
“Fiquei oito dias parado e, desde a ter�a-feira, quando os combust�veis come�aram a reaparecer nos postos, consegui abastecer tr�s vezes para trabalhar. Agora, que as filas est�o demorando menos, algo em torno de meia hora, j� estou come�ando a correr atr�s do preju�zo, sen�o o jacar� abra�a a gente.” As palavras do taxista Natanael Pereira Santos, de 71 anos, que chegou a esperar quatro horas e meia em uma fila para garantir seu sustento transportando passageiros em Belo Horizonte, ilustram a situa��o de muitos profissionais e empres�rios que tiveram suas atividades paralisadas com o movimento dos caminhoneiros. Agora, al�m de esperar em filas para abastecer, todos aguardam ansiosamente que a situa��o volte � normalidade.
A equipe do Estado de Minas rodou por 148 quil�metros na Regi�o Metropolitana de BH, entre a capital, Contagem, Betim, Igarap� e Juatuba, passando por 40 postos, dos quais 12 estavam fechados por estarem com as bombas secas. Seis tinham apenas diesel e estavam vazios, enquanto os que dispunham de gasolina e etanol contavam com longas filas em seus acessos e p�tios. Entre as pessoas que abasteciam, havia tamb�m caminh�es de aut�nomos e de empresas transportadoras, como o ve�culo de carga guiado por Marcel Vitor Castro, de 27. “Ficamos parados dentro da empresa, sem poder sair, porque poder�amos ser bloqueados e n�o ter�amos onde abastecer. Acho que o movimento valeu, porque o Brasil explora a gente h� muito tempo. Algu�m tinha de fazer alguma coisa”, disse.
Dentro do mesmo caminh�o estava o supervisor de log�stica Darlan Max Lopes, de 29, que tinha a miss�o de colocar a frota na estrada novamente, para entregar produtos aos clientes que ficaram sem receber suas mercadorias. “Tem gente do interior inteiro esperando pelas cargas que n�o pudemos transportar. Nossa sa�da foi circular e atender apenas na Grande BH, com caminh�es pequenos, para n�o ser barrados pelos manifestantes. Agora temos de correr para abastecer cidades como Montes Claros, Curvelo, Sete Lagoas, Governador Valadares, Ipatinga, Coronel Fabriciano e muitas outras”, disse.
Na Grande BH, ao longo da Via Expressa, onde h� uma grande quantidade de postos entre a capital, Contagem e Betim, a situa��o de estabelecimentos e consumidores era diferente. Os pre�os parecem estar sendo controlados entre os pontos de venda, com a gasolina girando em torno de R$ 4,79 e R$ 4,89 – ainda assim acima do que era praticado antes da paralisa��o: entre R$ 4,39 e R$ 4,29 nas mesmas bombas. Em Belo Horizonte, no mesmo corredor de tr�fego, mas entre os bairros Carlos Prates e Barro Preto, dois postos tinham filas de ve�culos esperando para encher os tanques, t�o compridas que invadiam ruas das �reas residenciais.
No vizinho Padre Eust�quio, um dos postos que mais tinham aumentado os pre�os amanheceu sem combust�vel e sem aglomera��o de consumidores. Outros tr�s, � frente, conseguiram os produtos. Dois deles registravam filas na Via Expressa e outro apenas nas ruas do bairro. Na altura de Contagem, as filas se concentraram nos estabelecimentos que ficam nas proximidades dos bairros �gua Branca, Parque S�o Jo�o e Eldorado.

Embora a informa��o oficial seja de que caminh�es-tanque j� circulam pela Grande BH sem escolta policial, postos nas avenidas Nossa Senhora do Carmo e Afonso Pena, Regi�o Centro-Sul da capital, tamb�m amanheceram com filas longas. Ontem, o major Fl�vio Santiago, chefe da Sala de Imprensa da Pol�cia Militar de Minas Gerais, disse que o abastecimento est� garantido hoje e no fim de semana. “A informa��o que temos do gabinete de crise (montado pelo governo do estado) � de que o abastecimento continua, mesmo no feriado, e, inclusive, no fim de semana que se segue, em esfor�o para regularizar a situa��o”, disse o militar.
“A Pol�cia Militar continua fazendo algumas escoltas. A tend�ncia agora � de desmobiliza��o desse processo. Continuar� tamb�m fazendo a seguran�a nos postos de combust�vel, exatamente para fazer com que haja a garantia da ordem e da tranquilidade, assim como vem fazendo desde quando tivemos o �pice desse processo”, concluiu. Ontem o Sindicato do Com�rcio Varejista de Derivados do Petr�leo do Estado de Minas Gerais (Minaspetro) desmentiu informa��es contidas em �udios que circulam em grupos de trocas de mensagem por celular, segundo os quais os estoques nos postos tendem a cair novamente, devido � suposta reten��o de caminh�es de �lcool em rodovias de S�o Paulo. (Com Gabriel Ronan e Luiz Ribeiro)
Morte, armas e pris�es em Minas
De acordo com o gabinete de crise montado pelo governo de Minas, houve uma morte e outras ocorr�ncias de destaque durante o movimento dos caminhoneiros no estado. Na primeira, dia 24, uma pessoa morreu atropelada durante os protestos, em Concei��o do Mato Dentro, na Regi�o Central. Dois dias depois, foram apreendidos 700 litros de combust�vel armazenado e comercializado ilegalmente em Paracatu, no Noroeste do estado, com duas pris�es. Segunda-feira foi apreendida uma arma fogo com o condutor de uma caminhonete, que tamb�m foi detido. Na mesma data, um caminhoneiro foi preso por disparar contra manifestantes na BR-040, em Esmeraldas, na Grande BH. Na quarta-feira, houve tr�s den�ncias de pr�tica de pre�os abusivos na venda de combust�veis.