
Equipes de policiais militares, com ajuda de um helic�ptero Pegasus, vasculharam na noite de ontem as imedia��es do Complexo Penitenci�rio Nelson Hungria, em Contagem, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, em mais uma noite de tens�o no pres�dio. Seis presos fugiram. As buscas come�aram depois de uma “tereza” (corda feita de len��is) ter sido encontrada no muro, pr�ximo � guarita 3. Por volta das 23h, a procura foi suspensa sem que ningu�m tenha sido capturado, segundo a sala de imprensa da PM. Na manh� de hoje, a corpora��o confirmou que um dos detentos foi recapturado.
Esta � a quinta fuga desde dezembro. As quatro anteriores colocaram nas ruas criminosos de alta periculosidade. Dos 25 detentos que escaparam da unidade de seguran�a m�xima nesses epis�dios, apenas sete foram recapturados. O restante segue foragido. Entre eles est�o homicidas, traficantes de drogas, assaltantes, integrantes de quadrilhas especializadas a ataques a bancos – crime que vem tirando o sono das cidades do interior do estado –, entre outros. Um dos foragidos � Felipe Souza da Cruz, o Jiraya, que j� foi considerado o bandido mais procurado de Betim, na Grande BH. Ele foi preso em junho em Itatiaiu�u, na Regi�o Central de Minas Gerais, e conseguiu fugir da penitenci�ria em 17 de janeiro.
Outro foragido � Maxsuel de Moura Avelino, procurado por associa��o ao tr�fico de drogas e homic�dio. Ele havia sido preso em Caratinga, na Regi�o do Rio Doce. Durante uma abordagem da Pol�cia Militar (PM), o ve�culo dirigido pelo jovem foi parado em uma pra�a da cidade. Dois ocupantes seguiam junto com o motorista. Ao consultar o Sistema Integrado de Defesa Social, os militares constataram que ele tinha um mandado de pris�o em aberto. A corpora��o informou que o rapaz � suspeito de integrar uma organiza��o criminosa especializada em ataques a caixas eletr�nicos no interior de Minas Gerais.
Al�m dos dois, seguem foragidos: Fl�vio Augusto Fialho, que responde por homic�dio, tentativa de homic�dio e roubo; Cristiano Medeiros Graciano, por associa��o ao tr�fico de drogas; Jonatas Ferreira Carneiro, por homic�dio e roubo; Edicarlos Lopes Silva, que responde por roubo; Bruno Jefferson Vasconcelos, por roubo e desobedi�ncia; Vin�cio Gomes de Andrade, por roubo; Elionae Jos� dos Santos, por furto e roubo; Jhon Marcos Pereira, furto e tentativa de furto; Emerson Cassimiro Gomes, por roubo; Adriano Ferreira de Souza por roubo e sequestro; F�bio Barroso Silva, por roubo; F�bio Fernandes da Silva por homic�dio e roubo. Thales Viana Rodrigues foi preso por homic�dio e les�o corporal. Os crimes de Fernando Raimundo de Souza e Weverton Ara�jo da Silva, n�o foram divulgados pela Secretaria de Estado Administra��o Prisional (Seap).
A fuga de ontem foi a segunda nesta semana. Na ter�a-feira, quatro detentos fugiram. Informa��es extraoficiais d�o conta de que eles seriam ligados a uma fac��o criminosa. Em 27 de janeiro, oito presos escaparam e a fuga foi sucedida por um motim com fogo em colch�es. Na ocasi�o, detentos reclamaram da falta de �gua no pres�dio e denunciaram que o problema seria uma repres�lia � fuga, fato que foi negado pelo governo do estado. Dois meses depois, mais 10 detentos fugiram, sendo que dois foram imediatamente recapturados.
ATAQUE A �NIBUS Ontem, mais um �nibus foi incendiado por criminosos em Belo Horizonte. J� s�o nove casos desde o �ltimo dia 12 em BH e regi�o metropolitana com parte das ocorr�ncias creditadas, por meio de bilhetes, � situa��o nos pres�dios, entre eles a Nelson Hungria. J� s�o nove coletivos destru�dos por bandidos desde 12 de abril na Grande BH. Desta vez, segundo o Corpo de Bombeiros, o inc�ndio ocorreu por volta das 2h quando o ve�culo estava pr�ximo ao cruzamento da Avenida Leontino Francisco Alves com a Rua Guido Le�o, no Bairro Serra Verde, em Venda Nova.
Conforme a PM, o ve�culo foi queimado por tr�s homens armados, que chegaram em um Vectra escuro e renderam o motorista. Um bilhete deixado no local continha supostas reivindica��es de detentos do pres�dio Bicas II, em S�o Joaquim de Bicas, na Grande BH. As chamas atingiram a rede el�trica e parte do quintal de uma casa. Ningu�m ficou ferido. De acordo com a Seap, ainda n�o � poss�vel relacionar os inc�ndios dos �nibus ao sistema prisional.
Liminar barra limita��o de visita

No momento em que o Complexo Penitenci�rio Nelson Hungria, em Contagem, na Grande BH, vive uma s�rie de fugas, o juiz Wagner Cavalieri, titular da Vara de Execu��es Criminais da cidade, deferiu parcialmente uma liminar que pro�be o cancelamento de visitas de amigos (as) e namoradas (os) de presos por meio de portaria ou comunicado geral. A dire��o da unidade havia emitido uma mensagem informando que os cadastros estariam cancelados para amigos ou namoradas, sem preju�zo para parentes, mas a pr�pria Secretaria de Estado de Administra��o Prisional (Seap) admitiu que o comunicado 01/2018 seria retificado, submetendo os cadastros a an�lises individuais. Em sua decis�o de car�ter liminar, o juiz argumentou que a Lei de Execu��es Penais permite a visita de amigos e que um cancelamento sem fundamenta��o espec�fica caso a caso pode incorrer em arbitrariedade. O magistrado garantiu o poder da Seap de manter, restringir ou cancelar os cadastros desde que apreciados de forma individual.
A decis�o do juiz Wagner Cavalieri foi motivada por pedido de liminar impetrado pela Ordem dos Advogados do Brasil em Minas Gerais e sua subse��o de Contagem, ambas por suas comiss�es de Assuntos Carcer�rios. O juiz inicia sua argumenta��o destacando que os problemas do sistema prisional mineiro, em especial aqueles do Complexo Penitenci�rio Nelson Hungria, apontam para a ado��o de medidas en�rgicas, inclusive com a possibilidade de restri��o de visitas. Mas o magistrado destaca que do jeito que a proibi��o foi lan�ada pelo Estado, com base no comunicado 01/2018, ela se mostrou “aparentemente arbitr�ria”. Cavalieri pontuou que a Lei de Execu��es Penais n�o traz impedimentos para nenhuma classe de visitantes e destacou ainda que se o comunicado demorasse a ser suspenso muitas pessoas que residem longe da penitenci�ria poderiam perder a viagem e com isso ficariam prejudicadas. Al�m disso, o juiz entendeu que “em caso de manuten��o do ato apontado como lesivo poderia impedir a visita��o social de boa parte da massa carcer�ria por tempo indeterminado, especialmente porque muitos deles sabidamente n�o recebem visitas de parentes”, conforme o texto da decis�o.
N�o h� nenhum impedimento para os parentes, como pais, filhos, enteados, irm�os, av�s, netos, tios e primos, al�m dos sogros, genros, noras, c�njuges ou uni�o est�vel. O comunicado anunciava as restri��es a partir de amanh�. O presidente da Comiss�o de Assuntos Carcer�rios da OAB/MG, F�bio Pil�, disse que a decis�o do juiz � uma vit�ria, mesmo que parcial. “Ela chega para acalmar um pouco o sistema prisional de Contagem”, afirma. De janeiro at� ter�a-feira, 22 presos j� haviam fugido da Nelson Hungria, sendo que apenas dois foram recapturados. Al�m disso, v�rios epis�dios foram registrados na penitenci�ria desde outubro do ano passado, entre fugas frustradas, assassinato de preso e ataques ordenados de dentro do pres�dio. Todas as ocorr�ncias colocam � prova a seguran�a m�xima da penitenci�ria, considerada um term�metro para o sistema prisional do estado.