
Eles sa�ram cedo de casa para levar solidariedade, e � tarde mostravam com satisfa��o na pele do bra�o o “carimbo da vida”, cientes do dever cumprido e prontos para a pr�xima miss�o. Caravana formada por 20 pessoas de Ressaquinha, na Regi�o Central de Minas Gerais, a 154 quil�metros de Belo Horizonte, passou ontem o dia na capital para doar sangue em nome da conterr�nea Fl�via Aparecida de Assis Ara�jo, de 38 anos, internada h� 10 dias no Hospital Fel�cio Rocho, no Bairro Barro Preto, Regi�o Centro-Sul da capital. Casada com o analista de sistemas Carlos Henrique Coimbra Possa e residente em BH, Fl�via fez um transplante de rins e p�ncreas. “O de p�ncreas n�o deu certo, houve complica��es. S� num dia, ela precisou de sete bolsas de sangue”, informou o primo de Fl�via, professor Amin Feres.
O grupo foi organizado na tarde de segunda-feira pela amiga de Fl�via, a administradora Ana Carolina Ananias, natural de Ressaquinha e moradora de Barbacena, distante 19 quil�metros e na mesma regi�o do estado. “Temos um grupo de doares de sangue pelo Whatsapp e sempre fazemos as mobiliza��es. Ontem (segunda-feira), ao saber que Fl�via estava precisando com urg�ncia, entrei em contato com algumas pessoas tamb�m de outro grupo – algumas nem conhecem a Fl�via. S� sei que, em cinco horas, conseguimos juntar a turma”, contou. Al�m da rede social, a organizadora foi arregimentando mais gente pelo caminho, a exemplo de Eduardo Felipe Hon�rio de Paiva, de 22. “Estava com um amigo, e, como ele n�o p�de vir a BH, aceitei o convite”, contou o jovem, que atualmente est� desempregado.
Doador h� mais de quatro d�cadas, o carioca filho de uma m�e mineira, Jos� Maria de Castro Soares, de 65, fez quest�o de vir no �nibus fornecido pela Prefeitura de Ressaquinha, via Secretaria Municipal de Sa�de. “� muito importante esse ato volunt�rio. Comecei a doar sangue quando trabalhava numa grande empresa e n�o parei mais. Vou continuar at� o dia que permitirem”, disse o aposentado, casado, pai de dois filhos e av� sete vezes. Para Jos� Maria, o fundamental est� tem gostar de fazer, de agir espontaneamente. “Nunca precisei de doadores de sangue, mas fico feliz em ajudar.”

M�dico-veterin�rio, Matheus Eug�nio Sabar� Possa, de 27, primo do marido de Fl�via, estava ontem na sua segunda vez de doador solid�rio. Na opini�o dele, o ato tem grande significado para a sociedade. “Acho que muita gente fica reclamando de tudo, criticando, enquanto deveria valorizar mais a vida e participar de a��es deste tipo.” Ao lado, o servente de pedreiro Adalto Liriano de Almeida, de 36, solteiro, tamb�m ressaltou a necessidade do ato volunt�rio para cooperar com amigos ou desconhecidos. “Aprendi com meus pais a ser solid�rio”, resumiu. J� a dona de casa Maria das Gra�as Copertino da Silva, de 50, com tr�s filhos e uma neta, s� lamenta que em determinados locais haja tanta burocracia na hora de doar. “Aqui foi tudo perfeito”, elogiou.
Na despedida, Ana Carolina disse ser fundamental fazer um agradecimento “ao povo de Ressaquinha, que � acolhedor e dono de um grande cora��o”. Ela contou um pouco da sua hist�ria: “Em janeiro do ano passado, recebi a doa��o de uma c�rnea. Em dezembro, doei meu cabelo, no Hospital Mario Pena, para fazer perucas para pacientes com c�ncer”. Na tela do celular, mostrou uma foto mais antiga, com os fios louros at� a cintura.