
S�bado de sol, 11h. O menino passa acelerado no seu velotrol e imita o barulho do motor de um carro, tremendo os l�bios. Circula uma, duas vezes, at� voltar ao aconchego da m�e, que abre os bra�os para ganhar um beijo carinhoso. A poucos metros dali, o senhor de cabelos grisalhos levanta uma crian�a no ar, canta m�sica animada e convida o neto para ir ao parquinho de brinquedos. “Eba!”, ele grita de contentamento. Nenhum desses sons, no entanto, desperta do sono o morador em situa��o de rua que faz “meia-noite”, como se diz popularmente, deitado sobre o colch�o � sombra do coreto, equipamento charmoso da Pra�a Carlos Chagas, mais conhecida como Pra�a da Assembleia, por ficar ao lado da sede do Legislativo estadual (ALMG), no Bairro Santo Agostinho, na Regi�o Centro-Sul da capital.
“O maior problema � a falta de manuten��o. Recentemente, a associa��o gastou R$ 22 mil na reforma dos brinquedos do parquinho, mas n�o temos recursos para fazer tudo. Os equipamentos de gin�stica, por exemplo, j� est�o estragados e os banheiros nunca foram abertos. Quem precisa us�-los ou volta para casa ou, durante a semana, usa os da Assembleia”, diz Laender. Num contato direto com a Regional Centro-Sul, houve melhoramentos, reconhece o presidente, principalmente em rela��o � limpeza urbana e atua��o dos ambulantes. Uma das esperan�as dos associados � que o espa�o seja adotado, dentro do programa da PBH, pela ALMG, e h� pedidos nesse sentido. “A pra�a precisa, na verdade, de um gerente”, resume. “Houve avan�os na ilumina��o, mas precisa melhorar”, acrescenta.
ROUPAS NO MURO No lado da Avenida Barbacena, uma mulher lava roupas e vai pendurando as pe�as, tranquilamente, na mureta, como se fosse o quintal de sua casa. Um rapaz se exercita no aparelho de gin�stica, finge que n�o v� nada e desconversa: “N�o conhe�o esse pessoal, n�o”. No lado da Rua Rodrigues Caldas, perto do parque de brinquedos, mendigos se sentem em casa, e alguns se incomodam, quando o fot�grafo chega perto. E tem mais: brinquedos quebrados, ambulantes ocupando grandes espa�os e falta de seguran�a � noite, quanto muita gente sai do trabalho e faz caminhada ou corrida.
Localizada numa das regi�es mais nobres da cidade, ao lado da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), da� o apelido, a Pra�a Carlos Chagas se enche de fam�lias diariamente, ganhando mais movimento nos fins de semana. � o lugar preferido do economista Jo�o Paulo Campos, morador da Avenida Barbacena, para curtir as filhas Carolina, de 3 anos, e Lu�sa, de 2, com a mulher Natacha. No passeio, a fam�lia n�o deixa de levar a cadelinha de estima��o. “� �timo ficar aqui, mas est� havendo depreda��o”, lamenta Jo�o Paulo, mostrando picha��es no coreto, que est� bem no seu campo de vis�o.
“� uma situa��o dif�cil. A fiscaliza��o (da Prefeitura de Belo Horizonte) vem, mas os problemas voltam. No caso do coreto, os moradores de rua costumam deixar restos de comida, acendem fogo. As lixeiras ficam cheias demais e transbordam, pois n�o comportam tantos res�duos”, diz o economista, que n�o deixa de ir � pra�a. “As meninas gostam demais, fizeram amigos. Outro dia, vieram a um anivers�rio de um desses novos coleguinhas, comemoraram aqui. Isso � bacana”, afirma o pai, certo de que manuten��o permanente � essencial para garantir o lazer da popula��o.

O engenheiro Luciano Ferreira, morador do bairro, tamb�m reclamou da manuten��o. “Deixa muito a desejar. Trouxe muita sobrinha Loara, de 3, para brincar no parquinho, mas fico receoso. Outro dia, ela queria ir no cavalinho e estava quebrado”, disse Luciano, que gosta de correr � noite, mas fica vigilante.
FISCAIS Enquanto as fam�lias apontavam os pontos de deteriora��o do espa�o p�blico, um dos mais queridos da cidade, um grupo de agentes de campo da PBH circulava pela Pra�a Carlos Chagas. Segundo t�cnicos da Regional Centro-Sul, os brinquedos da Pra�a Carlos Chagas sofrem depreda��es constantemente. Em nota, informam que, “em 22 de setembro, todos os brinquedos do local foram reformados em parceria com a Amagost e, infelizmente, sofreram com a��o de depredadores. Uma equipe dever� vistoriar o local e tomar as medidas para a recupera��o dos mesmos”. A ger�ncia esclarece ainda que h� “um enorme interesse da PBH em encontrar adotantes via programa Adote o Verde, por�m ainda n�o encontrou parceiros para a manuten��o”.

Sobre a seguran�a noturna, a Guarda Municipal informa que mant�m nove viaturas para fazer atuar na Regi�o Centro-Sul, com uma exclusiva para o conjunto de pra�as durante a noite e madrugada. Al�m disso, h� fiscaliza��o por meio das c�meras do Centro de Opera��es da Prefeitura (COP).
Mem�ria
Em 18 de junho de 2011, o Estado de Minas noticiava que quase 4 mil pessoas j� haviam dados sugest�es para a requalifica��o da Pra�a Carlos Chagas, no Bairro Santo Agostinho, na Regi�o Centro-Sul de BH. A interven��o foi feita com recursos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Entre os pontos mais apontados para interven��o e exigindo aten��o das autoridades estavam seguran�a, ilumina��o p�blica e outros. Tr�s anos depois, uma equipe da empresa de engenharia respons�vel pelo servi�o deu a largada com supervis�o da Superintend�ncia de Desenvolvimento da Capital (Sudecap). A ideia era que ela ficasse pronta para a Copa do Mundo 2014, mas o cronograma n�o foi cumprido. O projeto de requalifica��o contemplou a cria��o de um novo playground e um espa�o para lazer e sociabilidade de idosos, al�m de outros melhoramentos.