
“Acho que a vida agora vai melhorar cem por cento.” O al�vio da lavadeira Terezinha Gra�a dos Santos, de 56 anos, tamb�m � sentido por outros milhares de moradores de Montes Claros ( Norte de Minas) com a normaliza��o da chegada �s casas de um elemento b�sico: �gua. A Copasa anunciou na manh� ontem o fim do racionamento de �gua da cidade, onde a popula��o de 404, 8 mil habitante, sofria com a restri��o havia quase tr�s anos.
O rod�zio no fornecimento de �gua foi iniciado em outubro de 2015, devido � redu��o do volume da Barragem do Rio Juramento/Sistema Rio Verde Grande, respons�vel por 65% do abastecimento da popula��o do munic�pio. Na ocasi�o, devido � falta de chuvas na regi�o, o n�vel do reservat�rio caiu para 15% da capacidade, o mais baixo da hist�ria desde que foi constru�do (em 1982).
Para amenizar o problema, em agosto de 2017, a Copasa iniciou a constru��o de uma obra emergencial, uma adutora para capta��o no Rio Pacu�, a 56 quil�metros de Montes Claros, no munic�pio de Cora��o de Jesus. Ontem, a companhia anunciou que o fim do racionamento – a empresa sempre prefere a denomina��o “rod�zio” –se deve ao in�cio da opera��o do Sistema Pacu�, cujos investimentos somaram R$ 88 milh�es. Disse ainda que outras medidas contribu�ram para regularizar o atendimento � popula��o, como a abertura de po�os tubulares e a redu��o de perdas.
A lavadeira Terezinha, que mora no Conjunto Chiquinho Guimar�es, �rea carente na Regi�o Sul da cidade, conta que recorre tamb�m a uma cisterna em casa. “Para lavar roupa para outros, n�o d� para usar �gua s� da Copasa, porque a conta fica cara”, justifica. “Mas na �poca da seca, a cisterna baixou e sofremos muito com a falta de �gua”, disse a mulher, lamentando que tamb�m teve preju�zos financeiros com o racionamento, perdendo clientes. Ela comemorou muito a regulariza��o do abastecimento. “A gente fica aliviada de saber que n�o vai ter mais o transtorno de faltar �gua em casa”, diz Terezinha, acrescentando que espera “nunca mais” se valer de dois tambores pl�sticos que usou para armazenar �gua em casa durante o rod�zio no per�odo cr�tico da seca.
O superintendente do Operacional Norte da Copasa em Montes Claros, Roberto Botelho, explica que para normalizar o abastecimento de �gua na cidade, al�m da obra do Rio Pacu�, a companhia abriu 22 po�os tubulares e investiu em um programa de redu��o de perdas na tubula��o, que reduziu o desperd�cio em 8% – o �ndice caiu de 38% para 30%. Segundo Botelho, durante os quase tr�s anos de rod�zio, a cidade estava recebendo em torno de 600 litros de �gua por segundo. Com a regulariza��o do abastecimento, a popula��o voltou a receber uma vaz�o total de 850 litros por segundo.

Ainda de acordo com Botelho, o Sistema Pacu� est� fornecendo para Montes Claros 150 litros de �gua por segundo. A Copasa tem outorga para captar no Rio Pacu� at� 345 litros por segundo, mas sempre com a obriga��o de deixar uma vaz�o m�nima no manancial de 399 litros por segundo, para n�o faltar �gua para os moradores ribeirinhos.
Roberto Botelho informou que, atualmente, est�o sendo captados 400 litros por segundo da Barragem do Rio Juramento, que est� com 27,5% de sua capacidade – no mesmo per�odo do ano passado, o �ndice era de 22%. Montes Claros � abastecida ainda pelo Sistema Porcos/Pai Jo�o/Lapa Grande (200 a 250 litros por segundo) e 22 po�os tubulares (100 litros por segundo), alguns dos quais contam sistemas de tratamento, sendo usados para o atendimento de moradores dos bairros pr�ximos de sua localiza��o.
O superintendente destacou ainda que a Copasa iniciou a elabora��o do projeto executivo para um sistema que visa � capta��o de �gua no Rio S�o Francisco para o abastecimento de Montes Claros, a uma dist�ncia de 147 quil�metros, em um ponto de capta��o no munic�pio de Ibia�, abaixo da foz do Rio das Velhas. A obra est� or�ada em R$ 180 milh�es e a �gua do Velho Chico dever� chegar em Montes Claros em 2021, segundo Botelho.Ser�o constru�dos mais 91 quil�metros de rede.
No fim de julho, a Prefeitura de Montes Claros renovou contrato de concess�o com a Copasa para presta��o de servi�os de �gua e esgoto, prorrogado por 30 anos, sem licita��o. A capta��o no Rio S�o Francisco est� inclu�da no contrato e prev� investimentos de R$ 700 milh�es.