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Estado de Minas

CDL aponta que 44% dos mineiros com mais de 55 anos s�o base da fam�lia

Segundo pesquisa feita em Minas, boa parte das pessoas com mais de 55 anos se desdobra para cuidar de pais e filhos, quer manter a independ�ncia, mas v� queda no padr�o de vida


postado em 22/08/2018 06:00 / atualizado em 22/08/2018 12:27

Ginástica voltada para faixa etária acima dos 60 anos: entre os entrevistados no levantamento, 69% disseram que se sentem bem física e mentalmente (foto: Jorge Gontijo/EM/DA Press - 29/9/07)
Gin�stica voltada para faixa et�ria acima dos 60 anos: entre os entrevistados no levantamento, 69% disseram que se sentem bem f�sica e mentalmente (foto: Jorge Gontijo/EM/DA Press - 29/9/07)


No pa�s com um dos �ndices de envelhecimento populacional mais acelerados do mundo, a defini��o de idoso est� ultrapassada. Afinal, boa parte de quem est� nessa faixa et�ria cuida dos pais quando ainda toma conta dos filhos, adota estilo de vida e h�bitos de consumo que eram associados aos jovens, se sentem saud�veis, mas viram o padr�o de vida cair nos �ltimos anos, aponta o estudo “Tend�ncias do mercado prateado de Minas Gerais”. Encomendado pela C�mara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH) e divulgado na tarde de ontem, o levantamento tra�a o perfil do grupo que at� 2031 vai superar, em termos num�ricos, o de crian�as e jovens at� 14 anos, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE). Produzido pela consultoria de marketing Hype60+ e a plataforma Pipe.Social, o estudo integra um levantamento in�dito chamado“Tsunami 60 ”, que contou com uma pesquisa quantitativa de 277 casos (veja quadro). E os n�meros n�o deixam d�vidas: os ganhos dessa gera��o s�o proporcionais aos desafios que enfrenta.


E � na conforma��o familiar: 74% dos entrevistados com mais de 55 anos t�m dois ou mais filhos e 42% t�m pai e/ou m�e vivos. E essa grande fam�lia traz novos formatos, assim como novos conflitos. Entre os mineiros com mais de 55 anos, 30% moram na mesma casa que os filhos e desempenham fun��es de grande import�ncia no grupo familiar: aconselham, ensinam aos mais jovens e d�o suporte � educa��o. E 44% dizem ser a base do lar e que isso �s vezes � um peso.


Esse � o caso do n�cleo familiar de Adriana Pinheiro, de 59 anos, que ainda conta com a presen�a dos filhos em casa. Divorciada, Adriana � a matriarca da casa. Com ela moram o filho mais velho, de 36, a filha do meio, de 35, e a ca�ula, de 31. E al�m dos tr�s filhos, a casa da empres�ria ainda tem espa�o para o neto, de 12, filho da sua filha do meio. Adriana se considera privilegiada por ter a fam�lia unida e, apesar de morarem juntos, ela afirma que todos t�m sua privacidade respeitada. “N�o interfiro na vida deles. � como se f�ssemos uma comunidade”, comenta. Todos os filhos de Adriana trabalham, mas ela n�o cobra que eles ajudem financeiramente com as despesas da casa.


“Todos ajudam de alguma forma e isso n�o precisa envolver dinheiro. Minha filha do meio, por exemplo, me ajuda com as tarefas de casa”, pontua. Por�m, cuidar do neto nunca foi responsabilidade de Adriana. Ela conta que n�o interfere na educa��o da crian�a e que esta responsabilidade � da m�e. “O filho � da minha filha. Se posso ajudar, ajudo, mas isso nunca foi uma obriga��o”, afirma.

(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)


GERA��O SANDU�CHE Segundo L�via Hollerbach, cofundadora da Pipe.Social e uma das idealizadoras da pesquisa, � muito interessante o interc�mbio entre gera��es. “Principalmente em lares onde h� av�s e netos no mesmo lugar. Percebe-se o av� muito mais ativo, correndo atr�s da crian�a e muito mais ligado �s pautas do mundo contempor�neo. E, para o neto, tamb�m h� ganhos, como absorver valores que s�o importantes dentro de uma funda��o socioemocional”, explicou. Por outro lado, a gera��o conhecida como “sandu�che” – que se desdobra para cuidar dos pr�prios pais e dos filhos – muitas vezes se sente pressionada. A pesquisa aponta que 35% consideram que os filhos dependem mais deles do que gostariam.


Com dois filhos pequenos, a professora Jana�na Bastos dos Santos, de 41, � uma dessas filhas que precisa lan�ar m�o dos cuidados oferecidos de pais “maduros” e sente o benef�cio do interc�mbio de gera��es. Ela teve que retornar � casa deles por n�o ter condi��es de sustentar a fam�lia sozinha. Desempregada, pediu ajuda ap�s se separar do marido. Na �poca, Jana�na e os filhos, de 5 e 7 anos, moravam em uma cidade no interior de Minas Gerais e a volta para BH n�o foi f�cil. “Voltar pra casa n�o � traum�tico, mas envolve um sentimento de fracasso. Mas eu n�o tinha outra alternativa”, afirma. Mesmo depois de conseguir se estabilizar, Jana�na decidiu continuar morando na casa dos pais. “Percebi que o conv�vio com os av�s foi muito bom para as crian�as. Abri m�o da minha privacidade para que eles tivessem conforto”, argumenta.


Jana�na conta que apesar de o pai das crian�as ser presente e fazer visitas regulares aos filhos, ele n�o contribui com as despesas da educa��o deles. Por este motivo, a professora preferiu morar com os pais. “O av� virou a refer�ncia paterna para eles, afinal � ele quem est� presente em todos os momentos. Ele me ajuda a pagar a escola, nata��o e at� a aula de computa��o dos meninos, enquanto o pai deles s� paga a pens�o, que n�o supre todas as necessidades de uma crian�a. N�o posso contar com o pai deles para isso”, conta. Janaina ainda destaca que o conv�vio com os netos trouxe alegria para a casa dos pais. “Os meninos s�o muito apegados aos av�s. E eu me sinto segura em sair para trabalhar sabendo que eles est�o sendo bem cuidados”, disse.

PLANEJAMENTO Enquanto se torna comum o perfil de filhos adultos que moram com os pais, 69% dos mineiros com mais de 55 anos planejam a velhice e s� querem a sua independ�ncia, sem depender de ningu�m. Mas conquistar essa independ�ncia n�o tem sido nada f�cil, devido aos gastos: a conta do envelhecimento aperta e 38% dos mineiros entre 55 e 64 anos afirmam que o padr�o de vida caiu nos �ltimos anos. Esse n�mero aumenta para 48% entre os que t�m mais de 65 anos. Embora 49% tivessem a expectativa de que estariam em uma condi��o financeira melhor, a realidade n�o � bem essa. Os gastos com sa�de e ajuda a familiares tiveram um impacto negativo, aponta a pesquisa.

Chances no mercado de trabalho

 

Nem a palavra “idoso” � bem aceita hoje para identificar quem passou dos 60 anos. Uma a cada tr�s pessoas com mais de 55 anos prefere aplicar o termo “maduro” a essa faixa et�ria em plena atividade. Somente um em cada 10 considera o termo “idoso” adequado. “Trata-se de um novo conceito de idoso. E seria importante que n�o us�ssemos uma nomenclatura que n�o os representa, idoso como constru��o social, que era a pessoa com muleta. Precisamos revisitar esse conceito”, explica L�via Hollerbach, cofundadora da Pipe.Social e uma das idealizadoras da pesquisa “Tend�ncias do mercado prateado de Minas Gerais”.


Segundo o estudo, entre os que trabalham na faixa de 55 anos a 64 anos, 31% s�o aut�nomos, 13% empres�rios, 17% funcion�rios em per�odo integral e 4% s�o funcion�rios em um dos per�odos. Entre os entrevistados com mais de 55 anos, 22% afirmaram que n�o h� vagas no mercado de trabalho para pessoas dessa idade. “Queremos transformar Belo Horizonte na capital dos 60 , ou a capital da gera��o prateada. Queremos mostrar o benef�cio do jovem e do mais experiente. Eu, por exemplo, contratei um funcion�rio de 59 anos h� tr�s semanas. � uma pessoa est�vel, mais equilibrada, que vai agradecer a oportunidade de estar aqui e, consequentemente, ficar mais tempo na empresa. � preciso reconhecer a qualidade”, diz o presidente da CDL/BH, Bruno Falci.


Por isso, a CDL/BH pretende acionar o governo do estado, a prefeitura da capital, outras entidades de classe e representantes da sociedade civil para, em conjunto, planejarem a��es voltadas especificamente para essa parcela da popula��o – o que inclui planos de mobilidade urbana, acessibilidade, programas de sa�de e preven��o de doen�as, de cultura e lazer, atendimento qualificado, al�m de outras iniciativas. “Temos que criar o melhor ambiente de trabalho e de neg�cios. Se a pessoa j� entra na empresa sendo tratada como velho, isso destr�i o relacionamento e a desmotiva”, afirmou Falci. A CDL/BH tamb�m vai iniciar um trabalho para qualificar os seus associados, comerciantes e prestadores de servi�os para entender e atender melhor esses consumidores, que crescem a cada ano.


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