Colis�es frontais nas estradas causam uma morte a cada 2,4 acidentes em Minas

 

A viol�ncia da batida entre uma carreta e dois carros na �ltima ter�a-feira na BR-040, em Conselheiro Lafaiete, na Regi�o Central de Minas, voltou a ligar o alerta para as temidas colis�es frontais, tipo de acidente mais letal nas rodovias brasileiras. Primeiro, o ve�culo pesado atingiu a traseira de um carro de passeio, mas depois invadiu a contram�o e acertou em cheio outro carro, matando as cinco pessoas que estavam no ve�culo menor. Enquanto cada acidente nas rodovias federais que cortam Minas Gerais matam, em m�dia, uma pessoa a cada 15 batidas no geral, no caso das colis�es frontais o risco � muito maior. De janeiro a junho deste ano foram 253 acidentes desse tipo, com 105 mortos, o que significa uma morte a cada 2,43 batidas de frente. E apesar de a m�dia mensal de colis�es frontais estar menor em 2018 em compara��o com o ano passado, este ano as mortes por esse tipo de acidente est�o mais representativas no quadro geral das v�timas.

Dados da Pol�cia Rodovi�ria Federal em Minas Gerais (PRF/MG) mostram que, em 2017, foram 756 batidas de frente com 289 mortos, um a cada 2,69 acidentes e m�dia mensal de 24 vidas perdidas nos impactos frontais entre ve�culos. Esses �bitos representaram, no ano passado, 33,25% de todas as mortes que aconteceram nas BRs mineiras sob responsabilidade da PRF. De janeiro a junho deste ano, a tend�ncia � de queda na quantidade de ocorr�ncias, j� que os 105 �bitos por batidas de frente em seis meses significam 17,5 mortes por m�s. Por outro lado, todas as vidas que se foram nesse tipo de acidente representam 34,53% das 304 mortes gerais registradas nas rodovias federais mineiras em 2018, o que confere uma representatividade ligeiramente superior ao cen�rio do ano passado.

Segundo o Corpo de Bombeiros, na ter�a-feira passada, em Conselheiro Lafaiete, testemunhas contaram que o acidente aconteceu depois de uma batida entre uma carreta e um carro. O caminh�o seguia em dire��o a Belo Horizonte quando bateu na traseira de um Fiat Uno, jogando o ve�culo menor em uma ribanceira. Em seguida, a carreta foi para a contram�o, acertando de frente um Renault Logan, matando na hora quatro homens e uma mulher que estavam no carro de passeio. Segundo o inspetor Aristides J�nior, que � chefe do N�cleo de Comunica��o Social da PRF em Minas, na maior parte das vezes as colis�es frontais s�o causadas por ultrapassagens indevidas ou velocidade incompat�vel, seja separadamente ou pelo somat�rio de ambos, sempre aliado � falta de aten��o. Em 2017, por exemplo, a PRF aplicou mais de 31 mil multas para condutores que fizeram ultrapassagens desrespeitando a faixa dupla cont�nua, m�dia de 85 flagrantes por dia.



EXCESSO DE VELOCIDADE Tamb�m � grande o n�mero de flagrantes por excesso de velocidade nas rodovias federais que cortam o estado, com base nos dados de 28 radares m�veis da PRF e tamb�m de equipamentos fixos em que j� existe conv�nio firmado entre concession�rias de rodovias e a corpora��o. Em 2017, por exemplo, foram 250.375 multas por esse tipo de infra��o, levando em considera��o todos os tipos de excesso de velocidade estipulados pelo C�digo de Tr�nsito Brasileiro (CTB). Isso significa m�dia de uma multa a cada dois minutos.

“Nas rodovias de pista simples se torna mais comum porque n�o existe nenhuma barreira impedindo que o ve�culo passe para a pista contr�ria e acabe colidindo com o outro no sentido contr�rio”, afirma o policial. Para diminuir as colis�es frontais, o inspetor aponta a necessidade de evitar as ultrapassagens indevidas e respeitar os limites de velocidade. Segundo ele, a duplica��o da rodovia � um fator que contribui diretamente para diminui��o desse tipo de acidente, apesar de ainda assim existir registros de casos.

Para o consultor em transportes e tr�nsito Silvestre de Andrade, a duplica��o � importante essencialmente nas rodovias que j� enfrentam problemas de capacidade, caso da BR-040 entre BH e Juiz de Fora, trecho onde ocorreu a batida com cinco mortos na �ltima ter�a-feira. “Nas rodovias onde h� excesso de demanda, e por isso falta capacidade, a duplica��o minimiza o problema da ultrapassagem indevida e tira o risco da colis�o frontal”, afirma o especialista. Junto a quest�o do gargalo trazido pela falta de capacidade est� a presen�a massiva de ve�culos pesados, como caminh�es, j� que o transporte rodovi�rio � a principal forma de circula��o de cargas no Brasil, e �nibus. Com isso, a chance de batidas frontais mais graves � maior e por isso morrem mais pessoas, conforme o especialista. “No Brasil, temos um tr�fego de ve�culos pesados muito intenso e isso aumenta a severidade dessas batidas de frente”, completa.