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Estado de Minas

Cerol e linha chilena matam uma pessoa por ano na Grande BH

Aproxima��o das f�rias escolares faz subir n�vel de alerta com uso de cerol e linha chilena para papagaios. Apenas este ano, dois motociclistas morreram e 200 mil im�veis ficaram sem luz


postado em 08/07/2018 06:00 / atualizado em 08/07/2018 07:26

Apreensão de material cortante em operação da Polícia Civil: fiscalização não dá conta de conter o risco(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
Apreens�o de material cortante em opera��o da Pol�cia Civil: fiscaliza��o n�o d� conta de conter o risco (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
A proximidade das f�rias escolares eleva o n�vel de alerta com uma brincadeira que se torna a cada dia mais perigosa: a de empinar pipas e papagaios com linhas cortantes. Nos �ltimos nove anos, o uso do cerol ou da linha chilena, que � quatro vezes mais potente que a mistura de cola e vidro, fez com que a Grande BH registrasse pelo menos nove mortes, m�dia de uma por ano. A �ltima delas aconteceu em 24 de junho, em Contagem, na regi�o metropolitana da capital. O motociclista Igor C�sar Leal, de 38 anos, fazia a entrega de g�s quando foi atingido no pesco�o por uma linha chilena e morreu na hora.

Os atendimentos de v�timas tamb�m v�m aumentando durante o ano. Somente no m�s passado, sete pessoas tiveram de ser socorridas no Hospital de Pronto-Socorro Jo�o XXIII (HPS) com cortes pelo corpo provocados por linhas de papagaio. Mas n�o � esse o �nico preju�zo provocado pelo material: neste ano, aproximadamente 200 mil pessoas j� tiveram que lidar com interrup��es de energia provocadas por fios cortantes. E at� mesmo o helic�ptero do Corpo de Bombeiros foi atingido e est� fora de combate por tempo indeterminado. O preju�zo � de pelo menos R$ 15 mil aos cofres p�blicos.

Os ventos fortes desta �poca do ano s�o convidativos para a brincadeira, mas o risco est� na pr�tica de tornar o corte de linha de outras pipas uma esp�cie de competi��o. Com materiais cada vez mais cortantes, sejam de produ��o caseira, sejam industrializados, pedestres e principalmente ciclistas e motociclistas ficam expostos � amea�a e correm risco de se ferir ou at� de morrer, como ocorreu com o entregador Igor Leal.

Somente neste ano, duas pessoas morreram em acidentes com linhas cortantes(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
Somente neste ano, duas pessoas morreram em acidentes com linhas cortantes (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
Ele estava em mais um dia de trabalho entregando botij�es de g�s quando passou pela Rua Altino Jos� Costa, no Bairro Retiro, em Contagem, e foi atingido no pesco�o por uma linha chilena. De acordo com a Pol�cia Militar, o corte foi t�o profundo que quase degolou o homem. O Servi�o de Atendimento M�vel de Urg�ncia (Samu) foi acionado, mas quando a equipe m�dica chegou ao local a v�tima j� n�o apresentava sinais vitais. Nenhum respons�vel pelo material cortante foi identificado.

Mesmo com a pr�tica de soltar papagaios e pipas com cerol ou linha chilena sendo crime, a estat�stica fatal n�o para de crescer. Levantamento do Estado de Minas mostra que, desde 2009, ao menos nove pessoas perderam a vida na capital mineira ou em cidades da Grande BH por causa do material cortante. Somente neste ano foram dois casos de mortes registradas. Al�m de Igor, outro homem morreu depois de ser atingido no pesco�o em janeiro por uma linha com a mistura de cola e vidro. O motociclista Jos� Moreira de Souza, de 44, passava pelo Anel Rodovi�rio, pr�ximo � Avenida Cristiano Machado, quando foi ferido fatalmente.

Com a chegada das f�rias, a preocupa��o aumenta. Dados da Funda��o Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig) mostram que os atendimentos a v�timas v�m aumentando desde o in�cio deste ano. Dezesseis pessoas receberam cuidados m�dicos no Hospital Jo�o XXIII, em Belo Horizonte, de janeiro a junho. “A gente nunca pode deixar de dar o alerta. Em 2016 e 2017, tivemos uma queda gigantesca de atendimento, acredito que devido a campanhas mais ostensivas, mas agora diminuiu a a��o, e por isso o n�mero de acidentes est� aumentando novamente. De janeiro a maio deste ano, tivemos atendimento de 10 pacientes v�timas de cerol ou linha chilena. Em junho j� foram sete”, alerta Marcelo Lopes Ribeiro, diretor t�cnico e gerente assistencial do maior pronto-socorro do estado.

Segundo Ribeiro, os ferimentos provocados pelos materiais cortantes s�o graves. “� a lei da f�sica. O motociclista est� em uma velocidade muito r�pida e, quando � atingido pela linha, sofre um corte bem profundo. Quando n�o mata, chega para gente em estado muito grave. � uma brincadeira que pode provocar les�es irrevers�veis”, refor�a. De acordo com a PM, foram registradas 120 ocorr�ncias por uso de cerol ou linha chilena de janeiro de 2017 a maio de 2018. Neste mesmo per�odo, h� 10 registros de apreens�o dos materiais.

Helicóptero dos Bombeiros está fora de combate desde o mês passado, após seu rotor ser atingido pelo material cortante(foto: Divulgação/Corpo de Bombeiros de Minas Gerais)
Helic�ptero dos Bombeiros est� fora de combate desde o m�s passado, ap�s seu rotor ser atingido pelo material cortante (foto: Divulga��o/Corpo de Bombeiros de Minas Gerais)
Uma das ocorr�ncias provocou preju�zo aos cofres p�blicos e deixou parado por tempo indeterminado uma das mais importantes m�quinas de Minas Gerais. O helic�ptero Arcanjo 4 pousava no aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte, quando o material cortante se enroscou no rotor do aparelho, em 15 de junho. Ningu�m ficou ferido no incidente. Por�m, a aeronave est� impedida de voar. De acordo com o Corpo de Bombeiros, o rotor ter� um custo de R$ 15 mil. A pe�a j� foi encomendada, mas ainda n�o h� previs�o de chegada.

FALTA DE ENERGIA. O uso de cerol e linha chilena tamb�m pode provocar outros riscos, como a eletrocuss�o e quedas de energia el�trica. De acordo com a Cemig, somente neste ano, de janeiro a abril, aproximadamente 200 mil consumidores foram prejudicados com o desligamento da rede. No ano passado, cerca de um milh�o de pessoas foram prejudicadas. “Mas o mais perigoso � quando se tenta tirar papagaios que ficam presos na rede, puxando a linha. Isso pode ocasionar curto-circuito e choque el�trico. �s vezes, crian�as pegam cabos de vassoura ou vergalh�es para tentar alcan�ar a pipa. Em linhas de tens�o muita elevada, basta se aproximar para levar uma descarga muito forte”, explicou Dem�trio Ven�cio Aguiar, engenheiro de seguran�a da Cemig.

De acordo com o especialista, nos �ltimos anos foram registrados at� casos de morte por eletrocuss�o de pessoas que encostaram na rede para pegar os papagaios. “A principal recomenda��o � n�o usar fios cortante, jamais usar linhas met�licas, procurar local seguro longe de fia��o e de vias p�blicas. E, se acontecer de se deparar com papagaios presos �s linhas da rede el�trica, n�o tentar retirar” recomenda.


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