Moradores de Belo Horizonte que t�m o costume de passar com frequ�ncia pela Pra�a da Liberdade e tamb�m os turistas que visitam a capital mineira j� observam, al�m das obras de reforma do cart�o-postal, mais uma novidade na regi�o. Detentos do regime semiaberto do sistema prisional mineiro come�aram a trabalhar nas novas pinturas das fachadas de dois pr�dios que fazem parte do Circuito Cultural Pra�a da Liberdade, cujo conjunto, do in�cio do s�culo passado, foi tombado em 1977. A revitaliza��o ocorre no Museu Mineiro e no Arquivo P�blico Mineiro, que ganhar�o cores escolhidas por vota��o popular. Depois que forem conclu�das as duas pinturas, ser� aplicado o mesmo servi�o no chamado Pr�dio Verde da Pra�a da Liberdade, que abrigou a antiga Secretaria de Via��o e Obras P�blicas do estado e ser� sede da Casa do Patrim�nio de Minas Gerais, novo edif�cio a ser inaugurado no circuito cultural da pra�a.
“Ser�o duas cores de refer�ncia em cada um dos pr�dios. A cor original e uma cor com que eles foram pintados pelo maior n�mero de vezes, decididas por vota��o popular. Teremos um tom mais alaranjado para o museu mineiro e um tom mais rosado para o Arquivo P�blico”, detalha a presidente do Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de Minas Gerais (Iepha/MG), Michele Arroyo. Ainda segundo ela, no caso do Pr�dio Verde, o tom que d� apelido ao edif�cio ser� predominante. Al�m disso, haver� pinturas novas nos muros (rosa) e nas grades (met�lico) do Pal�cio da Liberdade. Parcerias com as empresas Coral, Casa & Tinta, Grupo Orguel e com o Sindicato da Ind�stria da Constru��o Pesada de Minas Grais (Sicepot/MG) viabilizaram as pinturas, por meio do programa Tudo de Cor.
Uma das situa��es mais celebradas pelos envolvidos no projeto � o fato de que o trabalho � feito por presos do regime semiaberto. Entre eles est�o Paulo Anderson Guimar�es, condenado � pris�o por roubo. Segundo ele, o v�cio no crack o fez partir para os assaltos e por isso acabou parando na cadeia. Mas o regime semiaberto e o bom comportamento no per�odo de confinamento deram a ele a possibilidade de trabalhar fora, o que acontece, segundo a Secretaria de Estado de Administra��o Prisional (Seap), com 19 mil detentos que cumprem pena em Minas Gerais. “Participar desse projeto � uma experi�ncia �nica e espero sair daqui com uma profiss�o e um emprego de restaurador, por meio de uma boa oportunidade. Tenho filha e esposa, e penso muito nelas hoje. A �nica coisa que penso � dar uma vida melhor para elas”, afirma Paulo.
REINSER��O A subsecret�ria de Humaniza��o do Atendimento da Seap, Louise Bernardes, lembra que todo preso vai voltar para o conv�vio social e por isso o objetivo � refor�ar pol�ticas para que ajudem nessa reinser��o. “O legal desse projeto especificamente � que a gente consegue mostrar para a sociedade que as pessoas que est�o ali cumprindo pena s�o pessoas, s�o seres humanos que v�o voltar para a sociedade, e nosso intuito � que voltem melhor do que entraram”, afirma. Uma das pessoas que viabilizaram a parceria foi o empres�rio Julio Gomes Ferreira, propriet�rio da Casa & Tinta. “Esse projeto nos permite regatar e preservar o que temos de importante no nosso patrim�nio cultural”, diz ele. A coordenadora de sustentabilidade da Coral, Fl�via Takeuchi, diz que j� h� negocia��es para expans�o da parceria, de forma a atingir outras revitaliza��es na Pra�a da Liberdade. “A gente fica muto orgulhoso de apoiar essa repintura para valorizar o patrim�nio que temos. Trazer cor � trazer vida para as pessoas”, completa.
A vez do pedestre
Embora as obras estejam redesenhando parte do sistema vi�rio, n�o haver� mudan�as do tr�nsito no entorno da Pra�a da Liberdade. A presidente do Iepha/MG, Michele Arroyo, antecipa que a proposta � garantir mais seguran�a e acessibilidade aos pedestres. “O tr�nsito n�o muda. O que est� sendo feito � um ajuste para maior conforto do pedestre e tamb�m para melhorar a travessia na Pra�a da Liberdade. O projeto prev� a melhoria da acessibilidade universal e a gente tinha um gargalo na frente do Pal�cio, que � o passeio muito estreito, que at� dificulta a manuten��o dos postes originais, e o passeio da Pra�a da Liberdade, que terminava j� com a plantas, sem ter �rea de circula��o do pedestre. O que est� sendo ajustado ali � o canteiro central. V�o ser plantadas seis palmeiras integrando a pra�a com o pal�cio e consertando as travessias”, detalha.