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Estado de Minas MONTANHAS DE HIST�RIAS

Conhe�a a travessia em Minas Gerais considerada a mais dura do Brasil

Na terceira reportagem da s�rie, EM revela os desafios da Serra Fina: vegeta��o selvagem, clima imprevis�vel e aridez fazem explora��o da �rea ser considerada por muitos a mais dura do pa�s


postado em 29/07/2018 06:00 / atualizado em 06/09/2018 10:40

"Os nevoeiros confundem a navega��o e o frio, a falta de �gua e de equipamentos tamb�m pesam" (Jos� Augusto Nunes, guia na Serra Fina) (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A.Press)

Passa Quatro e Itamonte – In�spito, nas concep��es geogr�fica e do Dicion�rio Aur�lio, define um local que n�o re�ne “condi��es para ser habitado ou onde n�o se consegue viver”. E um dos lugares mais hostis do planeta se encontra em Minas Gerais, paradoxalmente partilhando a divisa com os estados de S�o Paulo e do Rio de Janeiro, na regi�o mais habitada do Brasil. A por��o sudoeste da Serra da Mantiqueira, a Serra Fina, entre Passa Quatro e Itamonte, no Sul de Minas, re�ne condi��es clim�ticas imprevis�veis, �rduos acidentes geogr�ficos, vegeta��o selvagem e escassez de �gua. Ali, se erguem a quarta mais alta montanha do Brasil, a Pedra da Mina, com 2.798 metros, o Pico dos Tr�s Estados (10ª), com 2.665 metros, e outras 18 eleva��es acima de 2 mil metros. Obst�culos que fizeram muitos montanhistas considerarem a travessia como a mais dura do Brasil. Para desvendar as ravinas, abismos e eleva��es desse perigoso rinc�o, a reportagem do Estado de Minas cruzou a Serra Fina em quatro dias e traz o relato de sua natureza imponente dentro da s�rie Montanhas de hist�rias, publica��o que mensalmente mostra como as serras e montes do estado se tornaram o ber�o do povo mineiro e de sua cultura.

Os perigos da Serra Fina cobram caro dos visitantes despreparados. Em m�dia cinco resgates de aventureiros s�o feitos anualmente pelos bombeiros dos tr�s estados, de acordo com Jos� Augusto Nunes, de 50 anos, um dos mais experientes guias locais, que � guardi�o dos livros de registro de quem atinge os picos e auxilia as corpora��es a localizar quem se perde. “Muitas pessoas n�o v�o preparadas para as trilhas. Os nevoeiros confundem a navega��o e o frio, a falta de �gua e de equipamentos tamb�m pesam”, considera. Nos arredores da forma��o, pelo menos duas pessoas morreram recentemente praticando montanhismo, tamb�m na Mantiqueira. Uma delas foi o maratonista de altitude franc�s Gilbert Eric Welterlin, de 53, encontrado morto por hipotermia em 5 de maio, depois de 20 dias perdido no Pico dos Marins, a 20 quil�metros de dist�ncia. No Pico das Agulhas Negras, que fica a 12 quil�metros, um senhor de 69 morreu de parada cardiorrespirat�ria e outra pessoa foi resgatada com hipotermia no dia 20.

Separadas por 33 quil�metros, as extremidades da Serra Fina eram acessos usados por s�culos no desbravamento e desenvolvimento do Brasil. A Garganta do Emba� (MG/SP) permitia a passagem dos paulistas pela Serra da Mantiqueira at� a regi�o das minas, nos s�culos 17 e 18, enquanto a Garganta do Registro (MG/RJ) se tornou, no s�culo 19, um dos caminhos dessa regi�o at� o Rio de Janeiro. Mesmo um fluxo crescente, que foi impulsionado ao longo das d�cadas pelo emprego de linhas f�rreas e do autom�vel, n�o foi suficiente para incentivar o desbravamento da Serra Fina.

A primeira explora��o da regi�o foi documentada em 1955. Quatro imigrantes alem�es que eram alpinistas, chamados Henning Bobrik, Gunther Engels, Felix Bernhard Hacker e Theodor Reimar Hacker, avistaram o pico da Pedra da Mina a partir do Parque Nacional de Itatiaia e decidiram conquistar aquele cume. Numa das propriedades rurais mineiras encontraram o fazendeiro Jos� Dias, que integrou a expedi��o com outros tr�s mateiros – Jos� Vidal, Geraldo Am�rico e Sebasti�o Pedro, com um c�o chamado Bilu. Depois de quatro dias, conseguiram atingir o pico, levando outros quatro dias para regressar.

Somente em 2000, uma expedi��o da Universidade de S�o Paulo (USP) comprovou que a Pedra da Mina era o quarto mais alto pico do Brasil, tomando, por oito metros, a posi��o do Pico das Agulhas Negras (2.790 metros), o que foi ratificado pelo IBGE apenas em 2004. Os pr�prios relatos dos integrantes da expedi��o do IBGE mostraram o quanto a Serra Fina � in�spita. Em maio de 2004, ap�s escalar a forma��o de montanhas, o coordenador dos agentes federais que fizeram as medi��es, Edmundo Cec�lio, declarou: “A expedi��o � Serra Fina era, na verdade, preparativo para a expedi��o aos picos da Neblina (mais alto do Brasil) e 31 de Mar�o (segundo mais alto). Pois bem, acreditem: tirando um calorzinho a mais na parte inicial, a Amaz�nia foi bem mais f�cil. Diga-se de passagem, nem conseguimos completar a Serra Fina”.

Os perigos e tamb�m a descoberta de tantos picos t�o altos aumentaram a curiosidade e, por isso, o turismo na regi�o cresceu consideravelmente. “As montanhas e a travessia da Serra Fina s�o hoje um dos mais importantes componentes tur�sticos de Passa Quatro”, afirma o secret�rio de Turismo da cidade, Lu�s Gustavo Franco da Rosa. De acordo com Rosa, o munic�pio j� conta com 1,5 mil leitos para todos os perfis de turistas, de hostels a hot�is, al�m de uma estrutura de mais de 20 guias, que ganhar�o treinamento e abrigo no Centro de Educa��o Ambiental da prefeitura.

 

 

Pelas trilhas de Minas


O EM publica desde mar�o a s�rie Montanhas de hist�rias, que busca resgatar as origens do povo montanh�s que fez de Minas Gerais seu ref�gio e sua morada. A partir de picos e escarpas, as reportagens revelam particularidades, curiosidades e a saga de uma gente que a duras penas colonizou um territ�rio hostil, se libertou e se estabeleceu, firmando dom�nios, objetivos e legado. Na estreia, os caminhos pelas serras entre Ouro Preto e Mariana revelaram o ber�o do povoamento de Minas. A segunda reportagem rastreou nossos mais antigos ancestrais, com os pr�-hist�ricos mineiros ca�adores e coletores de 11 mil anos, que se esgueiravam em busca da sobreviv�ncia pelas trilhas da Serra do Cabral.

 

(A LOJA ROTA PERDIDA/ROTA EXTREMA - www.rotaperdida.com.br - forneceu parte dos equipamentos usados nas expedi��es) 

 


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