Ap�s nova morte por febre maculosa, medo volta � Pampulha

Treze meses ap�s a morte de um menino de 10 anos v�tima de febre maculosa, o medo da doen�a transmitida pelo carrapato-estrela, que tem as capivaras como um dos hospedeiros, volta a dominar a Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte e em especial a orla da Pampulha, na capital. Conforme laudo da Funda��o Ezequiel Dias, a doen�a foi a causa da morte, no dia 20, do morador de Contagem Aristeu de Souza Lima, de 42, que visitou a Pampulha antes de manifestar os sintomas.

Aristeu � a 11ª pessoa a morrer de maculosa em Minas neste ano. Embora ainda faltem pouco mais de dois meses para o fim do ano, a quantidade de doentes e de �bitos causados pela enfermidade em 2017 j� � a maior registrada entre os dados dispon�veis no estado, batendo a marca do ano de 2008, quando 20 pessoas adoeceram e 10 perderam a vida (veja quadro). E o n�mero ainda pode aumentar, j� que a Funed investiga se outro �bito em Contagem, do lavrador Adriano Pereira Santos Ribeiro, tem como causa o mal associado � picada do carrapato.

Adriano morava e trabalhava na �rea rural de Florestal, na Grande BH, onde tinha contatos com capivaras e equinos, tamb�m hospedeiros dos parasitas. Ele n�o esteve na Pampulha e morreu em Contagem por ter procurado tratamento na cidade vizinha.

Ainda assim, a Secretaria de Sa�de de Contagem come�a a distribuir hoje panfletos orientando a popula��o sobre o perigo da febre maculosa. Boa parte da a��o ser� concentrada em bairros vizinhos � Pampulha, na capital, onde o primeiro homem v�tima da enfermidade teria contra�do a bact�ria. A regi�o, al�m de ter grande popula��o de capivaras, concentra muitos equinos, que tamb�m hospedam o carrapato-estrela.

A Prefeitura de Belo Horizonte, via Funda��o de Parques Municipais e Zoobot�nica (FPMZB), informou que n�o tem plano de nova interdi��o do parque ecol�gico da Pampulha, que chegou a ser fechado no ano passado, ap�s a morte da crian�a v�tima de maculosa. Os t�cnicos da unidade de conserva��o dizem que as atividades seguem em ritmo normal, com irriga��o, poda e cercamento da �rea.

Depois de assinar, h� mais de oito meses, termo de ajustamento de conduta (TAC) com o Minist�rio P�blico de Minas Gerais, a Secretaria de Meio Ambiente da capital firmou, na manh� de ontem, contrato de manejo das capivaras. O documento prev� servi�os de monitoramento, captura, cirurgia de esteriliza��o e devolu��o do animal ao entorno da Lagoa da Pampulha “de maneira segura para os roedores e para a popula��o, com acompanhamento p�s-cir�rgico”.

O prazo de dura��o do contrato � de 12 meses, com possibilidade de que a conclus�o dos servi�os seja antecipada, caso os trabalhos sejam conclu�dos. Est� prevista a esteriliza��o das cerca de 100 capivaras existentes na orla da Pampulha, em trabalho que ser� iniciado amanh�.

Em nota, a Secretaria de Meio Ambiente esclareceu que o respons�vel t�cnico da primeira empresa escolhida para o manejo dos roedores desistiu na v�spera da assinatura do contrato (24 de julho de 2017), atrasando o cronograma operacional. A seguir, a equipe t�cnica da secretaria informa ter iniciado o processo de altera��o das medidas de gest�o dos recursos financeiros destinados ao projeto. A Ger�ncia de Defesa dos Animais elaborou um termo de refer�ncia a ser usado no processo licitat�rio. “Entretanto, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente foi procurada por uma equipe de profissionais de not�ria especializa��o, o que permitiu que a pasta requisitasse a contrata��o direta da equipe, mediante inexigibilidade de licita��o”, diz o texto.

Depois de pronto, o processo foi encaminhado � Procuradoria-Geral do Munic�pio, que aprovou o parecer nesta semana, dentro do prazo legal. Ap�s an�lise, o Ibama deve liberar amanh� a licen�a para manejo de animais silvestres.



INVESTIGA��O Enquanto a capital tenta se mobilizar para enfrentar o problema das capivaras, a  Secretaria de Sa�de de Contagem instaurou inqu�rito administrativo para apurar se houve neglig�ncia ou falha no atendimento � v�tima da febre maculosa que morava na cidade. O paciente procurou atendimento no posto de sa�de do Bairro Ressaca em 17 de outubro, foi medicado, liberado e orientado a retornar ao local em caso de se sentir mal novamente.

Depois, recorreu a uma cl�nica particular em BH, onde foi orientado a ir a uma unidade de urg�ncia e emerg�ncia. Novamente em Contagem, foi � unidade de pronto-atendimento (UPA) do Bairro JK, onde foi atendido e transferido para o Hospital Municipal Santa Rita, onde faleceu. “Se confirmada alguma falha, medidas ser�o adotadas”, disse o secret�rio municipal de Sa�de, Bruno Diniz, acrescentando que a prefeitura emitiu nota t�cnica para as institui��es de sa�de alertando sobre procedimentos no caso de pacientes com sintomas de maculosa.

Reprodu��o sem controle

Enquanto as medidas do poder p�blico se arrastam para enfrentar o desafio das capivaras em �rea urbana, os animais proliferam livremente em ambientes como as margens da Pampulha. A esp�cie d� cria duas vezes por ano, podendo gerar de quatro a oito filhotes por gesta��o, no total de at� 16 animais por f�mea/ano. No caso espec�fico da Pampulha, a reprodu��o sempre foi intensa, pois os roedores n�o encontram tantos predadores quanto no meio silvestre, tendo � disposi��o muita �gua e alimento farto na orla da lagoa.