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Estado de Minas

Polui��o do Rio Doce cresceu no �ltimo ano: 88,9% da �gua est� comprometida

Piora na qualidade da �gua no �ltimo ano indica que a��es para reparar danos provocados pelo rompimento de Fund�o s�o insuficientes e que agress�es ao manancial cresceram


postado em 08/11/2017 06:00 / atualizado em 08/11/2017 08:33

Pesquisadores da Fundação SOS Mata Atlântica colhem amostras no Rio Doce: 88,9% das águas têm qualidade ruim ou péssima, índice que em 2016 era de 53% (foto: Fundação SOS Mata Atlântica/Divulgação)
Pesquisadores da Funda��o SOS Mata Atl�ntica colhem amostras no Rio Doce: 88,9% das �guas t�m qualidade ruim ou p�ssima, �ndice que em 2016 era de 53% (foto: Funda��o SOS Mata Atl�ntica/Divulga��o)
Estudo da Funda��o SOS Mata Atl�ntica afirma que houve aumento da polui��o da Bacia do Rio Doce, que estaria hoje com 88,9% de suas �guas comprometidas, depois de dois anos do rompimento da Barragem do Fund�o, da mineradora Samarco, em Mariana, Regi�o Central de Minas Gerais. Para a coordenadora e especialista em �gua da entidade, Malu Ribeiro, as a��es adotadas para o reparo dos danos na bacia est�o aqu�m da dimens�o do desastre ambiental. A isso, soma-se a longa estiagem, que dificulta o carreamento dos rejeitos lan�ados no manancial.

“Primeiro a mineradora transferiu a responsabilidade para a Funda��o Renova que, por vez, apresentou uma resposta t�cnica t�mida, muito inconsistente, deixando para a natureza a atribui��o da autorrecupera��o, por meio das chuvas. E, definitivamente, a bacia n�o tem essa capacidade”, disse a pesquisadora. Sem as chuvas, al�m de os sedimentos n�o serem carreados, ocorre a concentra��o de metais pesados, n�o decantados, por diminuir a capacidade de dilui��o do material poluente, explica Malu Ribeiro.

A pesquisadora aponta ainda a continuidade da degrada��o da bacia, situa��o que j� ocorria antes do desastre em Mariana, que pode ter aumentado frente � “passividade” de autoridades em rela��o ao rompimento de Fund�o, que em algumas falas minimizaram o desastre, sugerindo ter sido um acidente. A pesquisadora fez uma analogia da Bacia do Rio Doce a um paciente em estado grave. “Levaram o paciente para o UTI e desligaram o respirador”, comparou.

"Como podem afirmar que as �guas t�m qualidade para consumo humano se os peixes dessas �reas n�o podem ser consumidos? Se um est� contaminado, o outro tamb�m"

Malu Ribeiro, coordenadora e especialista em �gua do SOS Mata Atl�ntica

O estudo da Funda��o SOS Mata Atl�ntica considerou a coleta de amostras em 18 pontos da bacia, entre 11 e 20 de outubro. Foi a terceira expedi��o t�cnica da funda��o, que nesta edi��o registrou que 88,9% dos locais de coleta apresentaram qualidade de �gua entre ruim ou p�ssima. Apenas 11,1% das amostras tinham condi��es de n�vel regular. No ano anterior, o �ndice foi de 53%. Em 2015, dias depois da trag�dia, 88,9% dos pontos de coletas tinham p�ssima qualidade da �gua.

A pesquisa concluiu que nos 18 pontos monitorados, a qualidade da �gua est� impr�pria para consumo humano e usos m�ltiplos, como pesca, irriga��o e produ��o de alimentos. Apenas tr�s pontos apresentam conformidade com o padr�o definido na legisla��o brasileira para turbidez, um dos indicadores diretamente associado ao impacto da lama de rejeito de min�rios. “Precisamos de transpar�ncia nos resultados apresentados pela Renova e �rg�os governamentais do setor de meio ambiente estaduais e federal. Como podem afirmar que as �guas t�m qualidade para consumo humano se os peixes dessas �reas n�o podem ser consumidos? Se um est� contaminado, o outro tamb�m”, pontuou Malu.

Ainda conforme a pesquisa da SOS Mata Atl�ntica, em sete dos 16 pontos que apresentam qualidade de �gua p�ssima e ruim foi constatada aus�ncia de vida aqu�tica, como girinos, sapos e peixes. “Nesses locais, o espelho d’�gua estava repleto de insetos e pernilongos, vetores de graves problemas de sa�de p�blica, como a dengue, zika, chikungunya e febre amarela”, observa a pesquisadora.

A equipe da funda��o percorreu o rastro da lama por 733 quil�metros ao longo de todo o rio Doce, desde os seus formadores – os rios Gualaxo do Norte, Piranga e Carmo – a uma centena de afluentes que formam a bacia e banham 29 munic�pios e distritos dos estados de Minas Gerais e Esp�rito Santo. Apesar de visualmente a �gua estar mais clara, Malu Ribeiro explica que o sedimento de rejeito de min�rio est� presente em todo o leito do rio e, por ser muito fino, qualquer movimento das �guas faz com que ele fique em suspens�o, aumentando novamente a turbidez para �ndices impr�prios.

Por meio de nota, a Funda��o Renova, respons�vel pelas a��es de reparo dos danos ambientais do desastre, afirmou que “a �gua do Rio Doce est� pr�pria para consumo, desde que tratada pelas concession�rias respons�veis (SAAE e Copasa), e os par�metros s�o semelhantes ao registrado antes do rompimento da Barragem do Fund�o.” E garantiu que os monitoramentos realizados em 92 pontos de coleta ao longo da bacia s�o acompanhados e fiscalizados por �rg�os ambientais. “A Bacia do Rio Doce � a mais monitorada do Brasil. Os dados s�o enviados em tempo real e em relat�rios trimestrais aos �rg�os ambientais, dentro do Programa de Monitoramento Quali-quantitativo Sistem�tico (PMQQS) de �gua e sedimentos”, disse.

“De acordo com o �ltimo relat�rio do Igam (Instituto Mineiro de Gest�o de �guas), de setembro, os dados de turbidez no Rio Doce se mant�m abaixo do limite legal, que � de 100 ntu (unidades nefelom�tricas de turbidez), na maioria das esta��es de coleta de dados”, destaca a nota.


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