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Estado de Minas

Vizinhos da Barragem Casa de Pedra, em Congonhas, t�m medo e ins�nia

Comunidades em risco n�o contam com sirenes de alarme, nem treinamento de fuga ou outras a��es de preven��o


postado em 09/11/2017 06:00 / atualizado em 10/11/2017 10:41

Quem mora perto da barragem da CSN, como Olga Araújo, se queixa de insegurança e falta de informação oficial(foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press)
Quem mora perto da barragem da CSN, como Olga Ara�jo, se queixa de inseguran�a e falta de informa��o oficial (foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press)

Congonhas – A apenas 250 metros de um maci�o de quase 80 metros de altura que ret�m 9,2 milh�es de metros c�bicos de rejeitos de minera��o, a aposentada Olga Ara�jo, de 69 anos, n�o arreda p� da casa onde vive com o marido h� 10 anos. Moradora do Bairro Eldorado, ela tem sua casa como a primeira na linha de alcance de um eventual rompimento da Barragem de Casa de Pedra, em Congonhas, caso o pior ocorra no barramento do munic�pio da Regi�o Central de Minas Gerais. “Nunca nos falaram nada, nem nos orientaram. A gente ouve dizer sobre os problemas, que a barragem pode romper. Assiste o que teve em Mariana, mas n�o quer acreditar. N�o dorme, mas sonha que se tiver um barulho estranho, vamos destruir a parede de onde dormimos, no segundo andar, e fugir”, afirma.

Do lote onde ela vive, escuta-se n�o apenas o ronco dos motores dos caminh�es e tratores da Companhia Sider�rgica Nacional (CSN) trabalhando para reparar as estruturas que se encontram fragilizadas na barragem, mas tamb�m conversas por vezes preocupantes de trabalhadores que tamb�m operam sob risco. “A gente escuta que eles tamb�m est�o na mesma situa��o (com medo)”, conta.

"Se uma barragem dessas estourar, acabou para mim, que moro aqui com meu filho. Se for de dia, a gente ainda tem a esperan�a de fugir, de tentar escapar de moto, mas se for de noite, n�o sei se conseguir�amos"

Marinho Manoel da Silva Azevedo, de 43 anos

O local onde ela mora � uma pequena propriedade rural com hortas e pomares e que, segundo a aposentada, j� tem sofrido com as tentativas de corre��o de terreno feitas pela mineradora. “A gente tinha uma nascente de �guas que era muito boa, mas que secou desde as obras. Agora, estamos buscando �gua terr�vel, salobra, a 600 metros de n�s. Piorou demais essa vida nossa”, desabafa.

O movimento de oper�rios nos dois pontos da barragem sob observa��o � intenso e n�o para por um minuto. Inclusive nos montes naturais onde a Barragem de Sela se apoia, tratores, escavadeiras, motoniveladores e outros equipamentos pesados tentam refor�ar e conformar as conten��es. No maci�o principal da barragem, no entanto, n�o h� obras ou indica��o de problemas graves, mas n�o se sabe se um eventual rompimento do dique poderia afetar essa estrutura, agravando ainda mais a situa��o da conten��o dos rejeitos e a seguran�a da comunidade. O primeiro a ser atingido por um eventual rompimento de potencial catastr�fico seria o Rio Maranh�o, afluente do Alto Rio das Velhas, que des�gua no Rio Paraopeba e pode atingir e o Rio S�o Francisco em caso de desastre.

Vivendo na beira do Rio Maranh�o, o aut�nomo Marinho Manoel da Silva Azevedo, de 43 anos, diz n�o ter sossego desde que se mudou. “Quando chove, as enchentes normais j� nos causam problemas, como inunda��es. Se uma barragem dessas estourar, acabou para mim, que moro aqui com meu filho. Se for de dia, a gente ainda tem a esperan�a de fugir, de tentar escapar de moto, mas se for de noite, n�o sei se conseguir�amos”, diz. “Ningu�m aqui no nosso bairro (Cristo Rei) dorme de noite. A gente escuta qualquer barulho de caminh�o despejando terra ou pedras e levanta na hora do travesseiro. A gente s� descansa, n�o dorme. E ningu�m da empresa nunca veio aqui para nos falar o que fazer, se estamos em perigo. � uma agonia”, disse. (Colaborou Landercy Hemerson)


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