��es: o retorno dos porteiros, intensifica��o da fiscaliza��o f�sica e a reforma de unidades, inserindo barreiras � entrada de pessoas que n�o tenham algum prop�sito nos postos de sa�de. Por�m, afirma, ainda n�o h� indicativo de implanta��o de qualquer uma das medidas.
“Essa situa��o prejudica o atendimento, j� que os servidores alvo dos crimes normalmente s�o liberados do servi�o ou at� entram de licen�a. Al�m disso, temos aumento de doen�as relacionadas ao trabalho, pois os afastamentos passam a ser comuns, pelo medo gerado por essa viol�ncia”, afirma In�s.
Recentemente, segundo a dirigente sindical, uma funcion�ria do Centro de Sa�de C�cero Idelfonso, no Bairro Vista Alegre, sofreu um sequestro rel�mpago quando voltava do almo�o. “Os bandidos rodaram com ela no carro e a deixaram perto do posto. Ela ficou traumatizada e est� afastada”, completa In�s de Oliveira.
Em nota, a Guarda Municipal informou que desde 2 de outubro, “est� com as aten��es voltadas para os postos de sa�de das regionais Noroeste e Oeste da capital, com patrulhamento refor�ado nas imedia��es de todas as unidades locais”. “O esfor�o diferenciado � decorrente exatamente dos epis�dios ocorridos nos centros de sa�de Jo�o Pinheiro e Jo�o XXIII, na tarde de sexta-feira, 29 de setembro”, informou a corpora��o. Sobre a reuni�o citada pelo sindicato, a Guarda informou que n�o foi comunicada.
Tamb�m em nota, a Secretaria Municipal de Sa�de informou que as duas unidades que foram alvo dos assaltos est�o funcionando normalmente. Ap�s as duas ocorr�ncias, as v�timas foram liberadas do expediente. A pasta informou que monitora a situa��o de forma frequente e trabalha para atender a todas as demandas. “Desde junho deste ano, a SMSA implantou um fluxo de abordagem a epis�dios de viol�ncia nos servi�os, que direciona o trabalhador ou usu�rio na tomada de decis�o em caso de viol�ncia. Esse fluxo vai nortear quais provid�ncias e quem acionar em cada tipo de ocorr�ncia”, diz o texto enviado pela pasta.
Press�o em alta
Ocorr�ncias registradas pela Guarda Municipal em unidades de sa�de de BH
161 - Janeiro a agosto de 2016
185 - Janeiro a agosto de 2017