Na bandeira dos dois pa�ses est�o as mesmas cores: azul, branco e vermelho; e no cora��o dos torcedores, na final da Copa 2018, vigoram os tons da vontade de ganhar o jogo, vibra��o extrema e garra para mostrar qual � melhor sele��o do mundo. As equipes da Cro�cia e Fran�a entram em campo amanh�, no Est�dio Luzhniki, em Moscou e, a milhares de quil�metros, os mineiros d�o os seus palpites e dividem as opini�es. Uns s�o croatas “desde criancinhas”, outros v�o gritar allez les bleus (v�o, azuis!) para advers�rios.
Para os europeus, � vencer ou vencer. “Vai ser 2 a 0, sem prorroga��o”, garante o dono do restaurante, importadora e padaria Mon Caviste, Patrick Bonnefond, que vai receber cerca de 300 conterr�neos para ver a partida. J� em Montes Claros, no Norte de Minas, o croata Vlatko Zaimovic promete ficar grudado na telina e arrisca, cauteloso, o placar de 2 a 1 ou 1 a 0. “Esta copa ser� inesquec�vel para mim. Ser� lembrada para sempre, pois meus filhos nasceram e, pela primeira vez, a Cro�cia chega � final da Copa, com chance de ganhar”, diz Zaimovic.

Na tarde de ontem, o clima j� era de cora��o apertado, muita expectativa e f� de que tudo vai ser resolvido nos 90 minutos de jogo. Segurando a bandeira da Fran�a ou protegida por ela, como um manto, Patrick, de 33 anos, cinco dos quais residente em Belo Horizonte, � todo sorriso. Com o portugu�s perfeito, a n�o ser pelo sotaque em uma ou outra palavra, ele confia na pontaria de Giroud e Mbapp� para decidir. “Estou feliz e um pouco apreensivo. Afinal, estarei com a casa cheia amanh�, dia da final, e ainda tem a Festa Francesa hoje” – o evento ser� na Pra�a Jos� Mendes J�nior, ao lado da Pra�a da Liberdade. Para o franc�s, a juventude e talento de Mbapp�, de apenas 19, vai lev�-lo longe, superando a trajet�ria do brasileiro Neymar.
Casado com uma belo-horizontina, o economista Vincent Furlan, de 30, nascido em Lille, clidade localizada quase na fronteira francesa com a B�lgica, est� tranquilo e acredita em 2 a 1. “Vamos repetir o placar Fran�a e Cro�cia de 1998”, diz Furlan, que trabalha na sede da Federa��o das Ind�strias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e mora na capital h� seis anos. Para ele, os gols ser�o de Kant� e Giroud. “Acho que vou me juntar � galera do meu pa�s, pois minha mulher est� na B�lgica. Ali�s, depois do jogo em que o Brasil foi eliminado, ela contou que a comemora��o belga teve muito samba na rua. E voc� joga bola? Com eleg�ncia discreta, ele brinca: “Eu gosto de futebol, mas o futebol n�o gosta de mim”.
BOA CHANCE Na Savassi, o dono da creperia La Bastille, Guy J�el Ferchouli, arrisca tamb�m o palpite de 2 a 1. E, com os dedos faz o gesto com as m�os – mostrados a partir do polegar, como se faz na Fran�a. J� para o conterr�neo Furlan, que aprendeu com os brasileiros, o sinal � de vit�ria. “Estamos entusiasmados, meu filho Hugo, de 19, e eu. O importante, nesta Copa, � a presen�a de pa�ses, como a Cro�cia, que nunca tinham chegado � final.”
Sem resmungar por n�o chegarem � final, belo-horizontinos dividem as opini�es. Morador do Bairro de Lourdes, na Regi�o Centro-Sul, o advogado Renato Dias acredita na vit�ria croata. “Fico feliz com a chegada dos novos ao Mundial, que, desta vez, n�o ter� os favoritos de sempre, como Inglaterra, Argentina, Uruguai, Alemanha e Brasil”, afirma. “Os grandes fizeram descaso dos outros times e a� est� a resposta. Vai ser 2 a 1, sem prorroga��o”, crava.
Com a camisa amarelinha, o estudante de Pedro Bahia, de 19, torceu muito para o Brasil, mas agora est� indeciso. “Acho que vai ser 2 a 1, para um ou para outro. Meu amigo est� me convencendo a torcer para a Fran�a”, observa o morador do Bairro Gutierrez, na Regi�o Oeste. O amigo Bernardo Morais, estudante de hist�ria, vai de Fran�a, e aposta em 1 a 0 ou 2 a 0, e se escora em “quest�es pol�tica”, mesmo certo de que isso n�o tem nada a ver com o gramado.
Pezinhos quentes que d�o sorte
Amanh�, as cores da Cro�cia v�o dominar um apartamento em Montes Claros, no Norte de Minas. O lar em quest�o � do croata Vlatko Zaimovic, de 42 anos, adiantando que ficar� “grudado” na televis�o para torcer pela sele��o do seu pa�s no jogo contra a Fran�a. Engenheiro qu�mico, Zaimovic mora no Brasil h� quatro anos, desde que se casou com a dentista Nely Lopes Cachoeira, natural da cidade mineira.
A equipe croata, que pela primeira vez na hist�ria chega � final da Copa do Mundo, tamb�m ganhou notoriedade na R�ssia pela presen�a dos filhos dos seus jogadores nos gramados, antes e depois dos jogos. A fofura dos pequenos encantou o mundo na comemora��o hist�rica da vit�ria da equipe (por 2 a 1, de virada na prorroga��o) contra a Inglaterra, na �ltima quarta-feira. Assim como jogadores da sele��o do seu pa�s, Zaimovic vive um momento �mpar: pouco antes do in�cio da competi��o, ele se tornou pai dos g�meos Rafael e Gabriel, que completaram 50 dias na �ltima quinta-feira.
Como um torcedor fan�tico durante os jogos da Cro�cia, ele usa a camisa e cachecol com as cores da sele��o do pa�s. Decorando o apartamento onde mora, uma enorme bandeira da equipe. “Sempre fico concentrado e muito nervoso. At� converso com os vizinhos e com o porteiro do pr�dio”, afirma o croata, que mora no Bairro Edgar Pereira. Ele se prepara para superar mais tens�o na final deste domingo.
A m�e, Nely, veste os “pequenos torcedores” Gabriel e Rafael com camisetinhas com as cores da Cro�cia. “Costumamos dizer que eles t�m os pezinhos quentes da sorte na Copa”, afirma Nely, que � casada com Zaimovic h� quatro anos. Eles se conheceram no Rio de Janeiro, durante uma visita ao Cristo Redentor.