
A crise econ�mica embarcou no tren� do Papai Noel, e amea�a deixar um pouco mais triste o Natal de milhares de crian�as que dependem da solidariedade para as festas de fim de ano. Em um 2017 marcado pelo arrocho, entidades e grupos que costumam promover festas e doa��es para comunidades carentes e pessoas em situa��o de vulnerabilidade social v�m enfrentando dificuldades para arrecadar produtos que ser�o distribu�dos no per�odo natalino, e clamam por ajuda para que o brilho da festa n�o diminua.
"A pessoa doa um pouquinho porque gosta de ajudar, porque tem aquele sentimento de doa��o ao pr�ximo, mas ela tem que guardar tamb�m para si, porque n�o sabe o dia de amanh�"
�ngela Proen�a, presidente da ONG O Proa��o
Segundo ele, o idealizador da festa � o diretor Ilacir Bicalho de Barros, que promove a iniciativa h� 33 anos. Al�m de crian�as cadastradas, a festa no p�tio da empresa abre as portas para outras, desde que acompanhadas dos pais. Ele diz que at� o momento uma empresa se comprometeu a fornecer p�es para os lanches que ser�o distribu�dos, al�m da prefeitura da cidade, que, segundo o supervisor, se prop�s a ajudar. Mas eles precisam de brinquedos, alimentos, doces e refrigerantes para oferecer aos participantes.
Andrei Bicalho explica que a busca por ajuda come�ou ainda em agosto, mas n�o houve o retorno esperado. Normalmente, grupos de volunt�rios procuram a empresa com doa��es e a comiss�o organizadora tamb�m entra em contato com fornecedores. “Temos feito contato tamb�m com essa turma. Todos eles falam que neste ano n�o est�o com muita aten��o para as doa��es, porque est�o procurando resolver quest�es financeiras. As doa��es ficaram em segundo plano”, explica.
‘Amor n�o pode ser parcelado’
Papai Noel do Restaurante Popular de Belo Horizonte h� mais de 20 anos, M�rio de Assis reclama que o cora��o das pessoas ainda n�o amoleceu neste ano. O pedido de donativos come�ou em novembro, mas, diante do que � preciso, pouca coisa foi arrecadada. “Estou chegando de Jana�ba e vi crian�as vindo para Belo Horizonte para tratamento de sa�de, e elas precisam daquele nosso Papai Noel. Nesses casos, acaba que os pais v�o ao restaurante, ganham um presentinho e o levam para os filhos. Entendo as dificuldades de todos, est� todo mundo na linha da car�ncia, mas tem gente mais carente que n�s”, enfatiza.
M�rio de Assis, tamb�m � presidente da Federa��o das Associa��es de Pais e Alunos das Escolas Municipais de Minas Gerais (Fapaemg). “N�o � s� a crise econ�mica que evidencia isso. Meu p�blico geralmente � da educa��o, e o 13º vai ser parcelado. A gente entende a dificuldade, o sal�rio � parcelado, mas o amor e a caridade n�o podem ser parcelados”, analisa. O almo�o de Natal ocorrer� no Restaurante Popular II, que fica na Rua Cear�, no Bairro Santa Efig�nia, Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte. Os donativos podem ser entregues at� o dia 22. Al�m de brinquedos, s�o aceitos materiais de higiene pessoal e guloseimas, como pipoca, pirulitos e balas.
Na outra ponta da cidade, mais um Papai Noel clama por contribui��es. Jos� Naide de Carvalho, o Jacar�, de 75 anos, � dono de um bar no Barreiro. Para tentar superar a dor da perda da filha, que morreu em um acidente de carro no Natal de 1986, ele passou a recolher presentes e a distribu�-los para fam�lias carentes no interior de Minas. Come�ou j� na d�cada de 1990, com uma Bras�lia. Hoje j� aluga um caminh�o, contando com o aux�lio de outras 10 pessoas. Vestido como o bom velhinho, em sua miss�o ele percorre 120 quil�metros, de Ibirit� a Crucil�ndia. “Acho que a crise mexeu muito com o povo”, avalia o comerciante, muito conhecido na regi�o. “Tem pessoas para as quais normalmente nem preciso pedir, mas, mesmo assim, neste ano ficou complicado”, comentou.
Jos� Naide disse que ainda tem esperan�a de receber mais brinquedos, bolas, cestas b�sicas e balas para distribuir. “Estou com 75 anos e vou continuar at� quando Deus quiser. At� cogitei parar, mas a� pensei: O que vou fazer no dia 25? N�o vou comemorar com ningu�m, vou deixar as crian�as na beirada da estrada me esperando? Ent�o, vou continuar na luta”, contou, com otimismo.
CORTE NA LISTA Ainda na capital, �ngela Proen�a, presidente da ONG O Proa��o, tamb�m percebeu os efeitos da crise econ�mica sobre a solidariedade. A dificuldade fica evidente na hora de montar os kits com guloseimas que s�o distribu�dos para crian�as e cuidadores do N�cleo de Cultura Nova Vista e das casas de Acolhimento Filhos de Nazar� e M�es de Maria. As duas �ltimas atendem a crian�as de at� 6 anos em situa��o vulner�vel. O evento ser� realizado nos dias 17 e 19. “Bombons e biscoitos j� temos a quantidade esperada, e temos promessas de v�rias pessoas. Mas que neste ano est� mais dif�cil do que nos anteriores, est�. Pessoas que doavam 10 panetones est�o doando cinco, �s vezes”, explica �ngela, que diz compreender as dificuldades com o aperto financeiro.
Ela ressalta que, mesmo assim, os colaboradores n�o deixaram de contribuir e eles alcan�aram a meta. “As pessoas est�o muito inseguras, n�o sabem o dia de amanh�. A pessoa doa um pouquinho porque gosta de ajudar, porque tem aquele sentimento de doa��o ao pr�ximo, mas ela tem que guardar tamb�m para si, porque n�o sabe o dia de amanh�”, comenta.
Maria Nascimento da Silva, da Guarda de Congo Feminina de Nossa Senhora do Ros�rio, tamb�m conta com o esfor�o pr�prio e de outras pessoas para fazer a festa de Natal que oferece para crian�as e outros moradores do Bairro Aparecida, na Regi�o Noroeste de Belo Horizonte. Nascida em 25 de dezembro, ela promove a celebra��o h� 30 anos, no domingo que antecede a festa, com almo�o e presentes. “A gente tem pessoas que tiram do pr�prio bolso ou da pr�pria despesa para n�o acabar com a tradi��o, com esse trabalho bonito do congado”, diz. Mesmo assim, as doa��es ainda n�o chegaram perto do necess�rio. “Estamos tentando conseguir tudo: refrigerantes, descart�veis, precisamos de carne, de material de limpeza...”
Na manh� de segunda-feira, Maria come�ava a ligar para algumas pessoas para tentar pedir doa��es, mas ningu�m havia ainda atendido as liga��es. Por�m, ela n�o desanima: “Tem que ser otimista. Se neste ano n�o posso dar uma salada de bacalhau, vou dar uma farofa, ou outra coisa. N�o posso � desistir”.
Quer ajudar?
Confira iniciativas que precisam de brinquedos, alimentos e produtos de higiene para serem distribu�dos no Natal
» Natal do Restaurante Popular de BH
Precisa de brinquedos em bom estado, guloseimas, produtos de higiene pessoal, entre outros, at� o dia 22
Restaurante Popular I
Avenida do Contorno, 11.484, Centro
Restaurante Popular II – Rua Cear�, 490, Santa Efig�nia
Restaurante Popular III
Rua Padre Pedro Pinto, 2.277, Venda Nova
Restaurante Popular IV
Rua Afonso Vaz de Melo, 1.001, Barreiro
Ponto de coleta tempor�rio – Rua Goitacazes,15, Centro
» Santa Luzia
Poliprene Artefatos de Borrachas
Precisam de brinquedos, refrigerantes, doces e lanches para a festa oferecida a crian�as
Endere�o: Avenida Bras�lia, 3.384, Bairro S�o Benedito, Santa Luzia, Grande BH
Telefone: (31) 3637-0865
» Belo Horizonte
ONG O Proa��o
Precisa de panetones e doces para crian�as de tr�s entidades
Endere�o: Rua Cuiab�, 341, Bairro Prado
Telefone: (31) 3658-5798
» Guarda de Congo Feminina de Nossa Senhora do Ros�rio
Precisa de alimentos, refrigerantes, doces e brinquedos para o almo�o de Natal em 17 de dezembro
Endere�o: Capela Nossa Senhora do Ros�rio – Rua 1º de Julho, 194
Telefones: 3428-8549 ou 3374-1732
» Jos� Naide de Carvalho (Barreiro)
Precisa de brinquedos, cestas b�sicas e doces
Endere�o: Rua Bar�o de Coromandel, 475, Barreiro
Telefone: (31) 3336-4946