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Estado de Minas

Pastel de S�o Jos� � reconhecido como bem cultural de Nova Era

Iguaria tem sua hist�ria ligada � restaura��o da Matriz de S�o Jos� da Lagoa e leva o nome do santo


postado em 02/11/2018 10:00 / atualizado em 02/11/2018 12:29

(foto: PREFEITURA DE NOVA ERA/DIVULGAÇÃO)
(foto: PREFEITURA DE NOVA ERA/DIVULGA��O)

Recheio de preserva��o, tempero de solidariedade e sabor da terra natal. O Conselho Municipal de Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de Nova Era (Comphane) reconheceu um salgado bem querido na cidade, o Pastel de S�o Jos�, como bem cultural imaterial. Produzido h� quase 30 anos, a iguaria de massa caseira, nas vers�es carne e queijo, est� ligada ao restauro da Matriz de S�o Jos� da Lagoa, joia barroca que, no pr�ximo dia 10, ter� lembrados os 250 anos da primeira ben��o do templo.

“Mais do que um alimento, o Pastel de S�o Jos� � s�mbolo de resist�ncia cultural”, resume Elv�cio Est�quio da Silva, pesquisador da hist�ria de Nova Era. Ele conta que tudo come�ou em 16 de dezembro de 1987, com a cria��o da Casa da Cultura que, no ano seguinte, come�ou a campanha para interven��es na igreja, ent�o necessitada de obras. Na �poca presidente do equipamento cultural, Elv�cio recorda o momento de dificuldades: “Iniciamos a SOS Matriz para obter recursos, e a comunidade ficou muito sensibilizada, disposta a ajudar. Surgiram v�rias a��es solid�rias, entre elas os almo�os promovidos por um grupo de senhoras do Bairro Manja�”.

Em 1991, Terezinha Souza de Ara�jo come�ou a fazer os past�is para ajudar nas obras da igreja. “No governo de Fernando Collor de Melo (presidente do Brasil de 1990 a 1992), quando houve o confisco nas cadernetas de poupan�a, ficamos sem renda. T�nhamos muitos compromissos para saldar, e foi o dinheiro do pastel que nos salvou”, afirma. Ele ressalta que, em torno da produ��o do salgado, a comunidade se reunia para falar sobre o projeto de restaura��o, discutir os rumos do trabalho e trocar ideias. Por isso � um s�mbolo”.

MARCA Satisfeita com o reconhecimento pelo conselho municipal, Terezinha afirma que o pastel ficar� como a marca de um tempo. “Sou nascida aqui, me criei perto da igreja. A gente passa, mas ficam os filhos, os netos. Fico feliz de ter participado desse momento. A matriz � nosso tesouro. Na �poca, ela precisava de restaura��o urgente, encontrava-se em estado bem prec�rio. A experi�ncia deu certo, ent�o continuamos com a ‘m�o na massa’ at� hoje”, acrescenta.

No in�cio, nem tudo foi simples. “N�o tinha nem ideia de como fazer o pastel, ent�o pedi ajuda a uma amiga que trabalhava em lanchonete. Fui pegando o jeito at� acertar, principalmente na melhor forma de abrir a massa”, afirma Terezinha, casada, com quatro filhos e tr�s netos. Ela lembra que o dinheiro das vendas era aben�oado e rendia muito. “Quando come�aram as obras, ajud�vamos at� os restauradores, que, muitas vezes, n�o tinham o dinheiro para a passagem de �nibus”.

Todas as quartas-feiras, o salgado � vendido, � noite, depois da missa na matriz, embora a maior produ��o ocorra nos festejos de S�o Jos�, de 10 a 19 de mar�o. Nessa �poca, recebendo doa��es de farinha de trigo, �leo, manteiga e outros ingredientes, Terezinha e ajudantes chegam a produzir 100 quilos de massa. “Hoje n�o dou mais conta de abrir tudo isso sozinha. O osso vai enfraquecendo”, revela com bom humor.

O funcion�rio da Secretaria de Cultura, Albany J�nior Dias, destaca o valor do pastel e sua incorpora��o � cultura local. “A cada ano, cresce a participa��o de ‘filhos’ de Nova Era, que moram em outras cidades, na festa de S�o Jos�. Chegam tamb�m os turistas e pessoas em excurs�o interessadas em degust�-lo”, afirma Albany. “Os conselheiros, em unanimidade, constataram a import�ncia do Pastel de S�o Jos� como �cone de cultura, tradi��o e servi�os em prol do patrim�nio.”

O conceito de patrim�nio cultural imaterial, conforme a Organiza��o das Na��es Unidas para a Educa��o, a Ci�ncia e Cultura (Unesco) � o seguinte: “S�o pr�ticas, representa��es, express�es, conhecimentos e t�cnicas – junto com instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes s�o associados – que as comunidades ou grupos, e, em alguns casos, os indiv�duos reconhecem como parte integrante de seu patrim�nio cultural”. E mais: “Este patrim�nio cultural imaterial, que se transmite de gera��o em gera��o, � constantemente recriado pelas comunidades e grupos, em fun��o de seu ambiente, de sua intera��o com a natureza e de sua hist�ria, gerando um sentimento de identidade e continuidade e contribuindo para promover o respeito � diversidade cultura e � criatividade humana”.


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