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Estado de Minas

Efeitos da chuva ainda representam transtornos em BH mesmo com estiagem

Apesar da tr�gua ap�s um in�cio de mar�o mais chuvoso que o normal, BH continua sofrendo reflexos do excesso de precipita��es, que causou a interdi��o de duas faixas na BR-356 e a remo��o de 22 fam�lias por risco de desabamento, al�m da interrup��o das atividades no Col�gio Imaco


postado em 15/03/2018 06:00 / atualizado em 15/03/2018 07:50

Pista da BR-356, continuação da Avenida Nossa Senhora do Carmo, sofreu afundamento, com abalo de muro de contenção que ameaça mais de 20 famílias vizinhas à estrutura(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A PRESS)
Pista da BR-356, continua��o da Avenida Nossa Senhora do Carmo, sofreu afundamento, com abalo de muro de conten��o que amea�a mais de 20 fam�lias vizinhas � estrutura (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A PRESS)
Apesar de a intensidade das chuvas ter diminu�do nesta semana em Belo Horizonte, os efeitos da precipita��o  ainda representam transtorno e amea�as para a capital e seus moradores. Duas ocorr�ncias que mobilizaram o poder p�blico ontem indicam que, mesmo com a estiagem, os reflexos de uma primeira quinzena de mar�o excepcionalmente chuvosa – cujo acumulado j� supera o dobro do esperado para todo o m�s em cinco das nove regi�es da cidade –  continuam gerando problemas, interdi��es e demandando aten��o em tempo integral.


O caso de maior repercuss�o ocorreu na BR-356, continua��o da Avenida Nossa Senhora do Carmo, �s margens da qual casas foram interditadas. Vinte e duas fam�lias foram notificadas a deixar os im�veis, depois que a Defesa Civil identificou um abatimento na pista da rodovia, entre o trevo do Bairro Belvedere e um dos acessos ao Bairro Santa L�cia, Centro-Sul da capital. T�cnicos identificaram movimenta��o na conten��o de concreto que sustenta a encosta. Ao mesmo tempo, a Prefeitura de BH interrompia as atividades na Escola Municipal Imaco, devido a rachaduras na estrutura do pr�dio que fica na Rua Gon�alves Dias, pr�ximo � Pra�a da Liberdade, agravadas pelas �ltimas chuvas. As aulas de 750 alunos foram suspensas at� segunda-feira por quest�es de seguran�a. Tamb�m ontem foi registrado um abatimento no asfalto da Rua dos Tamoios, no Centro da cidade, mas o problema foi corrigido rapidamente pela Superintend�ncia de Desenvolvimento da Capital (Sudecap).

Segundo a Defesa Civil, na ocorr�ncia registrada �s margens da BR-356, o grande volume de chuva dos �ltimos dias podem ter potencializado o afundamento de parte da pista, no sentido Savassi/BH Shopping, entre o trevo do Bairro Belvedere e a Rua Medusa, um dos acessos ao Santa L�cia. S� na Regi�o Centro-Sul choveu 403 mil�metros entre 1º de mar�o e ontem, 247% do esperado para 30 dias (a m�dia hist�rica na cidade � de 163,5 mil�metros). Com a identifica��o da movimenta��o na conten��o de concreto que divide a rodovia do barranco vizinho ao Aglomerado Santa L�cia, houve a necessidade de esvaziar dezenas de casas abaixo do muro que est� amea�ado. Segundo a Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (Urbel), a primeira abordagem com os moradores foi para providenciar a sa�da imediata do local.

Algumas fam�lias foram orientadas a ir para casas de parentes e outras foram encaminhadas ao programa de bolsa moradia da prefeitura. Desde junho do ano passado o trecho em quest�o da BR-356 foi cedido pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) ao Departamento de Edifica��es e Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DEER/MG), que informou ter selado imediatamente as trincas surgidas no pavimento da rodovia, antes de iniciar sondagem para definir que tipo de interven��o ser� feita no local.

Enquanto t�cnicos da Defesa Civil e da Urbel visitavam as casas com risco de ser atingidas por um poss�vel desabamento, agentes da BHTrans interditavam parte da rodovia. Como houve a necessidade de interdi��o de duas faixas em dire��o ao BH Shopping, o resultado para o tr�nsito foi grande lentid�o na pista sentido Centro-bairro, principalmente a partir do in�cio do hor�rio de pico da noite de ontem.

MORADORES As casas interditadas abaixo da estrutura de conten��o ficam na Rua Professor F�bio, coladas ao muro. Rec�m-chegada da Bahia, Andreza Gl�ria de Andrade, de 20 anos, aluga umas das moradias, a de n�mero 5. Ela recebeu a visita de um agente da Urbel, que recomendou que deixasse o im�vel o mais r�pido poss�vel.

A cabeleireira Lucineia Santo de Almeida, de 36, mora no local h� oito anos com dois filhos e o marido, e planejava passar a noite na casa de uma amiga. “A minha situa��o � um pouco mais tranquila, porque nesta semana vou receber R$ 40 mil do Programa Minha Casa, Minha Vida. Fico preocupada mesmo � com minha amiga que mora aqui ao lado, que n�o tem para onde ir”, conta Lucineia.

Ela se referia a Tatiane Gomes de Souza, de 31, t�cnica de enfermagem. “Comprei minha casa junto com a Lucineia, mas, para conseguir o mesmo aux�lio que ela, preciso comprovar o endere�o. O problema � que n�o tem CEP e eles n�o aceitam meu registro no posto de sa�de como comprova��o. Mas ela, que mora aqui do meu lado, conseguiu”, reclamou, acrescentando que n�o tem condi��o financeira de ficar em outro lugar e n�o tem fam�lia na cidade.

O comerciante Edgard Vitorino Moreira, que tem um bar cont�guo ao muro amea�ado, tamb�m foi notificado pela Urbel e pela Defesa Civil, cujos t�cnicos informaram que a estrutura de concreto sofreu um rebaixamento de 10 cent�metros e amea�ava cair sobre as casas abaixo. “Eu alugo aqui. Para mim fica complicado, j� que o bar � meu meio de vida”, disse, ao contar que passou pela mesma situa��o h� cerca de oito meses, quando precisou deixar o antigo bar, a algumas centenas de metros dali, tamb�m por risco de desabamento.

FALTA PREVEN��O Segundo o presidente do Instituto Brasileiro de Avalia��es e Per�cias de Engenharia (Ibape/MG), Cl�menceau Chiabi, as chuvas intensas podem ter contribu�do diretamente para o agravamento da situa��o tanto da BR-356 quanto do pr�dio do col�gio Imaco. “Do ponto de vista t�cnico, todo empreendimento de engenharia precisa passar por vistorias e manuten��es preventivas periodicamente. Em geral, a preven��o n�o ocorre com a frequ�ncia e o rigor adequados, seja em empreendimentos p�blicos ou privados. E em fun��o do elevado volume de chuvas, que supera o �ndice comumente registrado no per�odo, o risco � ampliado. Com isso, trincas e rachaduras podem piorar”, afirma o especialista.

Ainda segundo Chiabi, a falta de preven��o � uma quest�o cultural que precisa ser melhorada no Brasil, e isso est� diretamente relacionado � grande quantidade de casos de risco de acidente verificados pelo Ibape. “Muitas vezes ocorre a exposi��o de ferragens em constru��es, o que pode comprometer a fun��o estrutural  a longo prazo. Por isso, sempre refor�amos que prevenir � melhor e mais barato do que remediar”, completa.

Abalos e desencontros no Imaco


Os alunos da Escola Municipal Imaco, localizada na Rua Gon�alves Dias, 1.188, perto da Pra�a da Liberdade, na Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte, tiveram ontem um dia at�pico, longe do quadro-negro, dos livros e dos ensinamentos dos professores. Rachaduras internas e externas levaram a Defesa Civil a interditar o pr�dio por tempo indeterminado. Segundo nota da Secretaria Municipal de Educa��o, a causa dos abalos foram as chuvas deste m�s.

Agravamento das trincas do prédio motivaram o fechamento da unidade(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A PRESS)
Agravamento das trincas do pr�dio motivaram o fechamento da unidade (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A PRESS)

A situa��o deixou muitos pais alarmados, como o motoboy Jos� Fl�vio da Silva, morador do Aglomerado da Serra, na Regi�o Centro-Sul da capital. Por volta das 16h, ele aguardava o filho de 9 anos na porta da unidade de ensino, sem saber para onde o menino e a turma dele tinham sido levados.

Irritado, Jos� Fl�vio contou ter deixado o menino �s 7h20, como de costume, mas recebeu uma carta relatando a situa��o de emerg�ncia. “N�o consegui trabalhar direito o dia inteiro. Tive que deixar meu filho na escola, pois n�o tinha outra op��o, j� que minha esposa trabalha fora. O Imaco � uma boa escola, mas hoje (ontem) n�o fiquei satisfeito.” A tranquilidade s� retornou quando um �nibus com os estudantes chegou e os dois puderam voltar para casa.

As crian�as teriam sido levadas para passar o dia num clube no Bairro Planalto, na Regi�o Norte da cidade, e, conforme alguns dos alunos, tiveram que nadar de uniforme. Consultada sobre a situa��o, a Secretaria Municipal de Educa��o informou, por telefone, que a transfer�ncia dos estudantes “para outro ambiente” foi emergencial, mas n�o especificou para onde os estudantes foram levados. “Os alunos foram acompanhados por monitores, para garantir a seguran�a, e proposta uma atividade extraclasse, para que n�o tivessem que retornar para casa”. Sobre a comunica��o aos pais, assessores da secretaria informaram que a explica��o foi prestada em carta.
Pais como o motoboy José Flávio da Silva ficaram preocupados com a 'excursão relâmpago', promovida devido ao agravamento das trincas no prédio(foto: Túlio Santos/EM/D.A PRESS)
Pais como o motoboy Jos� Fl�vio da Silva ficaram preocupados com a 'excurs�o rel�mpago', promovida devido ao agravamento das trincas no pr�dio (foto: T�lio Santos/EM/D.A PRESS)


SEGURAN�A
J� a carta entregue aos pais pelo Imaco tem a assinatura do chefe de gabinete da Secretaria Municipal de Educa��o, Marcos Evangelista; da subsecret�ria de Planejamento, Gest�o e Finan�as, Nat�lia Ara�jo; da diretora da Regional Centro-Sul, Adriana da Silva Alves Pereira; e da diretora da escola, Cristina Paix�o C�mara. Diz o documento: “Na data de hoje, 13 de mar�o de 2018, tivemos que tomar uma decis�o em defesa da seguran�a de seu (sua) filho (a). Tomamos conhecimento, ontem (segunda-feira), que, com as chuvas, a situa��o estrutural de nosso pr�dio foi gravemente abalada e encontra-se com indica��o de alto risco pela Defesa Civil. Como j� n�o havia tempo para avis�-lo (a), entendemos por bem oferecer ao aluno atividades pedag�gicas coordenadas pela equipe da Escola Integrada”.

Chegada dos estudantes após excursão tranquilizou os pais(foto: Túlio Santos/EM/D.A PRESS)
Chegada dos estudantes ap�s excurs�o tranquilizou os pais (foto: T�lio Santos/EM/D.A PRESS)

O texto segue informando sobre a suspens�o as aulas nos dias 15, 16 e 19 de mar�o. “Convidamos para uma reuni�o �s 7h30 (turno manh�) e 12h30 (turno tarde) do dia 19/3, na Secretaria Municipal de Educa��o, Rua Carangola, 288, audit�rio do 8º andar. Nesta reuni�o, esclarecemos o plano que adotaremos para manuten��o do atendimento escolar. Desculpando-nos, pelos transtornos, esperamos continuar contando com a compreens�o de todos na busca de decis�es que levem em considera��o, em primeiro lugar, a seguran�a e o bem-estar dos alunos”.

De acordo com a Secretaria Municipal de Educa��o, as rachaduras foram detectadas em vistoria da Defesa Civil. Laudo apontou a necessidade de obras. T�cnicos da Superintend�ncia de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) foram acionados para fazer uma vistoria no pr�dio. Um plano de execu��o das interven��es ser� estruturado depois da visita �s �reas afetadas.

(*) Estagi�rios sob supervis�o
do editor Roney Garcia

 

De olho no c�u

Volumes de chuva por regional at� �s 7h20 de ontem (valores entre par�nteses indicam porcentagem em rela��o � m�dia hist�rica):

Barreiro     320,2mm     (196%)
Centro-Sul     403,3mm     (247%)
Leste     347,2mm    (212%)
Nordeste     348,8mm    (213%)
Noroeste     366,2mm     (224%)
Norte     226,2mm     (138%)
Oeste     416,6mm     (255%)
Pampulha     241,0mm     (147%)
Venda Nova     226,2mm     (138%)

M�dia:         163,5 mm


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