
A m�e tem 20 anos e, segundo informa��es da cidade, teria problemas psicol�gicos. Al�m disso, faz uso de �lcool e drogas. No ano passado, a jovem procurou o Conselho Tutelar da cidade pedindo ajuda e dizendo que n�o tinha certeza se estava gr�vida, apesar da gesta��o aparente. Segundo a conselheira Janiele de Souza Marques, que acompanhou o caso, at� ent�o ela n�o havia realizado nenhum exame. A equipe come�ou a acompanh�-la, levando a consultas e prestando apoio no que fosse necess�rio. A jovem deu � luz em setembro. “Ele j� nasceu com algumas complica��es. Segu�amos � risca tudo o que o pediatra passava”, explica Janiele. “Com um m�s de vida, ela parou de amamentar porque usava bebidas alco�licas e entorpecentes. Por ser fraco, e a m�e ainda parou de amamentar, agravou mais a situa��o”.
O beb� foi deixado pela m�e aos cuidados dos bisav�s, j� idosos, e de uma tia. Tudo era acompanhado pelo Conselho, segundo Janiele. A Secretaria Municipal de Assist�ncia Social tamb�m auxiliou disponibilizando um carro para as consultas e cedendo alimenta��o quando foi necess�rio. Um dos pediatras do centro de sa�de da cidade receitou um suplemento de leite em lata para ser oferecido � crian�a diante da falta de amamenta��o. Uma das latas foi oferecida pela prefeitura da cidade e outras cinco foram adquiridas por meio de umas conselheira que conseguiu doa��es. “Faz�amos visita e, hora ele ganhava peso, hora n�o dava tanto resultado, e a gente voltava no pediatra. Em momento algum ele falava que tinha que internar”, afirma Janiele Marques. Algum tempo depois, eles descobriram que, por falta de informa��o, a crian�a n�o estava sendo alimentada com a dosagem certa, o que foi corrigido ap�s novas consultas com um pediatra e nutricionista.
Em 12 de novembro, em uma nova consulta na pediatria, o m�dico pediu que o menino fosse levado para Caratinga, cidade h� poucos minutos de Santa Rita de Minas, porque precisava de uma transfus�o de sangue por conta de uma anemia. Janiele e uma outra conselheira levaram a crian�a para a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) 24 horas do munic�pio. Chegando ao local elas explicaram o caso do menino. “A recepcionista disse que l� n�o faziam esse tipo de transfus�o e que se o m�dico achasse necess�rio, mandaria para fora (outra cidade)”, relatou. O m�dico, conforme Janiele, dispensou a necessidade de transfus�o de sangue e receitou vitaminas para o beb�, que foi liberado e passou a usar os medicamentos.
Na semana passada, ap�s o recesso de feriado, elas chegaram a fazer uma visita � fam�lia para ver como estava a crian�a, que n�o aparentava agravamento do quadro de sa�de. Na data, ainda n�o havia um pediatra dispon�vel na cidade. “No s�bado, duas moradoras vieram at� Santa Rita e encontraram a crian�a com a m�e, pegaram e levaram direto para Caratinga. Nem a m�e foi. Isso n�o foi comunicado ao Conselho na hora. Ficamos sabendo disso pelo sargento (da Pol�cia Militar da cidade) que come�ou a contar que tinha uma crian�a, que duas mulheres entraram na casa dos av�s e tiraram de l� para socorrer”, detalha a conselheira tutelar. “A pol�cia tamb�m est� acompanhando o caso. Inclusive, a primeira den�ncia que receberam foi que os av�s vinham fazendo maus-tratos, mas isso n�o procede”, enfatiza. O beb� morreu no domingo, internado no Hospital Nossa Senhora Auxiliadora. Conforme o Conselho Tutelar, a fam�lia informou que consta no atestado de �bito a causa da morte como anemia e desnutri��o.
O caso repercutiu na pequena cidade, e se espalhou pelas redes sociais, gerando um clima de revolta. Uma foto da crian�a chegou a ser divulgada. “Est�o questionando por que n�o tiramos a crian�a dos av�s. Imagine uma pir�mide. Na falta da m�e, tem o pai, que a m�e n�o quis contar quem �. Hora ela falava que n�o sabia. Na falta do pai, tinham os bisav�s e depois essa tia que se comprometeu a olhar a crian�a. O Conselho n�o tem compet�ncia para tirar uma crian�a de ningu�m. A ordem � o tempo todo fazer com que a crian�a seja cuidada no seio familiar”, diz a conselheira. “A tia � uma pessoa disposta. O tempo todo entrava em contato com a gente para resolver tudo. N�o teve maus-tratos de ningu�m da fam�lia”, alega.
Ainda segundo a conselheira tutelar, a possibilidade de afastar a crian�a chegou a ser cogitada. “Mesmo antes de o resguardo acabar, ela j� estava saindo � noite. Foi uma das primeiras den�ncias que recebemos. Quando o pessoal vinha falando sobre as den�ncias, a gente chegava falar com ela. Os av�s pediram para n�o tirar”. Ainda segundo a agente, antes do beb� que morreu neste fim de semana, a jovem j� havia doado outros dois filhos. Eles tamb�m chegaram a marcar consultas com psiquiatras para a mulher, mas ela n�o seguia as orienta��es. “A gente lamenta demais, a gente sofre. De uma certa maneira a gente se apega � crian�a. N�o foi f�cil ver o sofrimento da fam�lia, dos av�s, da tia. O que eu posso te dizer � que a fam�lia deu todo apoio � crian�a. Teve falta de cuidado da m�e”, pontua Janiele Martins. De acordo com a ela, o Conselho Tutelar tem todo o hist�rico de acompanhamento do caso. O �rg�o reporta ao Minist�rio P�blico.
INVESTIGA��O O em.com.br entrou em contato com a Prefeitura de Caratinga sobre o atendimento recebido pelo beb� na UPA 24 horas em dezembro. “Deu entrada �s 16h e foi embora �s 19h ap�s ser atendido pelo doutor Jonas Hintze Filho, que realizou atendimento e prescreveu a receita e orienta��es m�dicas. Na ocasi�o o quadro foi de anemia e desidrata��o, conforme consta no prontu�rio do atendimento”, informou a assessoria de imprensa do Executivo municipal nesta quarta-feira. No entanto, o Conselho Tutelar alega que a crian�a foi atendida e liberada antes do hor�rio divulgado pela prefeitura. Segundo as agentes, ela deu entrada no no centro de sa�de de Santa Rita de Minas �s 12h25, foi para Caratinga, e teria voltado antes das 15h.
J� a assessoria de imprensa do Hospital Nossa Senhora Auxiliadora disse � reportagem que est� apurando o caso internamente, analisando o prontu�rio e contribuindo com a investiga��o externa. Assim que o processo for conclu�do, a unidade deve se pronunciar.
O caso � investigado pela delegada Nayara Travassos, da Delegacia Regional de Caratinga. Por meio da assessoria de imprensa da Pol�cia Civil, ela informou que aguarda o exame para confirmar a causa da morte do beb� e requisitou informa��es junto � unidade de sa�de onde ele estava internado. Tamb�m foi pedido um exame de corpo de delito. Todas as providenciais iniciais j� foram tomadas e outros detalhes n�o ser�o divulgados pela pol�cia para n�o prejudicar a investiga��o.