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Estado de Minas

Ind�genas contam hist�rias e d�o detalhes de suas culturas para crian�as

Dois ind�genas do povo Yawanaw�, o casal Pui Kuru, de 34, e Vimi Yuve, de 18, que participaram de uma s�rie de atividades no Instituto Educacional Ouro Verde (Inov), em Nova Lima, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte


postado em 28/04/2018 06:00 / atualizado em 28/04/2018 07:34

Vimi Yuve e Pui Kuru conversaram com as crianças da escola da Grande BH (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
Vimi Yuve e Pui Kuru conversaram com as crian�as da escola da Grande BH (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)

Uma semana para conhecer outra cultura, trocar experi�ncias e tamb�m se divertir um pouco – afinal, qual crian�a n�o gosta de fazer descobertas? Com o entusiasmo t�pico da idade, meninos e meninas de at� 15 anos, do Instituto Educacional Ouro Verde (Inov), em Nova Lima, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, est�o recebendo a visita de dois ind�genas do povo Yawanaw�, o casal Pui Kuru, de 34, e Vimi Yuve, de 18, que participaram de uma s�rie de atividades na escola localizada nas bordas da Mata do Jambreiro. Na manh� de ter�a-feira, primeiro dia de encontro com a garotada, houve intera��o imediata, com sauda��o por meio de cantigas em portugu�s e no dialeto nativo, do tronco lingu�stico “pano”, ao som de viol�o e flauta, muitas hist�rias e alegria em meio � natureza.

Nesta primeira visita a uma grande cidade como Belo Horizonte, o casal residente na aldeia Nova Esperan�a, no estado do Acre, onde vivem 400 pessoas, estranhou, de imediato, o frio. Acostumados com as temperaturas elevadas e a umidade t�pica da floresta amaz�nica, Pui Kuru e Vime Yuve se protegeram com muitos casacos. At� meias de l� e um poncho foram providenciados para a jovem filha do cacique, que usava brincos feitos com penas cor-de-rosa de arara e uma enorme de gavi�o-real coroando os cabelos pretos e escorridos. J� o marido trazia um cocar de penas brancas de urubu-rei, s�mbolo de for�a, e colares de mi�angas do artesanato dos Yawanaw�, habitantes das margens do Rio Greg�rio, no meio da floresta.

Pai de oito filhos, sendo o ca�ula com Vimi Yuve, o professor Pui Kuru se apresentou como coordenador da escola da aldeia e tamb�m respons�vel pela prepara��o espiritual. Simp�tico, disse que a chegada at� BH foi longa: Cinco horas descendo o Rio Greg�rio, de barco, mais tr�s horas de carro at� Cruzeiro do Sul (AC), onde pegaram o avi�o at� Bras�lia, depois Rio de Janeiro e BH. “Quando a gente est� l� em cima, tem que ter medo!”, brincou o ind�gena sobre o voo. Atencioso com todos, traduziu a palavra Yawanaw�, que significa “povo de queixada”, um tipo de porco que vive nas matas.

ANIMA��O


Se os dois ind�genas sentiram frio, sobrou calor humano. Depois do encontro com as turmas do ensino fundamental, eles se dirigiram, por volta das 10h, a um espa�o onde as crian�as entre 5 e 6 anos brincavam. “Os �ndios chegaram! Os �ndios chegaram!”, sinalizou, com entusiasmo, um menino, t�o logo viu o casal acompanhado de professores. Com satisfa��o e sem timidez, abra�aram Vimi Yuve e Pui Kuru e foram conduzindo os dois a uma coberta. Bem � vontade, cada um escolheu um lugar para ficar, alguns preferindo o “brinqued�o”, equipamento com escorredor, corda e barra.

Otto Cerqueira, de 6, prestou aten��o em tudo e gostou do cocar de penas, enquanto Eduardo Martins fez coro na sauda��o aos visitantes, na m�sica: “Ele mora na tribo/Contente e feliz/Ca�ando e pescando/E comendo raiz/O Sol � Guaraci/A Lua � Jaci/E a l�ngua que ele fala/� tupi-guarani”. Mesmo n�o falando tupi-guarani, o casal agradeceu e retribuiu com uma cantiga “para crian�a dormir”, na l�ngua nativa. Depois a mulher tocou viol�o e ele, flauta, com a turma procurando acompanhar os fonemas. Johann Fernandino, de 5, tamb�m gostou da intera��o e conversou com o professor da aldeia.

Olhando do alto do “brinqued�o”, Lis Am�ncio Neves e Maria Giovana de Barros Fran�a, ambas de 5, e Clara Lessa, de 6, curtiram cada segundo. “Gostei de tudo”, resumiu Lis. Clara gostou da m�sica e Maria Giovana do cocar. A cada palavra dos ind�genas, o sil�ncio era completo, favorecido ainda mais pela quietude da regi�o com rica biodiversidade.

Desfazendo estere�tipos

Com um total de 228 estudantes na faixa et�ria de um 1 ano e meio at� 15 anos, que se distribuem em ensinos infantil e fundamental, a Inov, em seu quinto ano de funcionamento, segue os princ�pios da pedagogia alem� Waldorf. Feliz com a visita, Izabel Stewart, diretora da Associa��o Instituto Educacional e Cultural Ouro Verde, mantenedora da escola, disse que a presen�a dos dois vindos do Acre, neste m�s, quando se comemora do Dia do �ndio (19 de abril), foi pura coincid�ncia.

“Trata-se da terceira vez que recebemos os Yawanaw�. No ano passado, vieram os pais de Vimi Yuve. O fundamental, nesses encontros, � desfazer estere�tipos e mostrar os tra�os comuns, sempre com um olhar de respeito” disse Izabel. “Somos todos seres humanos, gente que vive no mesmo tempo, embora de culturas diferentes. � bom destacar que diferen�as s�o riquezas. O objetivo � fazer esse ‘religare” com outra cultura e a natureza.” A diretora contou que teve os primeiros contatos com esse povo por meio da organiza��o n�o-governamental Primatas da Montanha (Primo), j� tendo viajado para l� algumas vezes.

Como atividade na escola, o casal participou da continuidade de um projeto relacionado �s aulas de matem�tica: trata-se da cobertura de uma estrutura geod�sica, semelhante a um “domo” ou ab�boda, cuja montagem em bambu foi executada no ano passado pelo pai de Vimi Yuve. “A cobertura ser� feita de palha tran�ada, com a participa��o dos alunos”, disse Izabel.

O canto, uma das habilidades marcantes dos Yawanaw�, disse Izabel, poder ser trabalhado nas aulas de idioma e de m�sica. “Eles cantam no dialeto. As can��es narram as mitologias e cren�as do povo.” J� os grafismos das pinturas corporais, feitos com jenipapo e urucum, presentes tamb�m em adere�os como braceletes e colares, se associam � disciplina de artes e tamb�m matem�tica.”

 

PEDAGOGIA WALDORF
O modelo de ensino do Instituto Educacional Ouro Verde (Inov), de Nova Lima, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, alia os preceitos da pedagogia Waldorf aos conceitos de uma escola verde. A pedagogia foi criada por Rudolf Steiner (1861-1925), na Alemanha, no in�cio do s�culo 20, e o modelo de educa��o se espalhou pelo mundo. Conforme nota divulgada pelo Inov, a Waldorf est� presente em mais de 50 pa�ses, com a miss�o de “desenvolver seres humanos livres, capazes, por eles pr�prios de dar sentido e dire��o �s suas vidas”, segundo palavras de Steiner. No Brasil, est� presente em mais de 50 escolas.



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