Minas ter� uma nova etapa da campanha de resgate dos bens culturais desaparecidos e, desta vez, o s�mbolo ser� a imagem de Santo Onofre, pe�a do s�culo 18 furtada h� 24 anos do Museu Diocesano Dom Jos� Medeiros Leite, de Oliveira, na Regi�o Centro-Oeste, e devolvida espontaneamente em agosto, em S�o Paulo. A proposta � da superintendente em Minas do Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan), C�lia Corsino, que conversou a respeito do assunto com o bispo diocesano de Oliveira, dom Miguel �ngelo Freitas Ribeiro, e tamb�m com o secret�rio de estado da Cultura, Angelo Oswaldo.
A ideia � expor a partir da pr�xima semana a pe�a sacra de madeira, com 15,5 cent�metros de altura, no Museu Mineiro, vinculado � Superintend�ncia de Museus e Artes Visuais (Sumav) da Secretaria de Estado da Cultura e integrante do Circuito Liberdade, na Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte. A pe�a dever� ficar em uma vitrine, para ser contemplada pelos visitantes. “Ser� algo bem singelo. O Museu Mineiro foi escolhido devido �s importantes cole��es que guarda”, afirma C�lia Corsino, que tamb�m conversou sobre o assunto com a superintendente da Sumav, Andr�a de Magalh�es Matos.
Para compor o acervo, a diocese colocar� em exposi��o outras pe�as do seu patrim�nio. “Esperamos que Santo Onofre ajude Minas a recuperar seus bens. Permita Deus”, afirmou dom Miguel �ngelo. O secret�rio Angelo Oswaldo tamb�m est� confiante e d� total apoio � proposta da superintendente do Iphan. “A campanha ter� um protetor especial, Santo Onofre”, disse o secret�rio, lembrando que, pela f� popular, o santo socorre as pessoas e as ajuda a encontrar objetos perdidos. “Esperamos que, agora, ajude na recupera��o do patrim�nio de Minas.”

MARCO SAGRADO A devolu��o da imagem de Santo Onofre em S�o Paulo e exposi��o em Belo Horizonte ganha contornos mais amplos, j� que Minas lembra, em 2018, os 15 anos da grande campanha para resgate das pe�as sacras desaparecidas de igrejas, capelas e museus, ficando como marco os “Anjos de Santa Luzia”, retirados por ordem judicial de um leil�o no Rio de Janeiro (RJ) ap�s den�ncia do Estado de Minas.
As autoridades mineira ainda procuram 734 pe�as desaparecidas. Na lista, com objetos sumidos desde 1848, h� muitas atribu�das a Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1738-1814), o “mestre do barroco”, cujos 280 anos de nascimento s�o lembrados este ano. No per�odo de campanha, foram encontradas e devolvidas 269 pe�as e aguardam decis�o judicial mais de 250, fruto de apreens�es do Minist�rio P�blico, pol�cias Federal, Militar e Civil ou entregues espontaneamente.
Conforme declarou ao Estado de Minas a titular da Coordenadora das Promotorias de Justi�a de Defesa do Patrim�nio Cultural e Tur�stico/Minist�rio P�blico de Minas Gerais (CPPC/MPMG), Giselle Ribeiro de Oliveira, o MP trabalha para devolver as pe�as a seus lugares de origem. “N�o h� alegria maior, pois os moradores nunca perdem a esperan�a de rever seus objetos de devo��o”, resume.
RETORNO A imagem de Santo Onofre, por enquanto, est� na superintend�ncia do Iphan, a Casa do Conde, no conjunto da Pra�a Rui Barbosa (Esta��o), em Belo Horizonte. Ao apresentar a pe�a, o restaurador Andr� Lu�s de Andrade disse que ela n�o mostra danos que exijam interven��o antes de ser exposta ou devolvida � diocese de Oliveira. Junto com a imagem entregue ao porteiro da superintend�ncia paulista do Iphan, a pessoa n�o identificada deixou um bilhete em papel branco, apenas com a palavras “Igreja de Oliveira M.G.”, escritas em azul. Por medida de seguran�a, um funcion�rio da institui��o em S�o Paulo esteve em BH para trazer a rel�quia no dia 11.
A identifica��o da pe�a se tornou poss�vel gra�as ao blog patrimoniocultural.blog.br, da CPPC/MPMG, que mant�m um banco de dados atualizado constantemente e dispon�vel � popula��o. Na busca no endere�o eletr�nico, a equipe do Iphan, na capital paulista, encontrou informa��es necess�rias para fazer sua parte. De acordo com informa��es do instituto, a imagem foi entregue enrolada em pl�stico bolha, dentro de uma sacola de papel.
FA�A CONTATO Qualquer informa��o sobre as pe�as desaparecidas deve ser comunicada aos �rg�os competentes. Veja como fazer: Minist�rio P�blico de Minas Gerais, via Coordenadoria das Promotorias de Justi�a de Defesa do Patrim�nio Cultural e Tur�stico (CPPC) – Pelo telefone (31) 3250-4620 ou pelo e-mail [email protected] ou carta para Rua Timbiras, 2.941, Bairro Barro Preto, Belo Horizonte, CEP 30.140-062. Iphan – Pelos telefones (31) 3222-2440 / (61) 2024-6342 / (61) 2024-6355 / (61) 2024-6370 ou pelos e-mails [email protected], [email protected] ou [email protected] Iepha – Pelos telefones (31) 3235-2812 e (31) 3235-2813 ou no site www.iepha.mg.gov.br
Ermitad
Patrono da cidade de Munique, na Alemanha, do Principado de M�naco, dos tecel�es e de quem busca a casa pr�pria, Santo Onofre tem seu dia comemorado em 12 de junho. Nascido no s�culo 3, em terras da atual Eti�pia, na �frica, � considerado tamb�m “santo forte” para quem quer abandonar o v�cio do �lcool. Segundo a tradi��o, seu pai, um pr�ncipe eg�pcio, jogou-o nas chamas, quando ele era crian�a, para comprovar se se tratava de um filho bastardo. O Livro dos Santos, de Noem� Marcos Alba, conta que “Deus n�o quis que sofresse dano algum, e as chamas n�o lhe causaram nada”. Criado num mosteiro, Onofre, ao atingir a idade adulta, renunciou a seus direitos de pr�ncipe: “Na Capad�cia, atual Turquia, encontrou uma cova e nela viveu por 60 anos”. Durante as medita��es, o ermit�o se alimentava de t�maras e �gua. Teve um disc�pulo chamado Paf�ncio que, em sua �ltima visita, encontrou o ermit�o muito enfermo e agonizante. “Chegou a tempo de lhe dar a eucaristia e permaneceu a seu lado at� o momento da morte.” Anos mais tarde, Paf�ncio teria escrito a biografia de Onofre, que � representado como um “anci�o com barba e longos cabelos, corpo muito delgado, sem roupa e afastado do mundo”.
Devolu��es espont�neas
As autoridades mineiras registram outras entregas volunt�rias de bens culturais, religiosos ou n�o. Conhe�a algumas:





