“Tudo tremeu, algumas janelas se quebraram e ningu�m parecia saber de onde vinha o barulho.” “Foi como se mandassem uma bomba. Deu para sentir a explos�o. Parecia um terremoto.” “Meu bairro todo tremeu. Estava no cursinho e, quando olhei para cima, vi as paredes vibrando.” Os relatos de moradores de Ipatinga revelam os momentos de p�nico enfrentados por moradores da cidade do Vale do A�o depois da explos�o em um gas�metro da usina Intendente C�mara, da Usiminas. O impacto do acidente, que fez 34 pessoas serem encaminhadas para atendimento m�dico, foi tamanho que provocou um tremor no munic�pio, registrado por sism�grafos da Universidade de Bras�lia.
Resumimos aqui tudo que sabemos at� a publica��o deste texto:
Logo depois do estrondo que sacudiu a cidade, o medo e a inseguran�a tomaram conta de moradores. As ruas ficaram cheias de ve�culos, o que provocou longos congestionamentos. Escolas cancelaram as aulas por medida de seguran�a e alguns bairros foram evacuados. Comerciantes tamb�m fecharam as lojas. Fam�lias ainda contam os preju�zos causados em casas e pontos de com�rcio. �rg�os de seguran�a j� iniciaram investiga��es para detectar o que provocou o rompimento do tanque, que armazenava uma mistura de gases usada na produ��o de a�o.
A rotina da sexta-feira foi quebrada por volta das 12h45, quando um forte estrondo seguido de um tremor foi sentido em v�rios bairros pr�ximos � Usiminas. Em seguida, uma nuvem de fuma�a escura p�de ser vista na �rea da sider�rgica. Muitos moradores foram para as ruas, assustados e tentando entender o que acontecia. “Eu estava saindo do cursinho quando por volta das 12h45 escutei um estrondo muito forte. Foi um susto muito grande. Todas as pessoas se olharam, sem saber o que tinha acontecido. Tudo tremeu, algumas janelas se quebraram e ningu�m parecia saber de onde vinha o barulho. Achei que um caminh�o tinha tombado ao meu lado, mas talvez nesse caso o barulho tivesse sido menos intenso. N�o demorou muito para uma nuvem de fuma�a preta surgir no c�u e a gente perceber que tinha ocorrido uma explos�o na Usiminas”, contou a estudante Fernanda Matias.
Funcion�ria de uma empresa de contabilidade da cidade, Amanda Rodrigues Silva, de 31, relatou que estava no hor�rio do almo�o quando houve a explos�o. “A gente estava perto da portaria da Usiminas que fica no Bom Retiro. Houve um barulho muito forte. Depois come�ou uma movimenta��o muito grande de ambul�ncias e da Pol�cia Militar”, disse. “Foi como se mandassem uma bomba. Deu para sentir a explos�o. Parecia um terremoto”, completou. O estudante Gabriel Coelho Duarte, de 19, morador do Bairro Cariru, conta que houve correria de moradores desesperados. “Meu bairro todo tremeu. Estava no cursinho quando senti. Quando olhei para cima, vi as paredes vibrando e ouvi uma explos�o. Parecia que o teto estava desabando. Todo mundo come�ou a gritar e saiu correndo”, relatou.
O clima de inseguran�a mudou a rotina da cidade. Muitas pessoas foram para as ruas com seus ve�culos, o que provocou lentid�o na �rea central. Por precau��o, o Centro Universit�rio do Leste de Minas Gerais (Unileste) suspendeu as atividades em sua unidade de Ipatinga na tarde de ontem. A dissemina��o de mensagens falsas ou desencontradas nas redes sociais tamb�m ajudou a aumentar a incerteza sobre a natureza do produto que vazou do tanque e se a subst�ncia seria prejudicial � sa�de.
Al�m de im�veis residenciais e de empresas, a explos�o provocou danos at� em im�veis p�blicos. De acordo com o prefeito Nardyello Rocha (MDB), escolas e outros estabelecimentos pr�ximos ao parque industrial foram evacuados logo ap�s o acidente. “At� a prefeitura, que fica no entorno da Usiminas, foi afetada. Um carro ficou bloqueado por um port�o danificado”, afirmou. A estrutura do pr�dio da C�mara Municipal de Ipatinga tamb�m sofreu danos, como vidros quebrados e partes do forro que se desprenderam em algumas salas. Os pr�dios ter�o que passar por vistoria para avaliar a integridade de cada edifica��o.
A EXPLOS�O
O Corpo de Bombeiros informou ter sido acionado por volta das 12h45. No local, brigadistas da empresa j� tinham encaminhado 30 feridos para o Hospital M�rcio Cunha, nenhum deles em estado grave. “Uma pessoa sofreu um corte na face, decorrente de um estilha�o que foi lan�ado na explos�o. As outras 29 v�timas foram pessoas que tiveram tonturas ou passaram mal diante da situa��o de p�nico ou da inala��o de g�s. Todas essas v�timas prestavam servi�o ou eram funcion�rias da empresa. Um fator que favoreceu a menor gravidade da ocorr�ncia foi o fato de a f�brica estar em hor�rio de almo�o no momento da explos�o”, informou. Durante a tarde, pelo menos outras quatro pessoas procuraram unidades hospitalares para atendimento. Mais tarde, a empresa informou que o total de atendidos foi de 34.
O g�s que estava no tanque � chamado de LDG (Linz Donawitz Gas), conhecido ainda como g�s de aciaria. Segundo o Corpo de Bombeiros, o principal componente da mistura � o mon�xido de carbono. Na usina, h� dois reservat�rios id�nticos ao que explodiu, a aproximadamente 100 metros do tanque danificado. A empresa, de acordo com os Bombeiros, tomou medidas preventivas evitar novos incidentes.