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Estado de Minas

Perda de direitos preocupa comunidade LGBT; parada reuniu 100 mil em BH

Vig�sima primeira Parada do Orgulho LGBT de Belo Horizonte re�ne p�blico recorde em defesa de direitos, da liberdade e pelo fim da viol�ncia motivada pela orienta��o sexual


postado em 09/07/2018 06:00 / atualizado em 09/07/2018 08:10

Ver galeria . 15 Fotos Cerca de 100 mil pessoas marcaram presença no evento e coloriram as ruas da capitalGladyston Rodrigues/EM/D.A press
Cerca de 100 mil pessoas marcaram presen�a no evento e coloriram as ruas da capital (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A press )


“Aqui n�o � carnaval, n�o � Banda Mole. � uma manifesta��o em defesa de direitos.” A declara��o do artista da noite Mateus Diniz, de 21 anos, a drag queen Elektra, pode ser a melhor defini��o para a 21ª Parada do Orgulho LGBT de Belo Horizonte, que ontem coloriu com p�blico recorde a Pra�a da Esta��o, a Avenida Amazonas e Pra�a Raul Soares, com muita m�sica e performances. De acordo com os organizadores, um p�blico de 100 mil pessoas participou do evento que j� integra o calend�rio tur�stico da cidade.

No palco montado na Esta��o, n�o apenas shows, mas declara��es pol�ticas em defesa do respeito � diversidade e contra o preconceito refor�avam a defini��o do artista. Elektra, que � integrante do grupo “Magic Fantasy”, bastante requisitada para fotos por sua fantasia, ressaltou a preocupa��o de que o encontro seja entendido apenas como uma festa. “Estamos aqui em um ato de empoderamento em BH, pelo respeito aos direitos do p�blico LGBT, que ainda � alvo de viol�ncia no pa�s, um dos que mais matam homossexuais”, destacou.

O enfermeiro Weldson Merquides, de 30, tamb�m demonstrou estar afinado com o discurso ativista. “Este evento representa a liberdade. A liberdade de as pessoas optarem, em meio a uma sociedade. Muito se conquistou, mas ainda h� preconceitos e por isso estamos aqui, ocupando espa�o para que n�o haja retrocessos.”

A cuidadora de idosos Rosilene Souza, de 48, que se posiciona como simpatizante da causa, era pura empolga��o. “Amo este povo, pela alegria como vive. Eu insistia com minha sobrinha para me trazer � parada e desta vez vim com minha filha. Quero participar da pr�xima, pois entendo que � uma manifesta��o em defesa da igualdade”, assinalou Rosilene.

A sobrinha dela, a radiologista Glaucimeire Souza, de 30, que foi com a namorada ao evento, destacou a import�ncia de o p�blico LGBT refor�ar suas posi��es sociais. “Essa manifesta��o � um tapa na cara dos belo-horizontinos. Estamos gritando para que respeitem nossos direitos, dizendo n�o ao preconceito. Estou aqui para dizer que existo e que me respeitem”, cobrou.

Praça Sete: no trajeto entre a Estação e a Praça Raul Soares, onde o evento terminaria, pausa para celebrar a mobilização e o apelo por respeito às diferenças (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)
Pra�a Sete: no trajeto entre a Esta��o e a Pra�a Raul Soares, onde o evento terminaria, pausa para celebrar a mobiliza��o e o apelo por respeito �s diferen�as (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)


Azilton Viana, presidente do Centro de Luta pela Livre Orienta��o Sexual de Minas Gerais (Cellos/MG), uma das entidades organizadoras da parada, calcula que houve recorde de p�blico no evento. “Estamos vendo um crescimento de uns 20% em rela��o ao ano anterior, que teve 80 mil pessoas. Mais do que o crescimento de p�blico aqui, temos inspirado manifesta��es do tipo no interior do estado. Hoje j� s�o 17 cidades que promovem a parada. Toda essa mobiliza��o reflete a milit�ncia. E estamos aqui para um di�logo com a sociedade, pela manuten��o dos direitos LGBT”, afirmou.

O prefeito Alexandre Kalil (PHS) mais uma vez prestigiou a manifesta��o. “� uma festa que tem que ser cuidada pelo poder p�blico. Uma festa de cidad�os que pagam imposto e t�m que ser respeitados por isso. A cidade � de todos. Todos s�o propriet�rios da cidade”, disse Kalil, reagindo aos cr�ticos do apoio da Prefeitura de BH ao evento. “N�o tem nada mais nojento do que o preconceito”, completou.

Tradicional bandeira do movimento cobre a multidão na parada(foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)
Tradicional bandeira do movimento cobre a multid�o na parada (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)


A primeira parada de Belo Horizonte, em 1997, ent�o conhecida como Parada do Orgulho Gay, foi promovida pela Associa��o L�sbica de Minas (Al�m), em reivindica��o pelo reconhecimento � diversidade sexual de g�nero, al�m do respeito aos direitos humanos.

Este ano, o movimento teve como tema “Mais democracia e mais direitos humanos: esse � o Brasil que queremos para as pessoas LGBT” . O trajeto foi o mesmo de outros anos, com concentra��o no fim da manh� na Pra�a da Esta��o, onde foi montado o palco para shows e atos pol�ticos. Ap�s as apresenta��es e manifesta��es no local, a parada seguiu pela Avenida Amazonas em dire��o � Pra�a Sete, at� chegar � Pra�a Raul Soares, pr�ximo ao Barro Preto, onde o desfile terminou.

Ativistas como Mateus Diniz (ao centro) destacaram tom político do ato(foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)
Ativistas como Mateus Diniz (ao centro) destacaram tom pol�tico do ato (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)


Perda de direitos causa preocupa��o


A edi��o deste ano da parada apresentou novidades quanto � estrutura. De acordo com o presidente do Centro de Luta pela Livre Orienta��o Sexual de Minas Gerais (Cellos/MG), Azilton Viana, dois tel�es de LED foram montados para chamar a aten��o do p�blico ao redor da Pra�a da Esta��o. Segundo ele, o evento ocorre em um momento de perda de direitos. “N�s, da popula��o LGBT, estamos inseridos na sociedade e a mudan�a conjuntural que vivenciamos nos dois �ltimos anos tem impacto negativo direto em nossas vidas. Aumentou a intoler�ncia, os �ndices de viol�ncia e morte est�o cada vez mais altos, enfim, os direitos est�o sob amea�a e grave risco”, destacou.

Presente ao evento desde o in�cio, a transexual Rhany da Silva Merc�s, de 32 anos, analisou o espa�o como uma oportunidade para discutir a��es voltadas para o combate da LGBTfobia. “Sou mulher, negra e transexual, ent�o a gente precisa se unir. A gente vem se fortalecendo, para que essa popula��o n�o sofra viol�ncia, como o racismo, o machismo e a LGTBfobia”, disse. Segundo ela, a principal luta no momento � pela criminaliza��o da discrimina��o. “O Brasil � o pa�s onde mais se mata transexual no mundo. N�o apenas se mata, mas se mutila e se destr�i o corpo da v�tima, pois s�o crimes de �dio. Al�m disso, gostaria que os estados criassem os conselhos LGBT, para fortalecer ainda mais as pol�ticas p�blicas”, avaliou.

Colorido de fantasias deu tom entre participantes, mas não ofuscou apelos pelo fim da intolerância(foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)
Colorido de fantasias deu tom entre participantes, mas n�o ofuscou apelos pelo fim da intoler�ncia (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)


(foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)
(foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)


ESPORTE A luta por direitos, conscientiza��o e combate � LGBTfobia come�ou logo no in�cio da manh�, na Pra�a Diogo de Vasconcelos, na Savassi. O Bharbixas Futebol Clube, primeira entidade poliesportiva LGBT em Belo Horizonte, promoveu a Manh� POC Esportiva no espa�o e praticou futebol, handebol, peteca e voleibol com quem passava pela pra�a. O nome do evento fez alus�o ao substantivo POC, ligado � comunidade.

“A comunidade LGBT sempre est� muito marginalizada. � importante a gente mostrar que n�o somos s� seres noturnos, mas tamb�m diurnos, como todos os outros”, afirmou Rafael Gomes Mar�al, um dos fundadores do Bharbixas. Para a espectadora Denise Bernardes, de 52, o evento contribui para promover o debate sobre a homofobia no esporte. “Ajuda a levar a comunidade LGBT aos est�dios e acabar com o machismo no esporte, principalmente das torcidas”, analisou ela, que tamb�m compareceu � Parada do Orgulho LGBT horas depois.

O Bharbixas foi fundado em junho de 2017 e promove treinos abertos ao redor da cidade, com o objetivo principal de promover a liberdade de express�o por meio do esporte. A equipe est� aberta a receber novos integrantes. Basta procurar as p�ginas do grupo em redes sociais para se associar.


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