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Estado de Minas BH 120

Na Pra�a da Assembleia, quem busca lazer convive com sujeira e falta de manuten��o

Visitantes em busca de lazer disputam espa�o com ambulantes e moradores de rua na �rea p�blica ao lado da Assembleia de Minas. Depreda��o avan�a e associa��o sonha com ado��o


postado em 27/11/2017 06:00 / atualizado em 27/11/2017 07:56

Cena do dia a dia da Praça da Assembleia: ocupado por moradores em situação de rua, o charmoso coreto oferece pouco espaço para outros frequentadores(foto: Jair Amaral/EM/DA Press)
Cena do dia a dia da Pra�a da Assembleia: ocupado por moradores em situa��o de rua, o charmoso coreto oferece pouco espa�o para outros frequentadores (foto: Jair Amaral/EM/DA Press)

S�bado de sol, 11h. O menino passa acelerado no seu velotrol e imita o barulho do motor de um carro, tremendo os l�bios. Circula uma, duas vezes, at� voltar ao aconchego da m�e, que abre os bra�os para ganhar um beijo carinhoso. A poucos metros dali, o senhor de cabelos grisalhos levanta uma crian�a no ar, canta m�sica animada e convida o neto para ir ao parquinho de brinquedos. “Eba!”, ele grita de contentamento. Nenhum desses sons, no entanto, desperta do sono o morador em situa��o de rua que faz “meia-noite”, como se diz popularmente, deitado sobre o colch�o � sombra do coreto, equipamento charmoso da Pra�a Carlos Chagas, mais conhecida como Pra�a da Assembleia, por ficar ao lado da sede do Legislativo estadual (ALMG), no Bairro Santo Agostinho, na Regi�o Centro-Sul da capital.

Segunda maior pra�a de BH, conforme a Belotur – a primeira � a Pra�a do Papa, no Mangabeiras, na mesma regi�o, a Carlos Chagas tem 33,7 mil metros quadrados e � das mais frequentadas, ressalta o presidente da Associa��o dos Moradores e Amigos do Bairro Santo Agostinho (Amagost), o m�dico Rodrigo Laender. Ele explica que o espa�o p�blico foi reentregue � comunidade h� dois anos e meio, depois de obras que demandaram consulta popular. Entre os destaques da �rea, est�o os jardins de Burle Marx (1909-1994), tombados pelo patrim�nio hist�rico, escultura em a�o de Amilcar de Castro (1920-2002) com o s�mbolo da ALMG e, no centro, a Igreja de Nossa Senhora de F�tima. Para celebrar os 120 anos de Belo Horizonte – o anivers�rio � no dia 12 –, o Estado de Minas vai mostrar v�rias pra�as de BH, pontos de lazer, descanso e conv�vio da popula��o.

“O maior problema � a falta de manuten��o. Recentemente, a associa��o gastou R$ 22 mil na reforma dos brinquedos do parquinho, mas n�o temos recursos para fazer tudo. Os equipamentos de gin�stica, por exemplo, j� est�o estragados e os banheiros nunca foram abertos. Quem precisa us�-los ou volta para casa ou, durante a semana, usa os da Assembleia”, diz Laender. Num contato direto com a Regional Centro-Sul, houve melhoramentos, reconhece o presidente, principalmente em rela��o � limpeza urbana e atua��o dos ambulantes. Uma das esperan�as dos associados � que o espa�o seja adotado, dentro do programa da PBH, pela ALMG, e h� pedidos nesse sentido. “A pra�a precisa, na verdade, de um gerente”, resume. “Houve avan�os na ilumina��o, mas precisa melhorar”, acrescenta.

ROUPAS NO MURO No lado da Avenida Barbacena, uma mulher lava roupas e vai pendurando as pe�as, tranquilamente, na mureta, como se fosse o quintal de sua casa. Um rapaz se exercita no aparelho de gin�stica, finge que n�o v� nada e desconversa: “N�o conhe�o esse pessoal, n�o”. No lado da Rua Rodrigues Caldas, perto do parque de brinquedos, mendigos se sentem em casa, e alguns se incomodam, quando o fot�grafo chega perto. E tem mais: brinquedos quebrados, ambulantes ocupando grandes espa�os e falta de seguran�a � noite, quanto muita gente sai do trabalho e faz caminhada ou corrida.

Localizada numa das regi�es mais nobres da cidade, ao lado da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), da� o apelido, a Pra�a Carlos Chagas se enche de fam�lias diariamente, ganhando mais movimento nos fins de semana. � o lugar preferido do economista Jo�o Paulo Campos, morador da Avenida Barbacena, para curtir as filhas Carolina, de 3 anos, e Lu�sa, de 2, com a mulher Natacha. No passeio, a fam�lia n�o deixa de levar a cadelinha de estima��o. “� �timo ficar aqui, mas est� havendo depreda��o”, lamenta Jo�o Paulo, mostrando picha��es no coreto, que est� bem no seu campo de vis�o.

“� uma situa��o dif�cil. A fiscaliza��o (da Prefeitura de Belo Horizonte) vem, mas os problemas voltam. No caso do coreto, os moradores de rua costumam deixar restos de comida, acendem fogo. As lixeiras ficam cheias demais e transbordam, pois n�o comportam tantos res�duos”, diz o economista, que n�o deixa de ir � pra�a. “As meninas gostam demais, fizeram amigos. Outro dia, vieram a um anivers�rio de um desses novos coleguinhas, comemoraram aqui. Isso � bacana”, afirma o pai, certo de que manuten��o permanente � essencial para garantir o lazer da popula��o.

Apesar dos problemas, local é o preferido de João Paulo e as filhas, Carolina e Luísa(foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)
Apesar dos problemas, local � o preferido de Jo�o Paulo e as filhas, Carolina e Lu�sa (foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)
Brincando com a filha Laura, de 3, no escorregador, o administrador de empresas Felipe Campos, morador pr�ximo da pra�a, diz que o quadro piora � noite, e obriga o cidad�o a acender o sinal amarelo de aten��o. “Aqui � bom, mas poderia ser melhor. Tem que ficar de olho para a crian�a n�o se machucar.” Morador do Bairro Buritis, na Regi�o Oeste, o engenheiro Luciano Nunes Oliveira Alves conheceu a pra�a, na semana passada, mas se decepcionou ao tentar brincar com a filha Luana, de um ano e meio, no balan�o. “Pena que est� quebrado”, disse Luciano, na expectativa de outra gangorra vagar. “Trata-se um espa�o bacana para trazer a fam�lia, mas � preciso conservar”, avaliou Luciano.

O engenheiro Luciano Ferreira, morador do bairro, tamb�m reclamou da manuten��o. “Deixa muito a desejar. Trouxe muita sobrinha Loara, de 3, para brincar no parquinho, mas fico receoso. Outro dia, ela queria ir no cavalinho e estava quebrado”, disse Luciano, que gosta de correr � noite, mas fica vigilante.

FISCAIS Enquanto as fam�lias apontavam os pontos de deteriora��o do espa�o p�blico, um dos mais queridos da cidade, um grupo de agentes de campo da PBH circulava pela Pra�a Carlos Chagas. Segundo t�cnicos da Regional Centro-Sul, os brinquedos da Pra�a Carlos Chagas sofrem depreda��es constantemente. Em nota, informam que, “em 22 de setembro, todos os brinquedos do local foram reformados em parceria com a Amagost e, infelizmente, sofreram com a��o de depredadores. Uma equipe dever� vistoriar o local e tomar as medidas para a recupera��o dos mesmos”. A ger�ncia esclarece ainda que h� “um enorme interesse da PBH em encontrar adotantes via programa Adote o Verde, por�m ainda n�o encontrou parceiros para a manuten��o”.

Vizinho da Carlos Chagas, Luciano brinca com Laura, mas reclama da falta de manutenção(foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)
Vizinho da Carlos Chagas, Luciano brinca com Laura, mas reclama da falta de manuten��o (foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)
Sobre os moradores em situa��o de rua, a secret�ria de Pol�tica Urbana, Maria Caldas, explica que a popula��o em situa��o de rua triplicou: “Hoje, s�o 6 mil pessoas, enquanto a estrutura para acolhimento � a mesma de 20 anos atr�s”. Assim, a PBH, por meio de v�rios setores, est� fazendo uma grande a��o para amplia��o de vagas. No caso da pra�a, conta que foram feitas abordagens, apreendimentos materiais e um abrigo improvisado. Na quarta-feira, houve nova a��o, mas, devido � chuva forte, uma barraca ficou no local. A secret�ria adianta que est�o previstas novas abordagens na Carlos Chagas.

Sobre a seguran�a noturna, a Guarda Municipal informa que mant�m nove viaturas para fazer atuar na Regi�o Centro-Sul, com uma exclusiva para o conjunto de pra�as durante a noite e madrugada. Al�m disso, h� fiscaliza��o por meio das c�meras do Centro de Opera��es da Prefeitura (COP).

Mem�ria


Em 18 de junho de 2011, o Estado de Minas noticiava que quase 4 mil pessoas j� haviam dados sugest�es para a requalifica��o da Pra�a Carlos Chagas, no Bairro Santo Agostinho, na Regi�o Centro-Sul de BH. A interven��o foi feita com recursos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Entre os pontos mais apontados para interven��o e exigindo aten��o das autoridades estavam seguran�a, ilumina��o p�blica e outros. Tr�s anos depois, uma equipe da empresa de engenharia respons�vel pelo servi�o deu a largada com supervis�o da Superintend�ncia de Desenvolvimento da Capital (Sudecap). A ideia era que ela ficasse pronta para a Copa do Mundo 2014, mas o cronograma n�o foi cumprido. O projeto de requalifica��o contemplou a cria��o de um novo playground e um espa�o para lazer e sociabilidade de idosos, al�m de outros melhoramentos.


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