(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Morte de Fl�vio Henrique alerta para o alto risco da febre amarela e necessidade de vacina��o

Doen�a mata o compositor e presidente da Empresa Mineira de Comunica��o e eleva a preocupa��o em munic�pios ao redor de BH �s v�speras de campanha de vacina��o


postado em 19/01/2018 06:00 / atualizado em 19/01/2018 07:30

Flávio Henrique Alves de Oliveira, de 49 anos, teria contraído a febre em sítio no município de Brumadinho e começou a sentir os sintomas na quinta-feira da semana passada (foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press - 29/11/2012)
Fl�vio Henrique Alves de Oliveira, de 49 anos, teria contra�do a febre em s�tio no munic�pio de Brumadinho e come�ou a sentir os sintomas na quinta-feira da semana passada (foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press - 29/11/2012)

A morte do m�sico e presidente da Empresa Mineira de Comunica��o elevou para 16 o n�mero n�o oficial de v�timas da febre amarela no estado e refor�ou o alerta sobre a proximidade da doen�a com �reas urbanas pr�ximas a Belo Horizonte. Parentes e amigos de Fl�vio Henrique Alves de Oliveira, de 49 anos, suspeitam que o compositor, um dos principais respons�veis pelo renascimento do carnaval de rua na capital, tenha sido infectado em Casa Branca, regi�o de Brumadinho, na regi�o metropolitana. Ele adquiriu uma casa na regi�o e frequentou cachoeiras nos �ltimos dias nas proximidades da propriedade.


Fl�vio come�ou a sentir os sintomas da febre amarela na quinta-feira, dia 11. Amigos contaram que ele reclamou que n�o estava bem e ‘com o corpo estranho’. Na sexta-feira, ele deu entrada no Hospital Mater Dei, onde permaneceu internado. Al�m da doen�a, os m�dicos chegaram a suspeitar de dengue. Pessoas pr�ximas do compositor afirmam que ele n�o sabia se era vacinado, mesmo tendo sa�do recentemente do pa�s. Segundo dados da Secretaria de Estado da Sa�de (SES), ainda h� em Minas 3.615.129 pessoas n�o vacinadas, sobretudo homens na faixa-et�ria de 15 a 59 anos, que s�o os mais acometidos.

A meta das campanhas de vacina��o este ano � elevar para 95% a cobertura de imuniza��o, segundo nota divulgada pelo governo estadual, que ressaltou o aumento de 47% para 81% a cobertura, entre janeiro de 2017 e este m�s. A vacina � indicada para crian�as a partir de 9 meses e jovens e adultos com at� 59 anos de idade – pessoas com mais de 60 anos s� podem ser vacinadas ap�s avalia��o m�dica. O n�mero oficial de mortos pela febre amarela em Minas pode ser ainda maior, pois a Prefeitura de Vi�osa, na Zona da Mata, tamb�m confirmou a morte de um morador da cidade. O estado investiga ao todo 46 notifica��es, sendo que dessas, oito resultaram em �bitos ainda n�o apurados. Na Funda��o Ezequiel Dias (Funed), trabalhos de identifica��o do v�rus est�o a todo vapor.

O corpo do cantor e compositor Fl�vio Henrique ser� enterrado hoje de manh� no Cemit�rio Parque da Colina, no Bairro Nova Cintra, Regi�o Oeste de BH. Ontem, durante o vel�rio de Fl�vio, amigos, f�s e familiares prestaram as �ltimas homenagens ao m�sico. O vel�rio come�ou �s 16h de ontem, no Hall da Sala Minas Gerais, que fica na Rua Tenente Brito de Melo, 1.090, no Barro Preto, Regi�o Centro-Sul de BH. Foi aberto ao p�blico a partir das 17h30, mas a imprensa n�o foi autorizada a entrar. Amigo h� 16 anos de Fl�vio Henrique, V�tor Santana, compositor e cantor, falou em nome da fam�lia. “Pra gente, foi um choque. Em sete dias voc� perde uma pessoa que estava no auge da vida e das suas capacidades... Ele estava em um novo casamento e v�rios projetos. Foi uma fatalidade”, disse.

Ele contou que os amigos e familiares passaram a virada do ano no s�tio em Brumadinho, na Grande BH – onde foi o prov�vel local que Fl�vio teria contra�do a doen�a. “Fica na Aldeia Cachoeira da Serras. Havia 40 dias que ele tinha comprado a casa. Era a casa dos sonhos, com um grande piano. J� est�vamos com plano de gravar discos ali.”

O rapper Fl�vio Renegado tamb�m foi prestar as �ltimas homenagens. “Grande parceiro, amigo. Fica o sentimento de tristeza. Em pleno s�culo 21, voc� ter febre amarela matando as pessoas. � um neg�cio inconceb�vel”, contou. Eles trabalharam juntos h� quatro anos e “gostaria de ter feito outros com ele”.

Por meio de nota, a Prefeitura de Belo Horizonte esclareceu que a investiga��o epidemiol�gica apontou que a contamina��o pela doen�a ocorreu em uma regi�o de s�tio e matas em munic�pio da Grande BH, sem citar o munic�pio de Brumadinho, mas confirmou que o paciente n�o teria se vacinado. A administra��o municipal informou que fez vistorias detalhadas para a retirada de focos do mosquito Aedes aegypti, transmissor da forma urbana da doen�a, pr�ximo � resid�ncia dele, na Regi�o Centro-Sul de BH.

Hall da Sala Minas Gerais foi o local que fãs, amigos e família de Flávio Henrique iniciaram a despedida do músico (foto: Túlio Santos/EM/DA Press)
Hall da Sala Minas Gerais foi o local que f�s, amigos e fam�lia de Fl�vio Henrique iniciaram a despedida do m�sico (foto: T�lio Santos/EM/DA Press)

Mensagens de despedida

A morte de Fl�vio Henrique gerou como��o entre personalidades dos meios pol�tico e cultural do estado. Nas redes sociais, o governador Fernando Pimentel publicou v�deo prestando solidariedade � fam�lia e lembrou com carinho do cantor. “Fl�vio Henrique era um amigo querido, um grande homem, um grande artista. Hoje � um dia triste para Minas Gerais”, disse. O m�sico L� Borges, que dividiu palcos e can��es com Fl�vio, tamb�m se manifestou no Twitter sobre a morte: “Quanta tristeza. V� em paz, Fl�vio Henrique. Nossos sinceros sentimentos � fam�lia e aos amigos queridos.”

O arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, dom Walmor Oliveira de Azevedo, tamb�m divulgou mensagem de pesar. “Nossa solidariedade aos familiares, amigos, colegas do Fl�vio Henrique, presidente da Empresa Mineira de Comunica��o. Em ora��o, pe�o a Deus que conforte o cora��o de todos e acolha, em sua infinita miseric�rdia, nosso irm�o Fl�vio Henrique”, publicou em seu perfil no Twitter.

O m�sico Vitor Velloso, um dos integrantes da Orquestra Royal, ressaltou que Fl�vio Henrique foi um dos que iniciaram o movimento de retomada do carnaval de BH. � dele a marchinha que se tornou o primeiro hit da folia, Na coxinha da madrasta, interpretada por Juliana Perdig�o. A m�sica venceu o Concurso Mestre Jonas de 2012. “Al�m de amigo, um m�sico excepcional, refer�ncia para todo mundo, foi ele quem deu o start nessa hist�ria toda. Na coxinha da madrasta foi a primeira pedrada nesse vidro. A gente tocou o barco, mas foi o Fl�vio quem o colocou na �gua”, comentou.

"Fica na Aldeia Cachoeira da Serras. Havia 40 dias que ele tinha comprado a casa. Era a casa dos sonhos, com um grande piano. J� est�vamos com plano de gravar discos ali"

V�tor Santana, compositor e cantor, amigo de Fl�vio Henrique



Em nota, a Rede Minas e a R�dio Inconfid�ncia lamentaram a morte do gestor. “Seu sorriso, seu jeito carinhoso, sua dignidade e sua m�sica ficam marcadas em nossa mem�ria e em nossos cora��es. O governo de Minas Gerais, a Secretaria de Estado de Cultura e todo o Sistema estadual de Cultura lamentam essa imensa perda e enviam condol�ncias a familiares e amigos”.

O jornalista Tutti Maravilha, al�m de ter convivido com Fl�vio Henrique durante anos como m�sico, passou a ter uma experi�ncia nova recentemente: Fl�vio se tornou seu ‘chefe’, j� que assumiu a presid�ncia da R�dio Inconfid�ncia, onde Tutti trabalha, e da Rede Minas. “Sua gest�o estava sendo muito bacana; ele era um homem de sensibilidade.” O �ltimo encontro entre eles foi na quinta-feira, dia 11, v�spera da interna��o. “Ele estava superbronzeado, feliz, tinha passado uns dias em Casa Branca, mas comentou que estava sentindo uma coisa estranha e n�o sabia o que era. J� eram os sintomas da febre amarela. Uma grande perda”, comentou.

A presidente do Sindicato dos Artistas e T�cnicos de Espet�culos de Minas Gerais (Sated/MG), Magdalena Rodrigues, manifestou pesar pela morte de Fl�vio Henrique. “Gratid�o ao m�sico/compositor Fl�vio Henrique Alves por ter aliviado a alma e embelezado a vida com sua arte. Pessoa leal e digna, que o som da sua m�sica seja a trilha sonora da sua passagem! Vai com Deus!”, lamentou por meio de nota.

Compositor plural


A m�sica de Fl�vio Henrique era plural. Prol�fico em parceiros, o cantor, compositor e instrumentista construiu uma obra que dialogou com diferentes gera��es da m�sica mineira. E uma obra extensa: comp�s 180 m�sicas. O of�cio ele aprendeu em casa, por meio da m�e, Delza Cec�lia Alves de Oliveira, professora. “Ela exerceu a profiss�o de musicista at� quando eu tinha uns 10 anos. Curiosamente, foi depois que ela largou a m�sica que eu comecei a minha carreira”, disse ele em depoimento ao site do Museu Clube da Esquina.


Um dos discos respons�veis por sua forma��o foi de Toninho Horta, que muitos anos mais tarde se tornaria seu parceiro. Um dia, sua m�e chegou em casa com um �lbum do violonista, gravado em 1984. Fl�vio, ent�o mal entrado na adolesc�ncia, n�o tocava nenhum instrumento.

“Esse disco branco do Toninho Horta foi a primeira coisa com essa cara forte daqui de Belo Horizonte que chegou e eu gostei de cara. Engra�ado que era uma m�sica dif�cil”, disse.

Com muitos instrumentos em casa, gra�as � m�e professora, Fl�vio se tornou autodidata. Aprendeu piano, cavaquinho e viol�o. O primeiro grupo nasceu tamb�m na escola. Em 1994, j� aluno da Rede Pit�goras, matriculado na mesma turma que Robertinho Brant, Fl�vio passou a integrar o grupo Candeia. O disco de estreia viria logo depois. Lan�ado pelo selo Velas em 1995, Primeiras est�rias trazia no repert�rio as faixas Ca�ada da on�a e Carro de boi inspiradas, respectivamente, nos contos Meu tio Iauaret� e Conversa de bois, ambos do livro Sagarana, de Guimar�es Rosa. O disco o fez trocar o bar pelos est�dios, especializando-se na composi��o de can��es para artistas como Paulinho Pedra Azul e Ana Cristina, entre outros. Cinco anos depois, Ney Matogrosso batizaria o elogiado Olhos de farol, em que dava mais uma guinada na carreira solo, com a can��o de Fl�vio, que, a essa altura, j� chamava a aten��o de produtores como Ronaldo Bastos.

INDEPENDENTE Em 2000, Fl�vio ficou em quarto lugar na categoria compositor no Pr�mio Visa de M�sica. Marina Machado e o Trio Amaranto (formado pelas irm�s Fl�via, Marina e L�cia Ferraz) seriam os companheiros de palco na performance. A parceria no palco gerou mais um disco, Aos olhos de Guignard. “Foi o disco independente de maior tiragem (6 mil c�pias) feito na cidade”, disse ele em 2012 ao Estado de Minas.

J� em 2002, Fl�vio Henrique gravou em parceria com Chico Amaral o disco Livramento, cujo repert�rio re�ne m�sicas cantadas e instrumentais. Milton Nascimento participou deste trabalho na can��o Nossa Senhora do Livramento, e Ed Motta em Hotel Maravilha. Vale lembrar que Fl�vio e Chico foram os produtores de Baile das pulgas (1999), primeiro �lbum solo de Marina Machado. Na sequ�ncia ele faria os discos Sol a girar (2005) e P�ssaro p�nsil (2008). O primeiro �lbum foi um ensaio do que viria a se tornar o quarteto Cobra Coral. Em 2012, o quarteto lan�ou o trabalho de estreia. E em 2015, o segundo.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)