
Todo ano a hist�ria se repete: pux�es de cabelo, beijos for�ados e toques indesejados pelo corpo. Diante dos in�meros casos de ass�dio e abusos contra as mulheres durante o carnaval, uma campanha na internet prop�e reunir os relatos de pessoas que passaram por essa situa��o.
Lan�ada ano passado no Recife, a campanha Aconteceu no Carnaval chega agora a Minas Gerais, com a��es planejadas para as ruas de Ouro Preto, na Regi�o Central. A proposta � fazer um levantamento que aponte os locais mais inseguros para as mulheres e os tipos de ass�dios mais recorrentes.
A iniciativa foi criada pelos coletivos Meu Recife e Mete a Colher, com o objetivo de dar voz �s v�timas e expor a naturaliza��o do ass�dio no carnaval. Os depoimentos s�o compartilhados anonimamente pelo site e devem conter informa��es sobre o local onde aconteceu, a data, al�m da descri��o do tipo de ass�dio sofrido.
Com esses relatos, ser� poss�vel categorizar os principais tipos de ass�dio e exigir das autoridades pol�ticas que previnam a viol�ncia de g�nero durante a folia. O levantamento da campanha prop�e mapear os locais mais inseguros, j� que n�o existem dados espec�ficos sobre esse tipo de viol�ncia, o que, segundo os organizadores, � fundamental para preven��o e enfrentamento do problema.
Al�m da a��o na internet, a campanha conta tamb�m com trabalhos de conscientiza��o nas ruas. Ano passado, Recife teve cartazes espalhados pela cidade com os dizeres “Meu corpo n�o � folia de ningu�m” e tamb�m foram distribu�das pulseiras �s mulheres orientando-as a denunciar os casos de abuso.
J� para Minas Gerais, a mobilizadora da campanha no estado, Hellen Guimar�es, explica que as a��es ser�o concentradas em Ouro Preto. “Todo trabalho � volunt�rio e, como moro nessa regi�o, consegui mobilizar uma parceria com o Movimento de Mulheres Olga Ben�rio e o coletivo Muna para promover algumas a��es de conscientiza��o nas ruas da cidade”, conta.
Segundo Hellen, nos dias da folia uma equipe vai distribuir panfletos informativos sobre ass�dio, com orienta��es sobre condutas inadequadas e tamb�m instru��es sobre como as mulheres podem denunciar os abusos, e a import�ncia de registrar o boletim de ocorr�ncias.
“A ideia � que eu consiga parceria com bloquinhos feministas de Belo Horizonte para implementar uma a��o na capital tamb�m”, completa. Ela explica ainda que a partir dos relatos ser� poss�vel produzir um indicativo estat�stico dos casos de ass�dio durante o carnaval de Minas Gerais, assim como o que foi realizado no Recife no ano passado.
A proposta da campanha, no entanto, n�o � substituir a den�ncia, que deve ser feita na Delegacia da Mulher, tampouco o acompanhamento psicossocial � v�tima realizado pelos centros de refer�ncia. “Ass�dio � crime! A campanha foi criada para acabar com o silenciamento e dar import�ncia �s hist�rias de mulheres que sofreram algum tipo de ass�dio nos dias de festa. Os dados recolhidos servir�o para cobrarmos do poder p�blico mais seguran�a para n�s mulheres”, argumenta Hellen.
INICIATIVA
Ano passado, a campanha realizada no Recife reuniu 66 relatos entre fevereiro e mar�o. As den�ncias chegaram at� a equipe por meio do uso da hashtag #AconteceuNoCarnaval nas redes sociais e por coment�rios em posts.
De acordo com levantamento da campanha, os casos de viol�ncia sexual aumentaram 88% no carnaval. O resultado dos relatos apontam a omiss�o de socorro policial e um n�mero grande de ass�dio a casais de mulheres.
Mulheres de todo pa�s podem entrar no site www.aconteceunocarnaval.org e deixar seus depoimentos. Este ano, a expectativa � impactar mais de 4 milh�es de pessoas e reunir mais de 5 mil relatos de janeiro, quando come�a o pr�-carnaval, at� o final do m�s de fevereiro.
*Estagi�ria sob supervis�o da subeditora Rachel Botelho