
O rito da Santa S� para abertura do processo – tecnicamente denominado “inqu�rito”, conforme destacou o postulador da Causa dos Santos da Santa S� Apost�lica, o italiano Paolo Vilotta – teve in�cio �s 14h20, com a forma��o do tribunal que vai investigar a vida e legado do candidato a beato. “Trata-se da fase diocesana e n�o sabemos quanto tempo vai durar. Nesse per�odo, ser� investigada a exist�ncia de um milagre concedido por intercess�o de Monsenhor Domingos. Passada essa etapa, vem a fase romana”, disse dom Walmor. Participam do grupo, al�m do arcebispo e do postulador, monsenhor Geraldo Calixto, padre Fernando C�sar do Nascimento, reitor do Santu�rio Bas�lica Nossa Senhora da Piedade – Padroeira de Minas Gerais e agora promotor de Justi�a no inqu�rito, e os “not�rios e atu�rios”, professora Bet�nia Diniz Gon�alves e �lvaro Luiz Carvalho da Cunha.
Ap�s a assinatura, em documento oficial, de todos os integrantes do tribunal, e o juramento de que manter�o sil�ncio sobre o transcorrer do processo, a multid�o que lotou a bas�lica, ex-Igreja Nova das Romarias, p�de ver o sarc�fago contendo os restos mortais de Monsenhor Domingos, fundador, em 1892, da Irmandade Nossa Senhora da Piedade, que deu origem � Congrega��o das Irm�s Auxiliares de Nossa Senhora da Piedade (Ciansp). A caixa de madeira fica no jazigo do Asilo S�o Lu�s ou Recanto Monsenhor Domingos, localizado aos p�s da Serra da Piedade, e tamb�m obedeceu ao rito da Santa S�. Foi levada para o templo no alto do maci�o, esteve no altar, durante a missa das 15h, e depois retornou em prociss�o ao local de origem no carro do Corpo de Bombeiros. No asilo, viveu a Irm� Benigna Victima de Jesus (1907-1981), cujo processo de beatifica��o aberto em 2011 tramita na Santa S� desde 2013.

� frente de uma caravana de professores, estudantes e funcion�rios da rede de escolas dirigidas pela Congrega��o das Irm�s Auxiliares de Nossa Senhora da Piedade, a madre geral, Teresa Cristina Leite, ressaltou que o mais importante no legado de Monsenhor Domingos se refere �s quest�es defendidas por ele muito atuais no mundo contempor�neo, como a luta contra o racismo e ajuda aos pobres. “Trabalhou para a dignidade humana, lutou contra a escravid�o. O que fez n�o tem a ver com assistencialismo, mas com acolhimento. Muitas das escravas que defendeu se tornaram professoras”, disse a religiosa.
Um dos feitos marcantes de Monsenhor Domingos foi acolher meninas libertas pela Lei do Ventre Livre, na institui��o de ensino criada por ele. Embora livres, essas crian�as estavam em situa��o dif�cil, pois seus pais ainda eram escravos. Sensibilizado, e com o prop�sito de contribuir para a verdadeira liberta��o da popula��o negra, o monsenhor criou o Asilo S�o Lu�s em 1878, formando a primeira turma de professoras negras do Brasil, que continuaram o trabalho de forma��o das crian�as no asilo. “No cora��o de Monsenhor Domingos surgiu o apelo evang�lico de trabalhar, continuamente, o processo de convers�o para transformar, por dentro, as estruturas da sociedade, para se respeitar e promover a dignidade”, disse a madre geral.
A religiosa, que veio do Rio de Janeiro (RJ), informou que h� registros de milagres concedidos por intercess�o do fundador da congrega��o. O primeiro ocorreu ainda no s�culo 19, quando um grupo de irm�s se queixou de que n�o havia nada para comer e distribuir aos necessitados. Com tranquilidade, o monsenhor pediu que elas voltassem � cozinha, e, para surpresa geral, as panelas estavam cheias de comida. Outro milagre diz respeito � cura de uma religiosa da congrega��o.