
Depois de mais de 220 dias fechados ao p�blico para prevenir a transmiss�o da febre amarela, os parques municipais das Mangabeiras (incluindo tamb�m o seu mirante), da Serra do Curral e Roberto Burle Marx finalmente ter�o uma previs�o de reabertura definida nesta semana. A informa��o � da Funda��o de Parques Municipais e Zoobot�nica (FPMZB), que administra os espa�os, e da Secretaria Municipal de Sa�de (SMSA), respons�vel pela recomenda��o de fechamento devido ao encontro de saguis (micos-estrela) mortos e que apresentaram exames positivos para contamina��o pelo v�rus da febre amarela. Essa interdi��o vinha sendo contestada pelos frequentadores e pela popula��o, j� que o Minist�rio da Sa�de, por exemplo, considera que a �poca de transmiss�o da doen�a se d� entre dezembro e maio.
As quadras de t�nis, basquete e futebol est�o silenciosas. Em plenas f�rias escolares, nem uma crian�a desfruta dos dias ensolarados de inverno brincando no espa�o. Na pista e no circuito de skate, em vez de manobras radicais, p�ssaros se empoleiram ap�s revoadas entre os lagos paisag�sticos, sem ningu�m para fotograf�-los. Por ora, ningu�m pode usufruir das instala��es de lazer e contempla��o dos parques das Mangabeiras e da Serra do Curral – normalmente, o p�blico ultrapassa os 50 mil por m�s. Espa�os reconhecidos como s�mbolos da capital mineira, sobretudo por serem emoldurados pela forma��o serrana do Curral, que continuam com seus port�es lacrados a cadeado.

Nos tr�s port�es de acesso ao Parque das Mangabeiras e tamb�m no Mirante das Mangabeiras, vigilantes solit�rios passam os dias sentados, lendo jornais, fazendo cruzadinhas e caminhando sem destino ou serventia outra que ativar a circula��o das pernas. No mirante, um dia normal teria a concentra��o de casais de namorados, turistas e amigos admirando a vista de uma eleva��o de 1.200 metros. Nada mais deles ou dos tradicionais carrinhos de pipoca, cachorro-quente e �gua de coco.
O Parque das Mangabeiras � t�o apreciado pelos visitantes que, no ano passado, a estudante Carolina Guimar�es de Castro, de 28 anos, escolheu o local para comemorar seu anivers�rio fazendo um piquenique. “Na nossa fam�lia, fomos acostumadas a frequentar o parque desde muito pequenas. Ent�o, a nossa hist�ria acaba muito ligada ao parque”, disse. A irm� dela, a tamb�m estudante Emanuela Guimar�es de Castro, de 31, disse ter se esquecido da proibi��o. “A gente chegou � pista de caminhada e sugeri irmos ao parque. Foi a� que nos lembramos de que est� fechado. � muito ruim que esteja assim por tanto tempo, pois h� t�o poucos espa�os de lazer aqui na nossa cidade. �, com certeza, uma perda para todos n�s”, afirma.


A FPMZB informou que n�o se tratou de pol�tica de economia de custos pois a��es rotineiras como poda, capina, ro�ada, seguran�a e equipe administrativa continuaram a ocorrer. “No Mangabeiras, foram reformados o centro de educa��o ambiental e os banheiros, limpeza de lagos e da cobertura de toda a pra�a das �guas (realizada pela �ltima vez h� 30 anos), entre outros. No Serra do Curral, est�o sendo implantados mais aspersores para combate aos inc�ndios e dois projetos de preserva��o de um cacto sob risco de extin��o. No Parque Roberto Burle Marx, houve limpeza para evitar a prolifera��o de mosquitos, implanta��o de jardins, revitaliza��o paisag�stica e troca de ilumina��o. Nenhum funcion�rio de qualquer um desses parques foi dispensado de suas atividades em fun��o do fechamento”, informou.
Sucess�o de impedimentos
Desde 2014, a popula��o de BH foi perdendo aos poucos o contato mais direto com a Serra do Curral, elemento paisag�stico que para muitos simboliza a pr�pria capital mineira. Naquele ano, a travessia em altitude entre os parques da Serra do Curral e das Mangabeiras foi suspensa devido a eros�es no topo da forma��o e � descoberta de uma esp�cie de cacto amea�ada de extin��o. O nome cient�fico da planta � Arthrocereus glaziovii, n�o tem denomina��o popular e � end�mica da canga mineira, ou seja, s� existe no substrato de solo das �reas ricas em min�rio de ferro de Minas Gerais. As visitas naquele espa�o se restringiram ao primeiro posto do trajeto.
Em janeiro do ano passado, o parque ficou mais duas semanas sem poder ser visitado devido ao t�rmino da licita��o com a empresa que fornecia funcion�rios terceirizados. Em fevereiro daquele ano, mais uma vez o espa�o foi fechado por 96 dias depois que macacos foram encontrados mortos e a contamina��o pela febre amarela foi confirmada. Em dezembro, o espa�o foi mais uma vez interditado, junto com o Mangabeiras e o mirante.
Na ter�a-feira, a �nica movimenta��o no parque estava nas suas cristas. Funcion�rios espalhados pelo alto da serra operavam os aspersores de �gua que fazem a umidifica��o do mato para evitar que inc�ndios atinjam a unidade. Todas as demais estruturas estavam fechadas.
Curiosamente, um macaco sagui resolveu aparecer no parque. Justamente esse que � o animal que dispara o alarme de febre amarela quando um corpo � encontrado e que motivou os �ltimos fechamentos da unidade. Contudo, o sagui que passeava por aquela �rea n�o estava febril. Pelo contr�rio, chegou saltando dos pinheiros para dentro do parque, percorreu o cabeamento el�trico, pulou para o telhado da administra��o e desapareceu na mata, sem qualquer preocupa��o.