
Quando o c�u escureceu e a tarde belo-horizontina virou noite, ontem, muita gente j� temia outro temporal, mas ningu�m conseguiria imaginar a dimens�o da tempestade que se abateu sobre a capital e parte da regi�o metropolitana, provocando morte, ferimentos e preju�zos em s�rie. A inunda��o do C�rrego Cachoeirinha na Avenida Bernardo Vasconcelos, com reflexos sobre a vizinha Cristiano Machado pegou, de surpresa, uma equipe de resgate: os socorristas tiveram de ser socorridos.
A for�a da correnteza era t�o grande que arrancou placas de cimento e peda�os das cal�adas. Carros tamb�m foram arrastados. Pessoas buscavam abrigos em pontos altos. Bombeiros, agentes de tr�nsito, policiais, guardas municipais e agentes da Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec) tentavam salvar quem passava por apuros e ordenar o tr�fego, para que a fileira de ve�culos escapasse das �reas alagadas.
Foi em meio a esse caos que a viatura USB-2321, do Samu, foi arrastada pela enxurrada. Os quatro tripulantes, cuja fun��o � a de salvar vidas, se viram impotentes. “O carro estava flutuando, sendo levado pela correnteza. Ficamos sem saber o que fazer, muito preocupados, porque v�amos carros com �gua pelo teto. S� nos restou abrir a janela de tr�s e pedir socorro”, conta a t�cnica em enfermagem Gersimeire Neves. A abertura da janela foi a senha para que o vistoriador da Comdec Marcelo Costa se arriscasse com seus companheiros na correnteza de �gua vermelha. Ele colocou a t�cnica sobre os ombros e atravessou a avenida at� um ponto seguro. “Ele me salvou”, disse Gersimeire, emocionada.
Marcelo Costa estava entre os agentes que prestavam socorro para ocupantes de ve�culos totalmente submersos na avenida. “Quando constatei que os tripulantes ainda estavam dentro da viatura, nossa preocupa��o foi apenas de ajudar a eles e tamb�m de recolher equipamentos, para que n�o se perdessem”, conta. Ele explica que o socorro que prestou a Gersimeire foi o mais delicado, porque ela estava muito nervosa. “N�o tivemos condi��es de usar cordas ou boias, fomos caminhando no meio da correnteza. Depois, a coloquei nas costas e consegui lev�-la at� um ponto seco e seguro”, lembra.