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Estado de Minas

Ensino a dist�ncia dribla a crise, ganha prest�gio e cresce 11% em Minas

Nova regulamenta��o, crise econ�mica e mudan�a no financiamento alteram o perfil do ensino superior


postado em 25/03/2018 06:00 / atualizado em 25/03/2018 07:30

A flexibilidade de horários para estudar motivou a estudante de administração Fernanda Paoli a trocar a faculdade presencial pela virtual(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
A flexibilidade de hor�rios para estudar motivou a estudante de administra��o Fernanda Paoli a trocar a faculdade presencial pela virtual (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)

Nada de colegas de classe. Nem de professor � frente da sala. As aulas est�o na tela do computador na forma de v�deos e podem ser vistas quantas vezes forem necess�rias no lugar e no hor�rio mais convenientes. Mas, aten��o: h� provas e trabalhos como qualquer curso e exige-se disciplina extra de estudo. Um forma de aprendizado existente h� quase 60 anos anuncia novos contornos para o ensino superior no Brasil. A educa��o a dist�ncia (EAD) tem sustentado o aumento de matr�culas na gradua��o tendo, s� em Minas Gerais, crescido 11% nos �ltimos dois anos. A expectativa � de que, diante de um terreno f�rtil moldado por nova regulamenta��o do setor, crise econ�mica e mudan�as nas regras do financiamento p�blico estudantil, a EAD saia do patamar atual de 18,6% para 50% do total de matr�culas em faculdades e universidades daqui a pouco mais de 10 anos, se igualando aos n�meros do ensino presencial.

De 2010 a 2016, as matr�culas da educa��o a dist�ncia em institui��es particulares tiveram um salto quatro vezes maior que as registradas no ensino presencial. Os n�meros est�o no estudo Educa��o superior em Minas Gerais: contexto e perspectivas, feito pela Associa��o Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes) em parceria com a empresa de pesquisas educacionais Educa Insights, e repassado com exclusividade ao Estado de Minas. O levantamento usou dados do Censo da Educa��o Superior, feito anualmente pelo Instituto de Estudos e Pesquisas Educacionais An�sio Teixeira (Inep), e do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) com o objetivo de fazer um diagn�stico da educa��o superior no estado.

No per�odo analisado, a evolu��o das matr�culas presenciais em institui��es particulares foi de 11,58%, ante 45,33% verificado na educa��o a dist�ncia. Em n�meros absolutos, o ensino fora da sala de aula convencional representa ainda menos de um quarto do total de matr�culas em universidades e faculdades mineiras (615.599), mas, num per�odo de sete anos, a quantidade de alunos que optaram por estudar em casa saiu de 97.009 para 140.989. Aqueles que foram para a sala de aula somavam 425.341 em 2010 e, em 2016, estavam em 474.610. Quando analisado ano a ano, a m�dia de crescimento foi de 2,8% (veja quadro). Enquanto a modalidade presencial registrou por ano 1,8% de aumento, a dist�ncia alcan�ou 6,4%.


IMPACTO As informa��es referentes aos �ltimos dois anos (2015 para 2016) s�o ainda mais reveladoras: as matr�culas na gradua��o tiveram crescimento t�mido de apenas 0,18%. E, mesmo assim, puxadas pela EAD: enquanto nos cursos presenciais a queda foi de 2,6%, na modalidade dist�ncia o crescimento foi 61 vezes mais que a m�dia geral, o que representa um percentual de 11%. De acordo com o diretor-executivo da Abmes, S�lon Caldas, o impulso foi proporcionado pelos cortes no Programa de Financiamento Estudantil (Fies), ocorridos em 2015. “O corte na pol�tica p�blica refletiu no presencial. E o novo comportamento da educa��o superior em Minas Gerais acompanhou a tend�ncia do pa�s”, afirma. A aposta � de que a retra��o do presencial ser� verificada no pr�ximo Censo para o per�odo 2017-2018. “A taxa de matr�culas s� ser� positiva se a EAD puxar novamente.”

Outra tend�ncia verificada pelo levantamento � a queda no n�mero de matr�culas em cursos de tecn�logos na modalidade presencial. Entre 2010 e 2016, foi constatada uma redu��o anual de 4,6%, em m�dia, na quantidade de interessados. Por outro lado, esses mesmos cursos cresceram, em m�dia, 4,9% ao ano na modalidade a dist�ncia, revelando a migra��o de estudantes entre as duas formas de ensino. Para S�lon Caldas, o cen�rio anuncia um caminho sem volta por dois fatores.

“Primeiro, a restri��o de financiamento do governo reduziu a possibilidade de os alunos menos favorecidos financeiramente terem acesso ao ensino presencial. Segundo, o decreto no fim do ano passado regulamentando a EAD possibilitou a abertura de polos para institui��es que demonstram qualidade. Haver�, assim, mais oferta dessa modalidade em munic�pios e regi�es onde ela ainda n�o estava acess�vel”, afirma. O Decreto 9.235, de 15 de dezembro de 2017, disp�e sobre a regula��o, supervis�o e avalia��o das institui��es de educa��o superior nas modalidades presencial e a dist�ncia. “O decreto desburocratizou o processo, que era muito engessado e n�o permitia a flexibilidade que as mudan�as na sociedade requerem. As mudan�as permitem inovar e atender � demanda de mercado e da popula��o em geral. Todos os atores envolvidos precisar�o se adequar e reformular para receber os alunos num novo contexto. Mas, sociedade, governo, alunos e institui��es devem estar atentos para uma educa��o de qualidade”, ressalta.

PLANO NACIONAL A expectativa de crescimento se baseia na restri��o do financiamento e no aumento da oferta de EAD. “O aluno quer estudar, mas esbarra no pagamento das mensalidades. Enquanto o governo n�o mudar a pol�tica p�blica, isso n�o vai ser revertido. Pelo cen�rio hoje, quem pode pagar j� est� estudando, ou seja, quem tem bolsa do Prouni, Fies ou paga com recurso pr�prio. H� uma parcela grande represada”, diz. Para o diretor da Abmes, � preciso pensar a educa��o como investimento e n�o como gasto ou �nus. “Caso contr�rio, n�o avan�aremos nem nas metas do PNE (Plano Nacional de Educa��o) nem no desenvolvimento do pa�s, que passa pela educa��o”, alerta Caldas. O PNE, ali�s, tem metas ousadas para os pr�ximos anos. Uma delas estipula que, at� 2024, a taxa bruta de matr�culas na educa��o superior seja elevada para, no m�nimo, 50% do grupo populacional de 18 a 24 anos de idade. O dado mais recente do Observat�rio do PNE mostra que, em 2015, o percentual brasileiro era de 34,6% e o mineiro, de 35,7%.

O pr�prio secret�rio de Regula��o e Supervis�o da Educa��o Superior do Minist�rio da Educa��o (MEC), Henrique Sartori, admite que a flexibiliza��o das regras para as institui��es pode facilitar o crescimento da educa��o a dist�ncia e, tamb�m, impulsionar o caminho rumo ao cumprimento das metas. Segundo ele, proje��es n�o oficiais d�o conta de que, por volta de 2032, a diferen�a de quase 5 milh�es de matr�culas existente entre os cursos presencial e a dist�ncia esteja equilibrada. “A EAD tem agradado a quem est� no mercado e precisa de flexibilidade de hor�rio. Hoje, o acesso � internet reflete na qualidade de ensino e metodologia e torna esse ensino conectado �s expectativas dos alunos, al�m de ser mais apraz�vel”, afirma.

“As novas gera��es j� est�o acostumadas com a tecnologia e, por isso, encaram um ambiente escolar moldado por essa plataforma de maneira totalmente diferente. Assistir a uma videoaula ou ler um PDF � corriqueiro para esses jovens”, diz. Quando questionado sobre o risco de cria��o desenfreada de polos de educa��o depois das novas regras, Sartori rebateu dizendo que a pol�tica p�blica prima por padr�es de qualidade. “Para existir e permanecer a institui��o deve aumentar ainda mais a qualidade. O objetivo � facilitar as regras para quem tem desempenho acima da m�dia.”

TROCA
Estudante de administra��o pela PUC Minas, Fernanda Paoli, de 24 anos, trocou a faculdade presencial pela virtual em meados do curso, no qual se forma este semestre. O motivo: a flexibilidade, principalmente para quem trabalhava o dia inteiro e ia para a universidade � noite. “Eu praticamente n�o ficava em casa. Ia s� para dormir. Agora, posso estudar no dia e na hora mais convenientes. Como tenho pouco tempo para descansar, o fato de poder estar no meu ambiente � um al�vio”, diz. Segundo Fernanda, depois de analisada a facilidade, outros fatores pesaram, incluindo o financeiro.

A jovem conta que sente falta apenas do contato com outras pessoas e da troca de informa��o, mas que em termos de qualidade de ensino n�o h� diferen�a. “No meu caso, que consigo estudar e me organizar, � muito melhor. Mas EAD � muito dif�cil, porque requer muito mais disciplina. No curso presencial, muitas pessoas ficam na sala, mas n�o prestam aten��o. N�o tenho como fingir que estou vendo a aula.”


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