
N�o h� quem nunca tenha ouvido falar, em Belo Horizonte, de um dos mais ilustres moradores da cidade, chamado genericamente de “Jacar� da Pampulha”. O que nem todos sabem � que n�o se trata de um r�ptil. Nem de dois. H�, na verdade, uma popula��o do bicho, estimada em nada menos que umas duas dezenas de animais, nadando pelas �guas ou rastejando pelas margens, em apari��es que fazem a festa de visitantes e tornam inevit�veis os registros em fotos ou v�deos. Depois de estabelecer um plano de manejo para as capivaras que vivem na orla do maior lago urbano da capital, a prefeitura anunciou que far� um censo para conhecer melhor a “fam�lia jacar�”. A meta � estabelecer a quantidade, a idade dos indiv�duos, a esp�cie, os locais de reprodu��o e a intera��o com o meio ambiente. A previs�o � que os trabalhos sejam conclu�dos at� o in�cio de 2019. O processo tamb�m � importante para disciplinar o retorno dos esportes n�uticos e da pesca amadora ao complexo que det�m o t�tulo de patrim�nio cultural da humanidade.
Segundo ele, o processo faz parte de uma demanda, inclusive do Minist�rio P�blico e da sociedade civil, para definir cuidados da lagoa e a despolui��o. “O censo pretende obter um diagn�stico com a finalidade de preserva��o ambiental e de estabelecer cuidados com animais e pessoas”, afirmou Maciel. O levantamento tamb�m deve ajudar a viabiliza��o de outro sonho de moradores da cidade e visitantes: o retorno dos esportes n�uticos �s �guas da Pampulha.
A represa atingiu a chamada classe 3 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), condi��o necess�ria para receber embarca��es e pesca amadora. A conserva��o dessa qualidade ainda depende de novo contrato, pois venceu o v�nculo mantido com a empresa que promovia o tratamento qu�mico da lagoa. Com isso, a situa��o do reservat�rio se deteriorou e uma nata verde e malcheirosa voltou a ser observada no espelho d’�gua. Mas outro obst�culo para a libera��o das atividades recreativas � exatamente a presen�a de animais, como capivaras e jacar�s.

Leonardo Maciel ressalta que outro objetivo do censo � tranquilizar a popula��o. “Esses dados podem ser usados no movimento de regulamenta��o de esportes n�uticos. Mas a mensagem inicial � de tranquilidade � popula��o. Muitos, quando falam de jacar�, t�m na lembran�a aqueles crocodilos enormes, que comem pessoas e animais. Mas essa � uma esp�cie que n�o existe no Brasil. Provavelmente, pelo que j� vimos, a esp�cie que vive na Lagoa da Pampulha � o jacar�-do-papo-amarelo. Esses indiv�duos raramente passam de dois metros de comprimento. Al�m disso, se alimentam de peixes e pequenos animais. Nem conseguem predar as capivaras, apenas filhotes bem pequenos. N�o atacam pessoas”, comentou.
Como ocorreu a chegada dos jacar�s � Lagoa da Pampulha ainda � uma hist�ria de enredo incerto. Algumas vers�es foram levantadas, mas nenhuma confirmada. “Temos algumas possibilidades. V�rios afluentes de rios alimentam a lagoa, e eles podem ter vindo por eles d�cadas atr�s. Outra pode ter ocorrido pela a��o de uma pessoa que foi pescar e voltou trazendo filhotes, que teriam sido soltos na lagoa”, afirma o gerente da Prefeitura de BH. Os r�pteis s�o apenas uma das esp�cies que habitam o lago, em uma fauna formada por insetos, p�ssaros, anf�bios e mam�feros, inclusive ariranhas, um tipo de lontra.
Enquanto isso, 65% das capivaras foram esterilizadas
Outras a��es envolvem diferentes animais que vivem no entorno da Lagoa da Pampulha. Uma delas est� ligada �s capivaras, que passam por manejo. Segundo a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, 65% dos animais j� foram capturados, anestesiados, passaram por vasectomia ou ligadura de trompas, receberam carrapaticida e depois foram devolvidos ao entorno da represa. O contrato com a empresa respons�vel pelo trabalho termina no fim do m�s. A estimativa � de que 65 capivaras vivam na regi�o. A maior preocupa��o com os roedores � o cont�gio da febre maculosa – doen�a transmitida pelo carrapato-estrela, que tem capivaras, cavalos, c�es e gatos, entre outros, como hospedeiros.