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Estado de Minas

Moradores de Bento Rodrigues participam de missa campal na comunidade destru�da pela lama

Cerim�nia em homenagem aos 19 mortos pelo rompimento da Barragem do Fund�o faz parte de missas que ser�o feitas ao longo do dia em Mariana e outras cidades atingidas pelos rejeitos


postado em 05/11/2017 12:48 / atualizado em 06/11/2017 10:05

Escombros da Igreja de São Bento, padroeiro local e cuja imagem do século 18 nunca foi encontrada, foram palco de homenagem aos 19 mortos(foto: Jair Amaral/EM/DA Press)
Escombros da Igreja de S�o Bento, padroeiro local e cuja imagem do s�culo 18 nunca foi encontrada, foram palco de homenagem aos 19 mortos (foto: Jair Amaral/EM/DA Press)
Bento Rodrigues – Eram 19 cruzes brancas, com nomes e sobrenomes escritos em preto, cada uma representando uma vida destru�da, h� exatos dois anos, pelo rompimento da Barragem do Fund�o, em Mariana, na Regi�o Central, a maior trag�dia socioambiental da hist�ria do Brasil. Com os olhos traduzindo dor, pedido de Justi�a e muita esperan�a, amigos e parentes das v�timas do subdistrito de Bento Rodrigues, o mais afetado, e de outros da regi�o prestaram homenagem � mem�ria dos mortos, durante missa celebrada, no in�cio da tarde de ontem, num espa�o que representa a pr�pria alma da comunidade: as ru�nas da Igreja de S�o Bento, padroeiro local e cuja imagem do s�culo 18 nunca foi encontrada.

Antes de a celebra��o eucar�stica come�ar, formou-se uma fila na entrada das ru�nas, que est�o cobertas por uma tenda, e, a cada nome falado no microfone, a pessoa se dirigia ao altar montado por moradores de Bento Rodrigues levando a cruz. Depois, todos unidos gritaram bem alto: “N�o foi acidente! Foi crime!”. Trazendo a cruz com o nome da sua m�e, Maria das Gra�as Celestino, ent�o com 64 anos, Marly de F�tima Fel�cio Felipe, de 33, casada e com dois filhos, disse que seu �nico desejo � justi�a. “J� passamos muita tristeza e dor”, resumiu.

Ap�s c�ntico de hinos, o padre Geraldo Barbosa, a Arquidiocese de Mariana, foi at� o altar e disse que a missa trazia a mem�ria de dois anos de conflitos, de ang�stia e esperan�a. “Temos que olhar para a frente, n�o apenas em Minas, mas em todas as localidades afetadas ao longo do Rio Doce, at� o Esp�rito Santo”. A emo��o permeou toda a cerim�nia, assim como o sentimento de decep��o das fam�lias de Bento Rodrigues, que, conforme eles, at� hoje n�o foram atendidas em seus anseios, principalmente quanto � constru��o das novas casas e o reassentamento. Carregando o primeiro objeto sacro, um crucifixo de metal, encontrado por ele na lama que vazou da barragem da mineradora Samarco, controlada pela Vale e BHP Billinton, o zelador do templo, Filomeno da Silva, de 83, lembrou que a pe�a � um s�mbolo de luta e esperan�a. “A frustra��o continua a mesma”, confessou.

Missa campal pela passagem de dois anos do rompimento da Barragem do Fundão é celebrada na área destruída pela lama que vazou da Barragem de Fundão(foto: Jair Amaral/EM/DA Press)
Missa campal pela passagem de dois anos do rompimento da Barragem do Fund�o � celebrada na �rea destru�da pela lama que vazou da Barragem de Fund�o (foto: Jair Amaral/EM/DA Press)
Atuante na comiss�o dos atingidos pela cat�strofe ambiental, M�nica Quint�o explicou que a celebra��o da missa, nas ru�nas da capela de mais de 300, foi uma exig�ncia dos moradores. “Ontem (s�bado), montamos tudo, inclusive cobrindo o piso original com placas de madeira. Fizemos a solicita��o � dire��o da Funda��o Renova, que colocou muitos empecilhos, dizendo que seria perigoso. Resolvemos fazer por nossa conta, correr o risco”, disse M�nica. Em v�rios pontos da capela improvisada, a comunidade distribuiu cartazes sinalizando indigna��o. Tr�s deles revelavam parte dessa trajet�ria: “N�o desistimos de lutar. Jamais se matar� a hist�ria, a cultura e a mem�ria de um lugar”; “Ainda temos atingidos com direitos negados pelas empresas. At� quando?”; e “Dois anos de impunidade. Queremos nossos direitos. N�o trocamos nossa hist�ria pela lama. Chega de incertezas”.

SEGURAN�A Em nota, a Funda��o Renova informou que n�o houve empecilhos, mas preocupa��o com a seguran�a. E que “ofereceu toda a estrutura externa para a realiza��o da missa, disponibilizando fornecimento de �gua, banheiros qu�micos e de ambul�ncia”. E mais: Laudo t�cnico foi enviado para a Arquidiocese de Mariana, para o Minist�rio P�blico de Patrim�nio, para a Defesa Civil e para a Comiss�o dos Atingidos de Mariana, informou sobre a exist�ncia de riscos. “Paralelamente, a Renova ofereceu estrutura de tendas e altar do lado externo. Mas os moradores optaram por assumir a responsabilidade e realizar a missa no interior (da igreja). O prazo para a entrega do reassentamento est� mantido para o primeiro semestre de 2019. A expectativa � de que as obras tenham in�cio no primeiro trimestre de 2018.

Escombros da Igreja de São Bento, padroeiro local e cuja imagem do século 18 nunca foi encontrada, foram palco de homenagem aos 19 mortos(foto: Jair Amaral/EM/DA Press)
Escombros da Igreja de S�o Bento, padroeiro local e cuja imagem do s�culo 18 nunca foi encontrada, foram palco de homenagem aos 19 mortos (foto: Jair Amaral/EM/DA Press)


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