O arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, dom Walmor Oliveira de Azevedo, adotou o tom pol�tico no fim da tarde de desta quinta-feira durante a homilia na celebra��o da festa de Corpus Christi, ao convocar os fi�is a serem cidad�os que t�m como modelo Jesus Cristo. “Os acontecimentos dos �ltimos 10 dias revela nossa fragilidade, numa sociedade que precisa urgente entrar nos trilhos”, disse Azevedo, para na sequ�ncia afirmar “envergonha-nos profundamente a doen�a da corrup��o”. O arcebispo presidiu a missa na Par�quia Nossa Senhora da Boa Viagem, que antecedeu a prociss�o luminosa ao longo da Avenida Afonso Pena, onde tapetes artesanais remetiam �s tradi��es religiosas do interior mineiro.
Na fala de dom Walmor n�o faltaram as cita��es b�blicas, como a postura de Mois�s diante da miss�o dada a ele por Deus, para convocar os fi�is a darem um testemunho de f� contra a pobreza e a desigualdade. O arcebispo destacou a import�ncia do crist�o estar comprometido com boas obras e n�o ser como o povo que faz o que quer, atendendo interesses de grupos, partido e poderes, mas recomendou: “n�o abra m�os dos decretos e leis e de obedec�-los para o bem”.
Antes mesmo de dar in�cio � celebra��o, dom Walmor deu o tom de sua prega��o ao falar para imprensa sobre a import�ncia da data no atual momento do pa�s. “A celebra��o da festa de Corpus Christi, na tradi��o multissecular na igreja, � a oportunidade de publicamente d� o testemunho da eucaristia. O que significa adotar o modelo da sinceridade, da honestidade e da oferta de Cristo”, assinalou.
“E neste momento delicado que n�s estamos vivendo no Brasil, � um chamamento para um novo tempo, para sinceridade, transpar�ncia, honestidade e a coragem de a gente priorizar aquilo que � a promo��o da vida igualmente de todos, portanto, momento de ora��o. E uma ora��o que precisa incidir sobre a vida concreta de cada um de n�s, sobretudo qualificando a nossa cidadania para um tempo novo na nossa sociedade. S�o os gestos de f� e amor pela beleza, pela arte a Cristo, exatamente para evidenciar a import�ncia da refer�ncia a Ele como modelo de nossa vida”, completou.
COSTUME E tradi��es n�o faltam quando o assunto � o ferido de Corpus Christi, celebrado sempre �s quintas-feiras que sucedem o domingo da Sant�ssima Trindade. Em Belo Horizonte, um costume de apenas quatro anos de exist�ncia tem ganhado espa�o nos cora��es dos fi�is: a customiza��o de tapetes coloridos na Avenida Afonso Pena, entre as igrejas Boa Viagem e S�o Jos�. Com borra de caf�, serragem, pap�is coloridos e sal, cidad�os celebram a eucaristia, sacramento central do catolicismo.
Participante do evento desde o primeiro ano (2015), S�lvia Mayrink ressalta a contribui��o dos tapetes para a comunidade cat�lica. “� uma oportunidade para demonstrarmos nossa f� e nosso amor por Jesus. As pessoas ficam alegres e sabem que ningu�m est� sozinho. A gente precisa disso neste mundo t�o dif�cil”, diz a mulher, que � ministra da Bas�lica de Nossa Senhora de Lourdes, na Regi�o Centro-Sul da capital. Ela conta que a tradi��o vem desde os primeiros anos de vida, quando a fam�lia decorava as ruas do munic�pio de Ponte Nova, na Zona da Mata.
Para a irm� Eliamar Flor�ncia da Silva, de 42 anos, a data contribui para reafirmar a presen�a de Jesus Cristo na vida das pessoas. “� pensar que, assim como um dia ele passou pelas ruas de Jerusal�m, ele passa novamente hoje nas nossas ruas nos aben�oando. Esse gesto de enfeitar a rua � uma demonstra��o de acolhida de Jesus”, destaca a freira.
A oportunidade tamb�m ajuda a Igreja Cat�lica a fidelizar ainda mais pessoas e favorece o sentimento de pertencimento ao cristianismo, de acordo com Renata da Penha, de 34. “Contribui para as pessoas verem a mobiliza��o da Igreja e a integraliza��o que temos. Re�ne muitas pessoas em um momento de harmonia e paz. � construir algo em conjunto”, afirma. Ela participa da atividade desde o primeiro ano, pela Funda��o Obras Sociais Nossa Senhora da Boa Viagem (Fonsbem), vinculada � par�quia de mesmo nome.