
Em Belo Horizonte, os dados tamb�m chamam a aten��o: somente nos primeiros oito meses deste ano, 6.356 pessoas sofreram algum tipo de evento adverso nos hospitais p�blicos, particulares e da sa�de suplementar, n�mero que j� representa 82,6% de todo o ano passado. Nem todos os casos resultam em morte. A Secretaria Municipal de Sa�de de Belo Horizonte n�o informou o n�mero de �bitos. Al�m disso, a m�dia di�ria tem sido crescente nos �ltimos anos. Enquanto em 2015 o �ndice foi de 9,3 eventos adversos di�rios por essa raz�o, o �ndice chegou a 21 em 2016 e a 26,4 entre janeiro e outubro deste ano. Em 2014, com 378 eventos adversos, a m�dia era de apenas um por dia. A diferen�a, entretanto, � tratada pela Secretaria Municipal de Sa�de como resultado de capacita��o oferecida a gestores e t�cnicos da rede para melhorar as notifica��es. Os principais tipos de incidentes/eventos adversos notificados na rede de hospitais de BH s�o classificados como falhas durante a assist�ncia � sa�de, �lcera por press�o, queda do paciente, falha na identifica��o do paciente, entre outros.
No Brasil, apesar de alta, a taxa est� abaixo dos 400 mil �bitos por ano registrados nos Estados Unidos por eventos adversos, apesar de aquele pa�s ter popula��o 55% maior que a brasileira. Nos EUA, os n�meros representam 1.096 mortes por dia por essa causa, o que a colocam como o terceiro principal motivo de morte no pa�s, atr�s de doen�as cardiovasculares e do c�ncer.
"N�o h� como saber quantas infec��es hospitalares foram registradas no �ltimo ano, qual � a m�dia de �bitos por diagn�stico, qual � a m�dia de reinterna��es e por a� afora"
Luiz Augusto Carneiro, superintendente executivo do IESS
“O n�mero de mortes por eventos adversos em hospitais brasileiros representam uma epidemia. Uma epidemia que assola tamb�m o mundo inteiro e que tem causas evit�veis”, afirma o m�dico Renato Couto, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e um dos respons�veis pelo estudo. Ele ressalta, no entanto, que o n�mero de mortes por essa causa tem sido crescente porque o pa�s consegue tratar de mais pessoas, e de forma melhor, que d�cadas atr�s. “H� 40 anos, por exemplo, n�o t�nhamos muito o que fazer para tratar pacientes e muitas pessoas morriam das doen�as que tinham. Hoje temos tecnologia e medicamentos, mas ainda precisamos melhorar procedimentos e resultados e isso � um processo”, afirma.
Ele acrescenta que a diferen�a do Brasil para outras na��es de primeiro mundo � que nesse �ltimo caso a sociedade est� envolvida na solu��o do problema e o hospital � s� o cen�rio. “Assim, a institui��o n�o � a culpada e todos os funcion�rios da sa�de e sociedade civil se unem para diminuir as mortes por eventos adversos.” O m�dico destaca tamb�m que falta clareza sobre o assunto e medidas efetivas para enfrent�-lo. “No caso brasileiro, apesar dos esfor�os, h� pouca transpar�ncia sobre essas informa��es e, sem clareza sobre o tamanho do problema, fica muito dif�cil come�ar a enfrent�-lo.”
O estudo contratado pelo Instituto de Estudos de Sa�de Suplementar (IESS) foi produzido pela Faculdade de Medicina da UFMG. Segundo o superintendente executivo do IESS, Luiz Augusto Carneiro, � preciso estabelecer um debate nacional sobre a qualidade dos servi�os prestados na sa�de, com base em par�metros de mensura��o de desempenho dos prestadores. Ele lembra que, quando algu�m escolhe um determinado hospital para se internar, essa decis�o se baseia apenas em uma percep��o de qualidade, na recomenda��o de um m�dico ou na opini�o de conhecidos. Mas ningu�m tem condi��es de garantir que aquele prestador realmente � qualificado, simplesmente porque n�o temos indicadores de qualidade claros e amplamente conhecidos, como acontece em outros pa�ses. “N�o h� como saber quantas infec��es hospitalares foram registradas no �ltimo ano, qual � a m�dia de �bitos por diagn�stico, qual � a m�dia de reinterna��es e por a� afora”, critica Carneiro.
Ainda de acordo com o Anu�rio, as v�timas mais frequentes de eventos adversos s�o pacientes com menos de 28 dias de vida ou mais de 60 anos. As infec��es hospitalares respondem por 14,7% das ocorr�ncias.
DIAGN�STICO PREOCUPANTE
Entenda a representatividade de ‘eventos adversos’, como infec��o hospitalar, uso incorreto de equipamentos ou falhas na dosagem de medicamentos, no total de mortes registradas em hospitais particulares do pa�s
Eventos adversos, como s�o definidos incidentes que na maioria das vezes poderiam ter sido evitados, s�o a segunda maior causa de morte no pa�s, atr�s apenas das doen�as cardiovasculares
Causas de mortes por dia em hospitais do Brasil
» Eventos adversos – 829 (3 mortos a cada 5 minutos)
» Doen�as cardiovasculares - 950
» C�ncer - 480 a 520
» Acidentes de tr�nsito - 129
» Mortes violentas - 164 (por homic�dio e latroc�nio, entre outros)
Tipo de evento adverso mais frequente
» Infec��o Hospitalar - 14,7%
» Causas n�o infeciosas – 85,3%
O estudo
» Intervalo da pesquisa – 1/7/2016 a 30/6/2017
» 133 hospitais em todas as regi�es do pa�s
» 7.685.748 benefici�rios
» 240.128 interna��es
Raio-x da interna��o no Brasil (207,7 milh�es de moradores)
» 19,1 milh�es de brasileiros internados em hospitais ao longo de 2016
» 1,4 milh�o sofreram ao menos um evento adverso
» 302,6 mil brasileiros faleceram em hospitais p�blicos ou privados como consequ�ncia de um evento adverso em 2016
» 70% dos �bitos dessas v�timas s�o determinados pelo evento
» R$ 10,9 bi gastos com eventos adversos poderiam ter sido mais bem aplicados
» 28 dias de vida ou mais de 60 anos s�o as faixas et�rias das v�timas mais frequentes de eventos adversos
» 60% das falhas s�o evit�veis
Raio-x da interna��o no mundo
» 421 milh�es de interna��es hospitalares anualmente
» 42,7 milh�es de eventos adversos
Raio-x da interna��o nos EUA (323,1 milh�es de moradores)
» 400 mil �bitos por ano por eventos adversos, ou 1.096 por dia.
» 3ª causa de morte mais comum no pa�s, atr�s de doen�as cardiovasculares e do c�ncer
Fonte: Instituto de Estudos de Sa�de Suplementar (IESS) e Faculdade de Medicina da UFMG