
Na lista das infra��es cometidas por motoristas, a soma das infra��es dirigir ve�culo segurando telefone e manuseando o aparelho aparece na quinta posi��o. Fica atr�s apenas de conduzir em velocidade acima do limite permitido (148.073), avan�ar o sinal vermelho (89.548), trafegar na faixa ou via exclusiva dos �nibus (67.824) – todas infra��es registradas primordialmente por fiscaliza��o eletr�nica – e estacionar em desacordo com a regulamenta��o do Rotativo (61.704). Em Minas Gerais, as infra��es relacionadas ao mau uso do telefone somaram 75.518 – m�dia de quase 252 motoristas infratores por dia, ou 10 por hora.
"Em tr�s segundos de desaten��o mexendo no aparelho o carro anda alguns metros e atropela uma pessoa, por exemplo"
Eg�dio Santana J�nior, ortopedista, especializado em trauma ortop�dico, do Hospital Fel�cio Rocho
Dirigir com uma das m�os s� � permitido pela lei nos casos em que o motorista deve fazer sinais regulamentares de bra�o, mudar a marcha do ve�culo ou acionar equipamentos e acess�rios do ve�culo. Fora isso, est� sujeito a multa e perda de pontos na carteira de habilita��o. Desde novembro do ano passado, a infra��o � considerada grav�ssima no caso espec�fico de condutor flagrado segurando ou manuseando o telefone. A puni��o � a perda de sete pontos mais multa de R$ 293,47.
Diretora cient�fica da Associa��o Brasileira de Medicina de Tr�fego de S�o Paulo (Abramet/SP), a m�dica do tr�fego e oftalmologista Rita Moura ressalta que, al�m de ser uma distra��o, falar ao celular no tr�nsito divide a aten��o que deveria estar concentrada no volante. “O fato de digitar e ler mensagem � ainda pior. Al�m de desviar a aten��o, desvia o foco de vis�o. A pessoa deixa de olhar e se esquece de que est� dirigindo uma m�quina, em movimento, olhando para os lados”, ressalta.
Fora de �rea
Confira o n�mero de infra��es relacionadas ao mau uso do celular (janeiro a outubro de 2017)
BH
- Dirigir ve�culo segurando telefone 13.179
- Dirigir ve�culo manuseando telefone 11.767
- Total 24.946
Minas
- Dirigir ve�culo segurando telefone 37.358
- Dirigir ve�culo manuseando telefone 38.160
- Total 75.518
Fonte: Detran/MG

Uma mistura que n�o combina
As urg�ncias de hospitais, j� acostumadas ao atendimento de traumas causados em acidentes no tr�nsito, vivem agora um fen�meno novo. � intensa a quantidade de pacientes que d�o entrada nas unidades de sa�de pela mistura de telefone celular e dire��o. Com as m�os no aparelho em vez de no volante para dar aquela espiadinha na mensagem rec�m-chegada, motoristas provocam acidentes em quest�es de segundos, vitimando a si mesmos ou outras pessoas. A nova epidemia tem preocupado especialistas.
Integrante da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia – Regional Minas Gerais (Sbot/MG), Eg�dio Santana J�nior diz que o mau uso do celular no tr�nsito pode ser constatado n�o somente entre condutores de carros, mas at� de motocicletas. O resultado � um n�mero cada vez maior nos pronto-socorros de acidentados que estavam com a m�o no celular. “Em tr�s segundos de desaten��o mexendo no aparelho o carro anda alguns metros e atropela uma pessoa, por exemplo”, alerta o ortopedista, especializado em trauma ortop�dico, do Hospital Fel�cio Rocho, na capital.
Entre os casos concretos j� atendidos, est�o o de uma pessoa que se envolveu em acidente grave enquanto respondia a uma mensagem de WhatsApp. O carro descia uma via de alto fluxo em BH quando o condutor perdeu o controle e atropelou uma menina, que teve s�rias sequelas. “� o mesmo efeito de quando o motorista ingere �lcool. Se observarmos, a cada 10 ve�culos, metade dos motoristas est� respondendo ao WhatsApp. Tem multa prevista, mas n�o h� fiscaliza��o suficiente”, afirma o integrante da Sbot/MG.
“� uma epidemia. As pessoas hoje n�o podem ficar um minuto sem celular, sem responder a mensagens. Elas precisam entender que devem ter as duas m�os no volante, ter a parte auditiva e visual com toda a aten��o. Se n�o tivermos todos os nossos sentidos voltados para a dire��o, podemos causar acidentes”, ressalta. Para Eg�dio Santana J�nior, mais que fiscaliza��o, � preciso educa��o e conscientiza��o. “Mexer no aparelho, s� em local seguro e na hora certa. Espere desligar o carro. E n�o tem condi��es sair com a moto mexendo no celular.”
‘TELEDEPEND�NCIA’ Segundo a m�dica do tr�fego e oftalmologista Rita Moura, diretora cient�fica da Associa��o Brasileira de Medicina de Tr�fego de S�o Paulo (Abramet/SP), a chance de se envolver em acidente se multiplica quando se mistura telefone e dire��o. A especialista destaca o comportamento dos jovens: “Al�m de todos esses problemas, no caso deles pesa ainda a inexperi�ncia na dire��o e a necessidade que a cabe�a deles tem do celular. As meninas t�m ainda mais urg�ncia em atender, por quest�es de pertencimento ao grupo. Ou seja, nessas situa��es, as mulheres t�m mais chance de se envolver em acidente”. “A partir do momento em que tirou o foco para olhar o celular � um risco. Pode aparecer um animal repentinamente, uma crian�a correndo e, principalmente � noite, quando o campo de vis�o diminui, o perigo � ainda maior.”
A m�dica da Abramet informa que campanhas dos Estados Unidos t�m sido difundidas na tentativa de diminuir essa ansiedade do celular. “Algo que n�o pode esperar se tornou um v�cio. O que � mais importante: a vida ou a mensagem que voc� nem sabe do que se trata?. Saber o que chegou n�o � mais importante do que sua vida. Ou a dos outros.”