
Apura��o do Departamento Estadual de Investiga��o de Crimes contra o Patrim�nio (Depatri), da Pol�cia Civil em Belo Horizonte, liga o alerta para compra e venda de telefones celulares roubados feitas em sites de com�rcio eletr�nico.
Policiais da 2ª Delegacia de Furtos e Roubos do Depatri est�o no encal�o de uma quadrilha que pode estar ligada a pelo menos quatro ataques desde o ano passado na Grande BH, somando mais de 200 aparelhos roubados de lojas em shoppings ou galerias comerciais da regi�o metropolitana.
Em um dos casos, dos 49 smartphones roubados de uma autorizada que funciona em um centro de compras do Bairro Santa Efig�nia, Leste da capital, em abril deste ano, 12 j� est�o com os investigadores, todos comercializados pelos ladr�es pelo site OLX.
Um dos trunfos para refazer o caminho dos aparelhos e identificar os integrantes da quadrilha � a tecnologia, por meio do monitoramento dos celulares e localiza��o de quem os comprou. A investiga��o aponta que, no caso dos aparelhos j� rastreados, a maioria das pessoas foi realmente enganada, mas o inqu�rito ainda vai definir as responsabilidades de cada uma.
Segundo o delegado Gustavo Barletta, que comanda o trabalho no Depatri para identificar e prender a quadrilha, a Pol�cia Civil trabalha com a possibilidade de que um grupo com pelo menos seis pessoas atua no roubo e venda de celulares, sendo que dois criminosos, que j� foram identificados, atuam mais na linha de frente. Um deles � investigado por envolvimento direto nos roubos, respons�vel por abordar funcion�rios de lojas de telefone de maneira violenta. O segundo atua no entorno das cenas de crime e tamb�m na articula��o do com�rcio eletr�nico.
As apura��es ainda est�o em andamento, mas investigadores desconfiam que o mesmo grupo tenha liga��o com diferentes assaltos, que n�o necessariamente est�o sendo apurados pela mesma delegacia: quatro roubos a duas lojas de eletr�nicos de uma mesma rede em shoppings da Regi�o de Venda Nova, na capital, e de Contagem, na Grande BH, um roubo a um estabelecimento de uma galeria comercial na mesma cidade, que gerou um preju�zo de R$ 35 mil com 20 aparelhos que foram levados, e o caso do shopping da Regi�o Leste de BH.
O delegado explicou que nesse caso tr�s pessoas entraram na loja autorizada de uma grande marca, em 25 de abril deste ano, em plena luz do dia. Por volta das 11h, renderam funcion�rios mediante amea�as, os colocaram em uma sala e levaram 49 telefones, com pre�os entre R$ 3,5 mil e R$ 4,5 mil, al�m de tablets e outros dispositivos eletr�nicos. A investiga��o levou at� v�rias pessoas que ativaram parte desses telefones, todas intimadas a depor na delegacia, com as quais foram recuperados 12 aparelhos.

O perfil dessas pessoas, segundo o delegado, indica inicialmente que elas teriam sido enganadas, todas adquirindo os celulares pelo site de com�rcio eletr�nico como se fossem mercadoria legalizada.
Um dos compradores conversou com a equipe do Estado de Minas sob a condi��o de se manter em anonimato. Ele explicou que depois de muita pesquisa em lojas, resolveu optar pela compra de um aparelho usado via internet, j� que adquirir um novo n�o caberia em seu or�amento. “Procurava por um Samsung Galaxy S8 e um novo na loja custava cerca de R$ 2,4 mil. O an�ncio na OLX oferecia um em perfeito estado por R$ 1,9 mil. Entrei em contato com o vendedor pelo WhatsApp, pelo n�mero fornecido no site, e combinamos de nos encontrar em um shopping de Contagem”, relatou.
Os investigadores explicam que essa � uma das estrat�gias dos bandidos, justamente para n�o facilitar a identifica��o pessoal em lugares grandes, com grande movimenta��o de pessoas.
O comprador diz ainda que foi ao local acompanhado do irm�o e o vendedor ficou de encaminhar a nota fiscal por e-mail. O n�mero de s�rie do aparelho (IMEI) ainda foi checado em uma lista de bloqueio da Ag�ncia Nacional de Telecomunica��es (Anatel) e, como n�o se verificou nenhum problema, o neg�cio foi concretizado. “Usei o celular normalmente por cinco meses, at� ser chamado pela Pol�cia Civil para prestar depoimento e descobrir que tinha sido v�tima de um golpe e que o celular era roubado”, completa.
Segundo o delegado Gustavo Barletta, um trabalho espec�fico para coibir esse tipo de roubo est� em andamento. “Temos certeza de que essas pessoas j� identificadas e algumas outras se especializaram em cometer esse delito, porque celular � uma coisa que se vende r�pido. Mas, como eles n�o t�m conhecimento t�cnico total, acreditam que na internet conseguem impedir nossa persegui��o. S� que muitas vezes eles precisam entregar pessoalmente o telefone e a� fazemos a liga��o de tudo que temos � disposi��o da investiga��o”, explicou.
O policial explica que os trabalhos de campo d�o subs�dios materiais � investiga��o, principalmente no que se refere � movimenta��o dos criminosos. De outro lado, a tecnologia faz o rastreamento dos aparelhos e apoia os investigadores para se aproximarem ainda mais de ladr�es e vendedores. “A investiga��o � um conjunto de fatos que aponta para determinada dire��o, mas a possibilidade de usar a tecnologia para chegar at� os aparelhos est� sendo muito importante para recuperar os celulares”, acrescenta o delegado.

Comprador pode virar receptador
A Pol�cia Civil espera em pouco tempo prender os integrantes da quadrilha e diminuir esse tipo de roubo na Grande BH.
A corpora��o tamb�m d� dicas para se minimizarem riscos de um neg�cio pela internet. As investiga��es ainda em andamento v�o detalhar a responsabilidade de quem comprou os celulares. Os levantamentos iniciais apontam que essas pessoas realmente foram enganadas, por n�o haver grandes discrep�ncias de valores nas compras, mas o delegado recomenda cuidado aos que t�m costume de fazer compras pela internet, pois recepta��o � crime pass�vel de puni��o, de acordo com o C�digo Penal. “Esse tipo de compra por um valor muito abaixo do mercado � o chamado neg�cio da China. � um neg�cio il�cito, mesmo que n�o tenha o conhecimento do comprador. Eu n�o posso alegar ignor�ncia para me isentar de ser responsabilizado”, completa o delegado.
Em nota, a OLX informou que diariamente s�o inseridos 500 mil an�ncios novos na plataforma, e que toda negocia��o � feita fora do ambiente do site, sem que a empresa fa�a intermedia��o ou participe de qualquer forma das transa��es, feitas diretamente entre usu�rios. “Infelizmente, algumas vezes as ferramentas dispon�veis no mercado s�o utilizadas por terceiros de m� �ndole. A empresa repudia esse tipo de atitude, que vai contra as regras da OLX”, informou. A OLX disponibiliza dicas neste link para evitar neg�cios duvidosos.
Cerco em boxes do Centro de BH
A Pol�cia Militar fez ontem uma opera��o de combate � recepta��o de celulares no Centro de Belo Horizonte. Segundo o Comando de Policiamento da Capital, foram cumpridos 37 mandados de busca e apreens�o em boxes do Shopping Xavantes.
Como resultado, foram apreendidos milhares de aparelhos sem comprova��o de proced�ncia, 31 celulares furtados ou roubados, um ve�culo roubado e 144 inv�lucros carregados de produtos em desacordo com a legisla��o fazend�ria.
Dezesseis pessoas foram presas por recepta��o e uma por ter mandado de pris�o em aberto. Em nota, o shopping informou que a fiscaliza��o dos produtos s� pode ser feita pela pol�cia e que a administra��o colabora com as opera��es.