
O uniforme do sistema prisional deu lugar � beca. A felicidade no olhar ao receber o canudo com o diploma mostrava o resultado de longos dias de estudos. Foi com um sorriso no rosto e com a sensa��o de dever cumprido que 53 detentos do Complexo Penitenci�rio P�blico-Privado (CPPP) participaram da formatura dos cursos de inform�tica e seguran�a do trabalho. Os presos fazem parte do 1% da popula��o carcer�ria que tem a oportunidade de fazer um curso t�cnico. O programa foi o primeiro realizado em Minas Gerais.
Antes de entrar na sala, onde estavam familiares e amigos, os presos colocaram a beca por cima do uniforme vermelho do sistema prisional. A m�sica dava o tom de in�cio da celebra��o. Na fila, a ansiedade era grande. Mas no momento em que foram chamados para entrar, muitos sorrisos. Na plateia, choro de satisfa��o com a conquista dos detentos. Cada um foi chamado nominalmente para receber o diploma. Junto a eles, crian�as e parentes participaram da entrega do certificado.

A m�e dele, Vera L�cia Costa Silva, conta que o filho n�o gostava de estudar e deu trabalho na escola. Mas que escolheu mudar de vida dentro da cadeia. “Est� sendo um momento de resgate da dignidade. O diploma vai abrir v�rias portas para ele. Fico feliz que do mesmo jeito que ele escolheu o erro, agora escolheu estar entre os melhores”, comentou, emocionada. “A gente (fam�lia) sempre o apoiou e vamos continuar dando for�a”, completou.

Os cursos s�o fruto de uma parceria da Funda��o de Educa��o do Trabalho (Utramig), MRV Engenharia e Gestores Prisionais Associados (GPA). Eles foram aprovados pelo Conselho Estadual de Educa��o de Minas Gerais. Os alunos tiveram aulas durante 18 meses. Nos primeiros 45 dias foi feito um nivelamento de portugu�s e matem�tica. Foram realizadas 80% das aulas a dist�ncia, acompanhadas por tutores/professores, e 20% em encontros presenciais, realizados no pr�prio complexo. Os estudantes de seguran�a do trabalho puderam colocar em pr�tica os ensinamentos nas empresas instaladas no interior do complexo.
A presidente da Utramig, Vera Maria Neves Victer, uma das idealizadoras do projeto, destaca a import�ncia dos cursos para a ressocializa��o dos detentos. “Acho que esse curso tem import�ncia fundamental porque trata de uma parcela da popula��o extremamente exclu�da dos seus direitos. A��es como essa atendem a 1% da popula��o carcer�ria do Brasil. Os participantes t�m a chance de construir uma identidade profissional e tamb�m a possibilidade de aumentar a autoestima, de se transformarem em sujeitos da pr�pria vida”, comentou. “O mercado de trabalho est� a�. Daqui a pouco eles ter�o progress�o de pena e ser�o egressos, e esperamos que possam estar absolutamente inseridos no mundo externo e em uma disputa igualit�ria com todos os outros trabalhadores”, completou.
OBRIGA��O O secret�rio adjunto de Estado de Administra��o Prisional (Seap), Marcelo Jos� Gon�alves da Costa, acredita que exemplos como esse devem ser seguidos. “Isso � uma obriga��o legal. Atividades como essa, n�o deste tamanho, j� ocorrem em unidades que s�o administradas pelo estado. O que n�s precisamos perceber � que a lei de execu��o penal exige e determina que se produzam a��es como essa. � um direito da pessoa encarcerada e uma obriga��o do poder p�blico”, disse.
A mesma opini�o � compartilhada pelo presidente da GPA, Rodrigo Gaiga. “� um momento importante porque estamos vivendo algo muito inovador. A parceria com a MRV e com a Utramig para oferecer um curso t�o amplo, t�o complexo, para pessoas privadas de liberdade � uma enorme inova��o e estamos orgulhosos de poder dar essa oportunidade a esses presos que se formam hoje”.
J� o diretor Jur�dico da MRV Engenharia, Raphael Lafet�, diz que novas parcerias devem ser feitas no futuro. “Nos sentimos cumprindo nossa responsabilidade enquanto empresa cidad� e como cidad�os brasileiros, promovendo a inclus�o social, a socializa��o da educa��o e a transforma��o dessas pessoas, que n�o t�m acesso a esses direitos fundamentais”. “Para eles � importante, porque saem daqui com uma profiss�o, como t�cnicos de inform�tica ou de seguran�a do trabalho. Isso � de uma propriedade enorme para uma pessoa se inserir no mercado de trabalho e se apresentar enquanto cidad�o a uma empresa”, afirmou.