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Estado de Minas

Mortes de estudantes em BH alertam para excesso de cobran�a e medo do fracasso

Suic�dios de alunos de medicina disparam sinal de alerta para consequ�ncias do alto n�vel de exig�ncia, considerado comum na �rea. Situa��o pode levar a atitudes extremas, sobretudo entre pessoas com algum tipo de predisposi��o


postado em 30/11/2017 06:00 / atualizado em 30/11/2017 07:22

(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)
O excesso de carga hor�ria, a competi��o pela resid�ncia, o excesso de conte�do e a necessidade de lidar com o sofrimento humano, aliados ao alto grau de exig�ncia dos pr�prios estudantes, s�o gatilhos que t�m feito alunos de medicina que apresentam predisposi��o a algum sofrimento ps�quico a desenvolver quadros de depress�o ou at� a atitudes extremas. A constata��o � da coordenadora do N�cleo de Apoio Psicopedag�gico aos Estudantes da Faculdade de Medicina (Napem) da UFMG, Maria M�nica Ribeiro. O assunto voltou a preocupar sobretudo o meio acad�mico e as fam�lias dos estudantes depois que um aluno do primeiro per�odo de medicina da Faculdade de Minas Gerais (Faminas) foi encontrado morto em sua casa, na ter�a-feira, aparentemente em um caso de suic�dio. Foi o segundo epis�dio do tipo na institui��o em 10 dias, sendo que alunos relataram ter havido pelo menos outras cinco situa��es em que universit�rios adotaram atitudes extremas. Nesta semana, a morte do jovem ocorreu justamente na �poca de provas finais e causou grande rea��o nas redes sociais de todo o pa�s, com cobran�a de mais estrutura e alcance dos programas de acompanhamento ps�quico para alunos, especialmente os futuros m�dicos.


O corpo do jovem foi enterrado ontem, no Cemit�rio Bosque da Esperan�a, em BH. Nas redes sociais, circularam posts cobrando a redu��o das exig�ncias em v�rias institui��es que t�m o curso de medicina. Nos posts, frases como: “N�o � normal dormir menos de cinco horas por dia por causa da faculdade”; “N�o � normal desenvolver ins�nia por causa da faculdade”; “N�o � normal que a faculdade se torne gatilho para a ansiedade”.

De acordo com a coordenadora do Napem/UFMG, as fam�lias, os professores e os colegas devem estar sempre atentos �s mudan�as de comportamento da pessoa. “Isolamento, falta de compromisso com as atividades, abuso de �lcool e de drogas, desinteresse pelo curso, choro f�cil, comportamento inadequado com colegas, professores e pacientes s�o sinais de alerta para sofrimento ps�quico”, destaca Maria M�nica Ribeiro. “A sinaliza��o sobre a inten��o de acabar com a pr�pria vida deve ser sempre levada a s�rio, e a pessoa deve ser cuidada e levada para tratamento.”

Na Faminas, estudantes relatam clima de cobran�as considerado excessivo por alguns. “Uma colega procurou a coordena��o para pedir ajuda. Disse que estava tendo dificuldades e at� tomava medicamentos para a ansiedade. A resposta foi que seria normal alunos de medicina terem depress�o e ansiedade. Se a pessoa n�o aguentasse deveria procurar outro curso”, diz uma aluna do quarto per�odo de medicina, que n�o quis se identificar por medo de sofrer retalia��es.

A aluna Ana Luiza Mendes, de 22 anos, do sexto per�odo de medicina da Faminas, concorda que o curso � mais exigente que outros e que isso afeta estudantes com quadros como depress�o, por exemplo, mas acredita que o principal � que haja um acompanhamento eficiente pela institui��o. “O curso tem mesmo uma carga mais pesada, n�o apenas na Faminas, mas precisa ter mesmo. Afinal, vamos cuidar de vidas humanas. Por isso o importante � que haja esse acompanhamento.”

Em nota, a Faminas informou que para apoiar os estudantes oferece servi�os como o N�cleo de Atendimento Psicopedag�gico (NAP), “que promove atendimento psicol�gico a alunos de todos os cursos, funcionando com hor�rios individualmente agendados”. Para quest�es relacionadas a f� e espiritualidade, h� o projeto Pastoral Universit�ria e o projeto Escutat�ria, com terapias em grupo acompanhadas por um m�dico psiquiatra e psic�logos. O incentivo ao esporte e ao lazer tamb�m � uma iniciativa de apoio aos estudantes, sustenta a entidade. Contudo, uma estudante do quarto per�odo afirma que tais programas n�o funcionam a contento. “Temos um psic�logo para a faculdade inteira. � imposs�vel marcar uma hora”, afirma ela, criticando tamb�m o alcance das iniciativas de apoio aos esportes.

De luto, a institui��o informou, ainda, que “estuda novas possibilidades de apoio aos alunos, familiares e profissionais”. Ainda em nota, a Faminas acrescentou que seu N�cleo de Apoio Psicopedag�gico funciona todos os dias da semana, com 40 horas de atendimentos semanais. “Desde o in�cio do funcionamento, jamais deixou de atender um aluno.” Para o curso de medicina, a institui��o informa custear uma quadra de esportes na Avenida Vilarinho, assim como a mensalidade de condom�nio para 80 alunos no Centro Esportivo Universit�rio da UFMG.

QUADRO GERAL A press�o que afeta estudantes de medicina est� longe de ser exclusividade da Faminas. Na Faculdade de Medicina da UFMG, o Napem foi fundado em 2004, uma vez que sofrimento ps�quico era observado em muitos dos que buscavam trancamentos de matr�culas. “Esse sofrimento nem sempre era diretamente relacionado ao curso, sendo importante lembrar que a maioria dos estudantes s�o jovens e a passagem para a vida adulta traz muitos desafios”, observa a coordenadora do n�cleo. Em 2016, o servi�o teve mais de 600 inscri��es, ou m�dia superior a 50 por m�s, se considerados os 12 meses. Ainda assim, no fim do ano passado, 70 universit�rios continuavam na fila de espera.

Hoje, o Napem atende aos cursos de fonoaudiologia, medicina e tecnologia em radiologia. Conta com equipe t�cnica constitu�da por psic�logos e psiquiatras. A procura � por demanda volunt�ria do estudante. “Muitas vezes, professores, colegas, a escuta acad�mica, percebem o sofrimento do estudante e sugerem que ele busque ajuda”, afirma Ribeiro. “N�o podemos esquecer que vivemos em uma sociedade que est� adoecida por individualismo, solid�o, viol�ncia, abuso de drogas e outros problemas”, destaca.

No in�cio do ano, a UFMG registrou dois suic�dios em cursos diferentes, nenhum deles na medicina. Na Universidade de S�o Paulo (USP), o registro de seis estudantes que tentaram atitudes extremas no in�cio do ano trouxe alerta e como��o � institui��o. Pesquisa de 2015 da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, mostrou que 25% dos alunos de medicina apresentavam sintomas de depress�o ou a pr�pria doen�a, que � uma das condi��es que levam ao suic�dio. Essa porcentagem representa taxa at� cinco vezes maior que a de pessoas da mesma idade com a doen�a. Naquele pa�s,  estima-se que 400 m�dicos tirem a pr�pria vida por ano. (Com Junia Oliveira).

 

 

Fique alerta


Veja como lidar com estudantes que manifestam sofrimento psicol�gico e tend�ncia a atitudes extremas

Sinais de perigo
» Desilus�o. Demonstra��es de falta de motivos para viver
» Queixas de fardo muito pesado e sentimento de clausura
» Aumento do uso de drogas l�citas e il�citas
» Ins�nia
» Isolamento
» Demonstra��es de descontrole emocional frequentes e extremas

Como se aproximar
» Procure saber o que a pessoa tem passado e como est� se sentindo
» O di�logo deve ser aberto, respeitoso, emp�tico e compreensivo
» N�o fale muito sobre si mesmo nem ofere�a solu��es simples ou desmere�a os problemas da pessoa
» A conversa deve ser em local tranquilo, sem pressa
» N�o se deve recha�ar as tend�ncias da pessoa com problemas, nem expressar choque ou reprimi-la, com frases como: “N�o acredito que voc� est� pensando nisso”

Encaminhamento profissional
» Se a pessoa se sentir � vontade, pode-se encaminh�-la ao Centro de Valoriza��o da Vida (CVV), telefone 141, ou pelo www.cvv.org.br
» Procure atendimentos especializados

Fontes: CVV e Napem/UFMG

Raio-X

 


A estrutura da Faminas, em cujo curso de medicina foram registrados casos de autoexterm�nio e cujo rigor � questionado por alunos

» Localizada na Avenida Cristiano Machado, na Regi�o de Venda Nova, � uma das seis faculdades de medicina de Belo Horizonte


» Credenciada pelo Minist�rio da Educa��o (MEC) em novembro de 2003


» Oferece 12 gradua��es (medicina, administra��o, biomedicina, ci�ncias cont�beis, direito, enfermagem, engenharia civil, engenharia de produ��o, farm�cia, nutri��o, pedagogia e psicologia)


» Mant�m 14 cursos de p�s-gradua��o.


» Vestibular primeiro semestre 2018 de medicina: inscri��es abertas de setembro at� dia 16
» Vagas: 90 em BH


» � mantida pela Lael Varella Educa��o e Cultura Ltda., que mant�m em Muria�, na Zona da Mata, o Centro Universit�rio Unifaminas, fundado dois anos antes do c�mpus de BH. L�, s�o 17 bacharelados e duas licenciaturas, al�m de cursos de extens�o e a dist�ncia, incluindo 14 de p�s-gradua��o


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