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Estado de Minas

Ataques em Minas: pol�cia n�o descarta ordem de fac��o, mas faltam explica��es

Estado, que vivia a expectativa de normaliza��o ap�s transtornos causados pela mobiliza��o de caminhoneiros, come�a a semana enfrentando onda de ataques incendi�rios em 21 cidades


postado em 05/06/2018 06:00 / atualizado em 05/06/2018 07:27

Uberaba - Sequência de incêndios começou no domingo e se espalhou ontem por vários pontos de Minas, com modo de ação semelhante (foto: Jairo Chagas/Jornal da Manhã)
Uberaba - Sequ�ncia de inc�ndios come�ou no domingo e se espalhou ontem por v�rios pontos de Minas, com modo de a��o semelhante (foto: Jairo Chagas/Jornal da Manh�)

Depois de 10 dias de tens�o com a paralisa��o dos caminhoneiros, bloqueios e protestos que chegaram a impor restri��es em mais de 60 pontos rodovi�rios de Minas Gerais, a semana que deveria ser de retomada da normalidade come�ou com uma onda de atentados incendi�rios a �nibus, carros e ataques a pr�dios p�blicos e bancos em cidades de diversas regi�es de Minas, com concentra��o em munic�pios pr�ximos � divisa com S�o Paulo (veja mapa). Em menos de 24 horas, criminosos atacaram  21 cidades, queimando ve�culos de transporte coletivo e particulares em 18 delas.

Em um dos casos, em Itajub�, no Sul de Minas, um bilhete relatando repress�o contra detentos do pres�dio da cidade e na penitenci�ria de Alca�uz (RN) foi deixado dentro do �nibus depredado, em nome de uma fac��o criminosa com atua��o nacional. � noite, mais dois coletivos foram alvos de inc�ndios criminosos na cidade. N�o houve informa��o de feridos. Uma viatura do sistema prisional, estacionada em uma oficina, tamb�m foi queimada. Para evitar outros ataques, equipes da PM escoltaram �nibus que sa�am das faculdades. At� a noite de ontem, em meio ao clima de tens�o gerado pela ofensiva, faltavam explica��es concretas sobre a motiva��o ou poss�vel coordena��o dos crimes.

Tanto a PM quanto a Pol�cia Civil admitem a possibilidade de ataques orquestrados por fac��o criminosa, mas os militares tamb�m apontam que podem haver casos de pessoas que se aproveitaram do momento de tens�o para praticar viol�ncia, a��o definida como “espelhamento”. A corpora��o destaca que 30 pessoas, entre elas um menor, foram conduzidas acusadas de envolvimento nos ataques, sendo que pelo menos oito tiveram as pris�es em flagrante confirmadas por participa��o nos crimes. O n�mero de �nibus atacados chegou a pelo menos 32.

(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)


No fim da tarde, o governo do estado divulgou nota informando que as for�as de seguran�a estaduais, com refor�o da Pol�cia Federal, est�o mobilizadas para investigar a sucess�o de crimes, mas argumentou a necessidade de sigilo para n�o prejudicar as apura��es. Entre os �rg�o envolvidos para conter a onda de viol�ncia, o Estado de Minas apurou que o Grupo de Atua��o Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) j� integra uma for�a-tarefa designada para cuidar dos casos.

As a��es de criminosos que espalharam terror por diversas cidades seguiram um padr�o: motoristas e cobradores de �nibus foram abordados e receberam ordem de sa�da do coletivo, assim como os passageiros, quando havia. Em seguida, os bandidos jogaram l�quidos inflam�veis e atearam fogo aos ve�culos, sendo que em alguns casos os danos foram menores.

Os ataques se concentraram no Sul de Minas, mas tamb�m passaram pelo Tri�ngulo Mineiro, onde tudo come�ou na tarde de domingo nas duas maiores cidades – Uberl�ndia e Uberaba –, e chegaram at� a Grande BH, com dois ataques na capital e um  em Santa Luzia. Como rea��o, empresas de �nibus de pelo menos duas cidades retiraram coletivos de circula��o. Em Uberaba foram duas companhias. Em Pouso Alegre houve uma, que informou que seus carros s� voltariam a circular sob escolta policial.

No Tri�ngulo Mineiro houve tamb�m danos registrados a ag�ncias banc�rias, justamente em um per�odo de in�cio de m�s em que normalmente os caixas eletr�nicos ficam mais abastecidos. Al�m da onda de ataques com car�ter de depreda��o, um tesoureiro de uma ag�ncia de Papagaios, na Regi�o Central de Minas, foi feito ref�m com a fam�lia e ficou sob a mira de bandidos. A onda de ataques coincide tamb�m com as proximidades da data de pagamento de sal�rios, �poca em que epis�dios de assaltos a institui��es banc�rias se espalham pelo estado.

Entre o medo e as vers�es


Araxá(foto: Willian Tardelli/Divulgação)
Arax� (foto: Willian Tardelli/Divulga��o)


Logo que a sucess�o de a��es incendi�rias come�ou em cidades mineiras, ainda na tarde de domingo em Uberaba e Uberl�ndia, mensagens de �udio se espalharam como rastilho de p�lvora por celulares, via aplicativos de mensagens, com amea�as que supostamente partiam de detentos, ordenando ofensivas com depreda��o generalizada. As mensagens destacavam a necessidade de poupar vidas, mas pregavam ataque geral contra �nibus, carros e pr�dio p�blicos, entre outros. A situa��o de tens�o disseminada nos aplicativos e em redes sociais fez com que o comandante do 4º Batalh�o da PM, de Uberaba, tenente-coronel Ronan Muniz dos Santos, sa�sse �s ruas em patrulhamento e gravasse um v�deo para afastar boatos de que a cidade estivesse sitiada por criminosos. Quatro coletivos foram atacados no munic�pio, tr�s deles ainda no domingo.

Em Itajub�, no Sul de Minas, criminosos tentaram queimar um �nibus da empresa Val�nia, que fazia a linha Santa Rosa/Novo Horizonte, mas as chamas n�o se alastraram. Segundo a PM, quatro homens, sendo tr�s encapuzados, usaram armas para bater no vidro dianteiro do coletivo e obrigar o motorista a parar. Como o fogo n�o come�ou depois que os criminosos jogaram o l�quido inflam�vel, eles atiraram contra o ve�culo e quebraram seus vidros. Nesse caso, a PM relata que foi deixada uma carta para o motorista, com amea�as de uma fac��o criminosa com atua��o nacional. No bilhete, os criminosos reclamam de opress�o no pres�dio da cidade e tamb�m na penitenci�ria federal de Alca�uz, em N�sia Floresta, no Rio Grande do Norte.

A PM prendeu um homem ap�s receber den�ncias da participa��o dele no epis�dio, mas o detido n�o deu informa��o sobre a ocorr�ncia. “Temos informa��es de ataques tamb�m no Rio Grande do Norte e em S�o Paulo. Ou seja, n�o foi uma a��o direcionada a Minas Gerais”, afirmou o major Fl�vio Santiago, porta-voz da Pol�cia Militar. O oficial tamb�m aponta a possibilidade de que os ataques tenham motivado outras pessoas a praticar atos de depreda��o, como em Alfenas, onde um homem sem rela��o nenhuma com outros crimes teria atirado um coquetel molotov contra uma viatura da PM.

Alfenas(foto: Reprodução da internet/WhatsApp)
Alfenas (foto: Reprodu��o da internet/WhatsApp)


PRIS�ES VULNER�VEIS O presidente da Comiss�o de Assuntos Carcer�rios da Ordem dos Advogados do Brasil em Minas Gerais (OAB/MG), F�bio Pil�, defende investiga��o rigorosa dos fatos. “A Pol�cia Civil e a Pol�cia Federal precisam apurar, at� porque os epis�dios est�o relacionados a mais de um estado, para realmente descobrir se h� ordens vindas de uma fac��o criminosa”, afirma Pil�. O advogado tamb�m afirma que o sistema penitenci�rio est� apresentando condi��es cada vez mais prec�rias, o que pode motivar ataques externos.

O delegado Carlos Capistrano, superintendente de Investiga��o e Pol�cia Judici�ria da Pol�cia Civil, diz que as primeiras informa��es indicam a coordena��o dos ataques por fac��o criminosa, mas afirma que � prematuro falar sobre outras informa��es. “J� estamos com todas as ag�ncias de intelig�ncia interligadas, no sentido de identificar o mando dessas a��es, os autores e responsabiliz�-los criminalmente”, afirma. De acordo com o delegado, apesar de os atentados terem se concentrado na por��o Centro-Sul de Minas, as aten��es est�o voltadas para todo o estado, com monitoramento da Superintend�ncia de Informa��o e Intelig�ncia da Pol�cia Civil, para evitar ataques-surpresa no Norte.

A PM tamb�m informou que intensificou as a��es de intelig�ncia para transformar as 30 condu��es pelos crimes no m�ximo de informa��es poss�veis que levem a novas pris�es e tamb�m contribuam para evitar outros ataques. Segundo o major Fl�vio Santiago, foi disponibilizado aumento no efetivo dos lugares atacados, para tentar capturar a maior quantidade poss�vel de pessoas envolvidas. Em nota, a Pol�cia Federal confirmou que participa das apura��es, mas acrescentou que n�o comenta a��es em curso.

O Estado de Minas fez contato com o Minist�rio Extraordin�rio da Seguran�a P�blica e com a Ag�ncia Brasileira de Intelig�ncia, questionando a participa��o dessas inst�ncias nas investiga��es sobre os ataques em Minas, mas n�o obteve retorno at� o fechamento desta edi��o.

 


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