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Estado de Minas

Igreja do s�culo 18, em Santana, ganha campanha para reforma

Local de peregrina��o na Regi�o do Alto Rio Paraopeba, igreja constru�da em 1735 ganha campanha para arquitetura e elementos art�sticos


postado em 25/08/2018 06:00 / atualizado em 25/08/2018 07:46

A nove quilômetros de Belo Vale, templo religioso precisa de recuperação nas partes arquitetônica, estrutural e artística (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
A nove quil�metros de Belo Vale, templo religioso precisa de recupera��o nas partes arquitet�nica, estrutural e art�stica (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
Belo Vale – Um dos monumentos mais queridos dos moradores do Alto Rio Paraopeba, na Regi�o Central de Minas Gerais – e ponto de peregrina��o de visitantes de todo canto –, ganha uma campanha para recuperar a arquitetura, os elementos art�sticos e o entorno voltado para a vastid�o de montanhas. Localizada a nove quil�metros do Centro de Belo Vale, a Igreja de Santana, de 1735, costuma receber cerca de 10 mil pessoas a cada 26 de julho, data consagrada � padroeira. “Trata-se da mais antiga da cidade, e sempre muito procurada pelos fi�is. Por isso, nunca podemos dizer que est� abandonada, mas sim necessitada de restaura��o”, afirma o titular da Par�quia de S�o Gon�alo, padre Wellington El�dio Nazar� Faria, sem esconder o entusiasmo pela empreitada.


Para deslanchar as a��es, uma boa not�cia: a imagem de Santana, de origem portuguesa, vai ser restaurada com recursos pr�prios da par�quia, principalmente obtidos na barraquinha da �ltima festa. Logo depois de a reportagem do Estado de Minas chegar � igreja, que fica numa comunidade rural, a pe�a sacra foi retirada do altar-mor e levada para o ateli� de especialistas. Em madeira policromada e com 1,30 metro de altura, a imagem de Santana com a filha Virgem Maria menina recebeu v�rias dem�os de tinta que desfiguraram os tra�os originais. Olhando cada detalhe, padre Wellington afirma que “todo mundo est� empenhado” na restaura��o do objeto de f� e da constru��o dos tempos coloniais. Muito apropriadamente, a campanha se intitula Juntos por Santana.

Tendo o p�roco como guia, a equipe percorre o interior da constru��o e v� que, ao longo do tempo, foram feitas ali interven��es que retiraram o brilho e tra�os originais. � primeira vista, a impress�o � de que algu�m “correu” uma tinta, como costumam dizer os pintores de casas, tanto nas paredes como nas imagens e nos altares. Se os anjos barrocos do ret�bulo-mor ganharam a camada de um prateado met�lico, os pr�ximos ao sacr�rio perderam completamente os douramentos. No espa�o no qual fica a padroeira, tecnicamente chamado de camarim, cores berrantes foram escolhidas em outras �pocas, num contraste com o ar singelo da igreja, tombada pelo munic�pio.

CUPINS Personagens vorazes e contumazes de igrejas e capelas do s�culo 18, os cupins est�o na Igreja de Santana, como mostra o padre Wellington. Numa coluna pintada de verde, a madeira est� “esfarinhando”. Na parede perto da sacristia,  uma rachadura rasga a tinta branca e sinaliza os riscos. “Precisamos de obras de engenharia, pois a estrutura e o telhado est�o comprometidos”, revela.

O zelador Giovane �lvaro Vieira, de 57 anos, avisa que a parte el�trica est� em boas condi��es. Um al�vio para o padre. “Quando a igreja foi constru�da n�o havia a devo��o cat�lica a Nossa Senhora de Lourdes, ent�o aquele quadro foi pintado depois”, afirma, sobre um painel recriando a apari��o da Virgem � adolescente Bernadette Soubirous (que se tornou Santa Bernadete) numa gruta em Lourdes, na Fran�a, em 1846.

Nascido e criado na comunidade de Santana do Paraopeba, Giovane devota profundo amor ao templo, onde foi batizado e se casou. “Meu sonho � ver a igreja pronta. N�o podemos deix�-la acabar”, afirma.

Seu filho, Christian Egg de Castro, � presidente da Associa��o dos Zeladores da Igreja de Santana do Paraopeba, parceira da par�quia. Contando com esse duplo apoio, padre Wellington lembra que muitos noivos procuram a igreja para se casar, e que � a mais “querida” dos moradores do Alto Paraopeba. “Estamos Juntos por Santana”, anima-se o zelador. As doa��es v�o chegando, como um quadro emoldurado, que est� coberto com um tecido, e retrata Santana.

PROJETO Em 2007, a igreja entrou no foco do Minist�rio P�blico de Minas Gerais (MPMG), que pediu provid�ncias �s autoridades municipais para sua restaura��o. A secret�ria municipal de Cultura, Turismo, Esporte e Lazer de Belo Vale, Eliane dos Santos, informou ontem que a prefeitura vai bancar um ter�o do valor da obra no bem, tombado pelo munic�pio. N�o h� estimativa de valor. A interven��o deve come�ar em mar�o de 2019, contemplando a parte civil.

Quanto ao projeto de restaura��o, equipe formada por estudantes e professores de arquitetura do Centro Universit�rio Newton Paiva, de BH, est� encarregada da execu��o, trabalho que compreender� tamb�m a planilha de custos. O servi�o vai contemplar as partes de engenharia, elementos art�sticos e entorno do templo.

PORTA DE ENTRADA DE BANDEIRANTES

Conforme pesquisa do Memorial da Arquidiocese de Belo Horizonte, o Vale do Paraopeba foi a entrada aos sert�es das Minas pela bandeira de Fern�o Dias Paes Leme. Ao longo do caminho, v�rios integrantes da bandeira estabeleceram povoamentos que se tornaram, com o tempo, pontos de abastecimento e hospedagem para viajantes. A bandeira conduzida por Paes Leme, acompanhado do mestre de campo Matias Cardoso, do genro Manoel de Borba Gato e do filho Garcia Rodrigues Paes, chegou � regi�o em 1675, como relata Diogo de Vasconcelos: “Passada a esta��o das chuvas, em mar�o do ano seguinte, dirigiram-se os bandeirantes em dire��o � Serra da Borda e atravessaram a regi�o do campo, entrando na do Paraopeba (Piraipeba, rio do Peixe Chato), onde fundaram o segundo arraial (Santana).”

A pesquisa diz ainda que “em cada n�cleo de povoamento foi colocada uma pessoa de confian�a do chefe bandeirante. Seu filho, Garcia Rodrigues Paes, administrou a feitoria de S�o Pedro do Parahypeba (atual Santana do Paraopeba). Em seguida � funda��o da feitoria, Manuel Teixeira Sobreira e seu s�cio Manuel Machado fizeram pedido de concess�o de sesmaria em S�o Pedro do Parahypeba e, em 1735, ergueram a Capela de Santana, conforme provis�o de 4 de mar�o de 1750”.

E mais: “Em 1823, a capela era filial de Congonhas, tendo como capel�o o padre Domingos Ribeiro de Sousa. Em 1865, foi elevada a freguesia pela Lei nº 1.254, de 25 de novembro, tornando-se, ent�o, sede da par�quia. At� 1880, devido a raz�es pol�ticas, a sede da par�quia alternou-se sucessivas vezes entre Santana do Paraopeba e S�o Gon�alo, vinculando-se, ent�o, definitivamente, a S�o Gon�alo. O terreno onde se erigiu a capela foi doado legalmente, conforme escritura passada em 2 de setembro de 1925, por Ant�nio Vieira dos Santos e sua mulher, N�vea da Concei��o Braga”.

FASES
O tempo apresenta fases distintas: barroca (de 1735 a 1920) e ecl�tica (de1920 a 1929). Neste �ltimo ano, foram feitas “reformas substanciais”, divididas em dois anos cr�ticos, sendo 1920 o primeiro, segundo o Livro de Tombo, quando a capela foi “retocada”. Em 1929, houve uma grande interven��o, “que transformou a fachada original, abriu os arcos e inseriu ornatos contrastantes nas fachadas, embora a inscri��o refeita ainda mostre a data da constru��o, 1735”.


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