
A cada dia em Belo Horizonte, uma fila de ve�culos infratores troca o estacionamento nas ruas pelo p�tio de recolhimento, depois de seus motoristas os deixarem em vagas de cadeirantes, rampas de acesso, portas de garagem, �reas de carga e descarga ou em outros locais proibidos pela legisla��o. Segundo a BHTrans, empresa que gerencia o tr�nsito e os transportes na capital, situa��es como essas representa, em m�dia, 17 remo��es diariamente na capital por desrespeito ao C�digo de Tr�nsito Brasileiro (CTB). O que muita gente n�o sabe � que, depois que o carro � rebocado, aquela “parada rapidinha” de condutores que muitas vezes n�o medem consequ�ncias de sua atitude vai custar diariamente, no m�nimo, R$ 188,46 se o ve�culo em quest�o for uma moto, e R$ 274,45 caso seja um carro de at� 3,5 toneladas. Isso sem contar o valor da multa que motivou a remo��o e poss�veis d�bitos que estejam pendentes.
Somente no ano passado foram 6.401 reboques concretizados na capital, ou 553 a cada m�s. A equipe de reportagem do Estado de Minas acompanhou o trabalho de remo��o em um dia no Bairro Belvedere, Centro-Sul de Belo Horizonte, quando a empresa credenciada pela BHTrans para fazer o servi�o retirou ve�culos na Avenida Luiz Paulo Franco e na Rua Juvenal de Melo Senra. Um deles estava estacionado em um trecho da Luiz Paulo Franco em que � proibido devido ao fluxo intenso de tr�nsito, que encontra uma barreira diante de carros estacionados, o que leva o tr�fego a travar em v�rios momentos do dia.
O aposentado Juarez Soares, de 81 anos, tem costume de andar pela Rua Juvenal tanto a p� quanto de carro, e elogia o trabalho da BHTrans. “Tem gente que estaciona embaixo da placa de proibido. Tem que remover mesmo, porque quando h� carros estacionados neste ponto costuma dar muito problema”, afirma. Ainda segundo o aposentado, a presen�a de uma academia bem ao lado obriga v�rios motoristas a parar em fila dupla para chegar � garagem do estabelecimento. “Com a fila dupla da academia e os estacionamentos proibidos, trava tudo. A lei foi feita para ser cumprida”, completa Juarez.
Foi justamente na Avenida Luiz Paulo Franco, no Belvedere, que a fisioterapeuta Renata Vieira Massote, de 34, teve seu carro rebocado na segunda-feira. Ela estacionou em local proibido para ir ao banco. “N�o reparei que n�o podia, porque a placa estava distante. Foi falta de aten��o minha mesmo, eu fiz errado, mas achei que as taxas s�o muito caras”, afirma.
Para conseguir retirar o ve�culo, ela teve que pagar a terceira parcela do IPVA, que estava atrasada desde o dia 15, al�m do seguro obrigat�rio e da multa por estacionamento proibido (R$ 130,16). Al�m disso, pagou R$ 315,18, referentes a duas di�rias do p�tio (R$ 81,46), remo��o do carro (R$ 228,52) e taxa de servi�o banc�rio (R$ 5,20). Se o condutor chegar ao local da infra��o enquanto o carro ainda estiver sendo rebocado, ele consegue retirar o ve�culo, desde que as quatro cintas que prendem as rodas ainda n�o estejam totalmente amarradas. Segundo um agente de campo da BHTrans ouvido pela reportagem, nesse momento aparecem v�rias desculpas. “Muitos dizem que pagam as multas para o carro n�o ser levado. Em geral, as pessoas dizem que pararam ali por um tempo curto e acabaram se atrasando”, afirma o agente.

Segundo o supervisor de Opera��o Log�stica da BHTrans, Leandro Martins de Morais, para atender a demanda da cidade a empresa conta com seis reboques leves e cinco pesados. Na hora de decidir por dar prioridade a algum local, considera-se primeiro o grau de urg�ncia, conforme as informa��es passadas pelos agentes de campo. “Temos v�rias situa��es que significam prioridade. Pode ser uma garagem de hospital, um ponto de descarga de algum equipamento especial ou um lugar que atrapalha o raio de giro de uma linha de �nibus, por exemplo. O atendimento varia de acordo com a avalia��o que � feita no local”, diz Leandro.
Apesar de dar prioridade aos pontos com a presen�a dos agentes, o supervisor tamb�m garante que casos mais graves que s�o repassados diretamente pela popula��o n�o ficam sem o reboque. “Como s�o muitos problemas, n�o conseguimos estar em todos ao mesmo tempo. Mas assim que um problema � sanado, os acionamentos s�o direcionados”, acrescenta.
A popula��o pode enviar pedidos de reboque pelo telefone 156 e tamb�m pelo Sacweb, dispon�vel no site da Prefeitura de Belo Horizonte. De qualquer forma, Leandro Martins tamb�m lembra que o ciclo operacional dos reboques gira em torno de 60 minutos para cada remo��o, o que significa que h� um tempo necess�rio entre cada servi�o para que o guincho possa chegar a um segundo endere�o depois de finalizar o trabalho no primeiro.
Enquanto isso...
...Leil�o depois de 60 dias
Os carros rebocados por estacionamento irregular em Belo Horizonte s�o encaminhados para o p�tio credenciado, que fica no Bairro Santa Maria, Noroeste de BH, desde dezembro de 2013. Enquanto a m�dia de entrada de ve�culos � de 530 por m�s, com base no n�mero de rebocados em 2017, o supervisor de Opera��o Log�stica da BHTrans, Leandro Martins de Morais, diz que em torno de 35 ve�culos que entram a cada m�s permanecem, em m�dia, mais do que 30 dias no p�tio. Ele conta que h� v�rios casos em que os donos fazem a retirada depois de um m�s, mas a partir de 60 dias a BHTrans j� tem condi��es legais de leiloar os ve�culos. Desde dezembro de 2013, quando o atual p�tio come�ou a operar, j� foram feitos seis leil�es, com 1.238 ve�culos comercializados. O local foi contratado para uma capacidade entre 500 e 1 mil ve�culos.